Comemoração: Bairro Francisco Coelho, mais antigo de Marabá, celebra 124 anos
Antes mesmo da população comemorar o dia da criação do município, 5 de abril de 1913, os marabaenses já tinham outra data também muito importante para a história da cidade. O dia 7 de junho de 1898, está registrado como o dia em que Francisco Coelho, inaugurou um barracão comercial no encontro dos rios Tocantins e Itacaiúnas, dando início ao povoamento do bairro que mais tarde viria a ter o seu nome.
A informação sobre esse fato está no livro A História de Marabá, da escritora e bibliotecária Maria Virgínia Bastos de Matos, lançado em 1996. No período de inauguração do Barracão Comercial, denominado Casa Marabá, muitas famílias começaram a residir no local, abrindo caminho para o crescimento do povoado.
Hoje, 124 anos depois, o bairro Francisco Coelho, o popular Cabelo Seco, cresceu e deu lugar para grandes obras de infraestrutura. O bairro vive hoje uma passagem entre o antigo e o novo e é no Cabelo Seco que vamos encontrar moradores que viveram e vivem essa transformação.
Moradores como a professora Teresinha Maravilha, 70 anos, filha do senhor Manoel Maravilha Oliveira, o mestre Manduca, nascido no bairro no ano de 1912. Nesses 70 anos de vida, ela diz que é apaixonada pelo lugar onde nasceu e cresceu.
bairro Francisco Coelho
“É uma alegria pertencer ao bairro Francisco Coelho. Quem nasceu ou mora aqui não tem arrependimento. Tem 70 anos que moro aqui e o que mais me apaixona é a união das pessoas, principalmente entre as mulheres, nós nos reunimos muito e estamos trabalhando na criação de um grupo para enfrentar determinadas situações que são necessárias para o bem do nosso bairro”, relata.
Nos últimos anos, o bairro enfrentava diversos problemas com assoreamento nas margens do Rio Itacaiúnas, onde as casas construídas em estilo palafitas estavam sendo ameaçadas pelo desmoronamento, era preciso uma intervenção para conter o avanço da queda dos barrancos.
Essa intervenção veio com a construção da estrutura de contenção dos rios Tocantins e Itacaiúnas, continuidade da Orla Sebastião Miranda. O projeto de engenharia remanejou moradores para a parte mais alta do bairro e a prefeitura indenizou as famílias.
Teresinha Maravilha conta que o projeto da Orla começou pelo bairro Santa Rosa, porém, ela e os demais moradores do bairro Cabelo Seco, sabiam que o projeto também viria a atendê-los, mais cedo ou mais tarde.
“Ficamos um pouco com ciúmes porque começou pelo bairro de Santa Rosa, mas como Tião nasceu no bairro Cabelo Seco sabíamos que uma hora chegaria aqui, pois estávamos enfrentando muitos problemas com erosões, enchentes. Essa obra veio mudar a realidade e os moradores remanejados ganharam uma casa nova”, explica a professora.
Entre as moradoras que ganharam uma casa nova está a aposentada Carmina Santos, 89 anos, ela mora no bairro desde a década de 1980 e não pensa em nenhum momento, sair do lugar em que vive. “Morar aqui é muito bom e nunca mais saio daqui não, só mudei de casa”, afirma dona Carmina Santos.
Aposentada Carmina Santos, 89 anos, explica que é muito bom morar no bairro Francisco Coelho
O bairro Francisco Coelho, com seus 124 anos, tem ainda muita história para escrever, tanto aos que chegaram, quanto aos que ainda vão chegar. Com o projeto da construção da nova Orla, espera-se uma nova dinâmica no local com atração de turistas e valorização das residências.
No dia de seu aniversário, o sentimento que seus nobres filhos sentem pelo velho bairro Francisco Coelho, é o melhor presente que o vovô da cidade de Marabá poderia ganhar.
Texto: Victor Haôr
Fotos: Aline Nascimento e Arquivo Secom