COMDIM: Dia Internacional de Eliminação de Violência contra a Mulher é marcado por Marcha de conscientização na Marabá Pioneira
Em homenagem a três irmãs, Patria, Maria Teresa e Minerva Maribal, assassinadas em 1960, a mando do ditador Rafael Trujillo, da República Dominicana, o dia 25 de novembro passou a ser considerada Dia Internacional Pela Eliminação da Violência Contra a Mulher. A data declarada pela Organização das Nações Unidas (ONU) desde 1999, foi celebrada em Marabá, hoje, com uma marcha pelas ruas da Marabá Pioneira.
O evento faz parte da programação “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra a Mulher”, realizado pelo Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (COMDIM), com apoio de outras entidades sociais e secretarias municipais, entre elas a de Segurança Institucional (SMSI), por meio da Guarda Municipal e Patrulha Maria da Penha, Educação (Semed) e Assistência Social (Seaspac).
“Estamos com uma campanha de 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher. E hoje é uma marcha que une o COMDIM e também os movimentos sociais, com o apoio da Prefeitura de Marabá, para que a gente possa ir às ruas chamar a atenção da população que existe, sim, um grupo de mulheres que exige equipamentos públicos e que está a disposição da Defesa da Mulher para juntos construirmos uma cultura de paz e para o fim da violência contra as nossas mulheres”, reitera Priscila Veloso, presidente do COMDIM.
Gilmara Neves, conselheira do COMDIM e vice-presidente do Conselho Estadual da Mulher destacou que essa data significa um dia de luta diante dos dados de feminicídio no país.
“A gente sabe que a cada três minutos quatro mulheres são mortas no Brasil, cinco crianças são violentadas e tudo isso mexe muito com a gente. Esses 16 dias de ativismo servem exatamente pra gente refletir sobre o nosso papel enquanto sociedade, sobre o nosso papel enquanto mulher, nesse combate à violência. Nós temos a 3ª melhor lei do mundo, no entanto, o que a gente tem feito é coibir e a gente precisa colocar em prática os outros eixos, que são combater e prevenir. A gente vem pra dizer, ‘Ei, a gente não quer morrer, pare de nos matar’”, pontuou a conselheira, que destacou o papel do COMDIM.
“O conselho é o elo de ligação da sociedade à gestão, que tem o conselho como um parceiro na construção de políticas públicas e a sociedade tem o conselho como seu fiscalizador, o seu olho, é a pessoa que vai dizer, por ele, em determinadas situações, para que políticas públicas sejam efetivas”, explica.
A Patrulha Maria da Penha, que essa semana fez uma blitz educativa de combate a violência contra a mulher, marcou presença na marcha. O coordenador da instituição pela Guarda Municipal, Roberto Lemos, destacou a necessidade de quebrar o ciclo dessa violência, que destrói a vida de todos: pais, mães e filhos.
“É preciso dar um basta porque a a violência segue um ciclo. Ela começa com a questão psicológica e depois evolui para a física. Se a gente não conseguir quebrar esse ciclo da violência, enquanto ela não não evoluiu. Se a gente pegar o contexto de Marabá, 50% desses homens que cometeram o feminicídio, se suicidaram, eles se mataram porque entenderam a grande besteira, o grande erro que cometeram. Acaba que destrói vidas, a da mulher, do homem também e às vezes dos filhos, os órfãos”, destacou Inspetor Roberto Lemos.
Com uma tia, vítima de feminicídio na família, uma das conselheiras, Jeane Sobral, destaca a importância da denúncia quando ainda está no início do ciclo da violência. Ela revela ainda que na abertura da programação foram relatadas denúncias de violência contra a mulher .
“ É, eu mesma fui na delegacia, eu mesmo denunciei, fui lá reconhecer o corpo dela, eu estava grávida, tive problemas no parto, do meu segundo filho, porque eu vi como ficou a situação dela, não dá nem pra falar muito porque pode pode durar 100 anos a mesma dor. No primeiro dia [da programação dos 16 dias de ativismo], que nós elaboramos o 1º encontro de meninas estudantes, adolescentes, chamaram a gente, chamaram a delegada depois. É importante denunciar, você mulher, por favor denuncie. Crie coragem, denuncie”, alerta a conselheira do COMDIM.
Entre as entidades do município que lutam pelo direitos da mulher está o Fórum Permanente de Mulheres de Marabá, que nesse dia 25, completa 7 anos de existência e participou da marcha, conforme esclarece a vice-presidente do movimento, a advogada Cláudia Chini.
“O Fórum Permanente de Mulheres foi criado para o fortalecimento das lutas pela implementação de políticas públicas em Marabá e para combater toda a forma de violência contra a mulher da nossa cidade, na nossa região. Tivemos avanços, temos hoje a DEACA e a DEAM, temos duas delegacias de atendimento a mulher, temos o Plantão 24 horas, mas a questão estrutural continua, precisamos de um centro de referência condigno, precisamos dessa Usina da Paz e aqui nós estamos, enquanto Fórum, celebrando, unidas. Todas na luta, basta de violência contra a mulher.
“A gente precisa estar unido no combate, ter uma Câmara com uma representatividade mais efetiva porque hoje nós temos um plano municipal que nós ajudamos a construir. A luta é grande, a luta por políticas públicas na saúde, a luta por empoderamento financeiro, a luta nas políticas afirmativas de prevenção é imensa”, complementa.
“Hoje mais um Dia Internacional de Não Violência contra as mulheres, é uma luta, uma caminhada de nós mulheres neste Marabá lutando para a prevenção e o combate a essa violência que traz morte pra nossas mulheres, que traz sofrimento pra nossas mulheres”, pontuou uma das fundadoras do Fórum, Rosalina Izoton, do grupo de Mulheres Arco-Íris da Justiça.
A marcha contou com integrantes de movimentos de outros municípios da região, como Veronilde Aguiar, do Fórum de Mulheres de Parauapebas. “O que eu sei hoje, eu devo as mulheres de Marabá. Eu aprendi a ir à luta junto com elas. Hoje nossa maior dificuldade é o machismo, por isso que estamos conversando com homens”, destacou.
A programação dos 16 dias de ativismo conta ainda com várias atividades, entre elas, o Dia D de cadastro das instituições e movimento de mulheres, no dia 26, das 8 às 14 horas e no dia 28 tem mesa redonda com tema “Violência obstétrica: como prevenir”, das 14 às 18 horas, ambos no auditório da Seaspac.
Confira toda a programação que será realizada até o final de dezembro.
Texto e fotos: Secom