Cipiar: Dia Mundial da Pessoa Idosa incentiva reflexão sobre o futuro
Refletir sobre a tendência ao envelhecimento da população é um dos objetivos do Dia Mundial da Pessoa Idosa, celebrado hoje, 1° de outubro. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, o número de idosos no Brasil alcançou a marca de 31,2 milhões de pessoas em 2021, representando 14,7% da população. Esses números mostram a referida tendência. Nesse sentido, é necessária uma ampla atuação para dar conta das demandas dessa nova configuração da população.
Em Marabá, o Centro Integrado de Atenção à Pessoa Idosa Antônio Rodrigues (Cipiar) atua na assistência a idosos que, por algum motivo, tiveram seus direitos violados. Atualmente são 19 idosos residentes no centro. O local conta com estrutura que busca a prática e o desenvolvimento de habilidades com as pessoas assistidas.
“A grande importância de uma instituição de longa permanência no município é garantir os direitos dos idosos. Por que? A família já abandonou ou a família é quem viola esses direitos, é quem fere o idoso tanto, às vezes, fisicamente como emocionalmente, financeiramente, principalmente a parte financeira. A instituição de longa permanência chega nesse momento como um resgate para os idosos”, ressalta a coordenadora do Cipiar, Adriana Silveira.
Os idosos residentes do Cipiar chegam ao centro por três maneiras. A primeira delas é por demanda do Centro de Referência da Assistência Social (Cras), depois também por encaminhamento do Conselho Municipal da Pessoa Idosa e também pelo Ministério Público. Nesses casos, cada situação é avaliada para então ser decidido se o idoso reúne as condições necessárias para ser residente do centro já que o serviço não é voltado a demandas espontâneas.
São 57 funcionários que trabalham no Cipiar em serviços de limpeza, lavanderia, cuidadores, técnicos de enfermagem, enfermeira, assistente social, educador físico, pedagogo, psicólogo, assistente administrativo e também a equipe que trabalha na cozinha.
A idosa Auribela Magalhães, 78 anos, está há mais de um ano como residente do Cipiar. Ela fala sobre o espaço e as atividades que realiza.
“Eu gosto. Até agora fiquei bem, né? Eu vim para cá, ficou melhor aqui. Aqui é um lugar novo. Eu adorei ficar aqui. Eu acho o espaço aqui tão bacaninha, né? Já fiz pintura, colei umas folhas secas numa árvore, fiz uma árvore, fiz uma rainha também. Sou bem tratada aqui”, conta.
Sâmila Mendes atua como cuidadora no centro há mais de dois anos. Ela compartilha um pouco de seu sentimento em relação a cuidar dos idosos.
A cuidadora avalia que eles sentem-se valorizados no centro, além de contarem com acompanhamento de diversos profissionais a fim de desenvolver habilidades dentro das limitações que cada um apresenta.
“Eu acho bastante gratificante porque a maioria desses idosos aqui não têm vínculos familiares. A gente acaba criando um vínculo com eles. É como se a gente fosse a família deles. Então, para o cuidador de idoso é importante que goste do trabalho porque eu acredito que não tem como a gente desenvolver um trabalho, cuidar de idosos sem gostar do trabalho. Eu acho que isso é o mais importante”, ressalta.
Ivana Lacerda é psicóloga e atuou por mais de trinta anos trabalhando com crianças e adolescentes. Cerca de um ano atrás, começou a trabalhar com os idosos do Cipiar.
Ela conta que as atividades realizadas com os idosos são pensadas em conjunto com os demais profissionais que fazem parte da equipe do Cipiar, a partir de demandas captadas na relação com eles.
“O que nós fazemos é escuta. Eles precisam falar, eles querem falar. Cada um tem sua história. O que gente trabalha mais mesmo é a escuta. E nessa troca é que a gente monta os trabalhos, que a gente vai entendendo cada um. Aquilo que o educador trouxe, aquilo que a assistente social trouxe. Aqui é um lugar que todos nós aprendemos. Eles estão ensinando muitas coisas para gente”, relata a psicóloga.
A programação no Cipiar abrange muitas atividades como arte terapia, fisioterapia, musicalização, passeios, visitas feitas por igrejas, além de os idosos contarem com espaço de convivência e sala de vídeo.
O idoso Antônio Sírio tem 64 anos e é residente no centro desde o ano passado. Ele conta que gosta bastante do espaço e compartilha uma das atividades que gosta de fazer.
“Eu gostei daqui. Eu pintei, já fiz um bocado de quadros, uns doze. Eles desenham e pedem para gente pintar, aí eu pintei. Eu pintei uns quadros, uma flor que desenharam e eu pintei. Nós passeamos, fazemos atividade física com o professor. Tem a professora para ensinar a gente”, explica.
A coordenadora Adriana Silveira explica que o município atua junto aos idosos também por meio dos Centro de Referência da Assistência Social e que é necessário a sociedade estar sensível a essa importante parcela da população. Ela reitera que o Dia Mundial da Pessoa Idosa é importante por incentivar a reflexão sobre o amor, o zelo e o cuidado com os idosos, pois todos um dia chegarão a essa fase da vida.
“É algo que nos faz pensar nessa questão de cuidar, amar e zelar. A gente tem que ter esse olhar para os idosos. O respeito, a atenção para essas pessoas, já na terceira idade, que muitas vezes são esquecidas e negligenciadas pela sociedade e principalmente pela família. Esse dia nos faz lembrar, nos chama atenção para essa temática, valorizar os nossos idosos que já contribuíram tanto para a sociedade enquanto jovens e agora precisam ser cuidados”, finaliza.
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Paulo Sérgio