“Como funciona a saúde?”: CTA/SAE diagnostica e monitora infecções sexualmente transmissíveis
O Centro de Testagem e Aconselhamento/Serviço de Atendimento Especializado de Marabá (CTA/SAE) é o responsável por diagnosticar as Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) como HIV, Sífilis e hepatites virais (B e C) entre outras, dar assistência e fazer o monitoramento dessas IST’s.
O local conta com uma equipe multiprofissional para atender Marabá e outros 11 municípios do entorno. Além do público geral, são atendidas gestantes em fase pré-natal, pessoas em situação de privação de liberdade e LGBTQIA+ (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, queer, intersexuais, assexuais e demais orientações sexuais e de gênero).
O fluxo de atendimento começa no balcão da recepção para o cadastro. A pessoa deve estar munida dos documentos pessoais e cartão SUS para que seja garantida a segurança e o sigilo durante o teste e no pós-teste. Depois disso, é encaminhada para um profissional onde passa por um aconselhamento pré-teste. O resultado é entregue apenas para o titular dos exames. Terceiros não têm acesso e é garantido o sigilo total desde o acesso à unidade até o processo final, que pode ser o tratamento, monitoramento ou encaminhamento para a rede de assistência dentro do município.
Qualquer pessoa pode ir até o CTA e fazer testes rápidos ou exames sorológicos para toxoplasmose, citomegalovírus, rubéola ou herpes, por exemplo. Além disso, é oferecido o PEP, que é um serviço de profilaxia feito em até 72 horas depois da exposição de risco, como quando estoura o preservativo ou quando a pessoa é vítima de violência sexual e entra em contato com material biológico do agressor. Outro serviço oferecido é a PREP, que é a profilaxia pré-exposição, que é destinado a pessoas em situação de vulnerabilidade em contrair qualquer um dos vírus e é realizado antes da exposição ao risco.
De acordo com o CTA, até dezembro de 2022 foram 58 ações itinerantes que resultaram em 10.848 testes realizados, ultrapassando a meta do SAE/CTA de realizar 50 ações e 6 mil testes. Além disso, somente no próprio Centro foram 22.144 testes realizados até 31 dezembro. Com a soma dos testes na sede e os itinerantes foram 32.992 testes de Infecções Sexualmente Transmissíveis.
Segundo a coordenadora do CTA/SAE, Katiane Chaves, o SAE tem o papel de acompanhar e proporcionar qualidade de vida a quem convive com qualquer uma das IST’s.
“Aqui nós temos psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, médico clínico geral, médico ginecologista, médico infectologista e pediatra. As pessoas que são cadastradas na unidade, acompanhadas e monitoradas, são assistidas em sua totalidade”, enumera.
O SAE é ainda uma Unidade Dispensadora de Medicamentos (UDM), onde são fornecidas gratuitamente as medicações de uso contínuo para os pacientes que vivem com HIV, Hepatites B e C e Sífilis, e que são de alto custo na rede particular. A unidade também fornece medicamentos de baixo custo que servem para combater as infecções oportunistas (IOS).
Laboratório
O laboratório do CTA/SAE é responsável por diagnosticar pacientes com suspeitas de contaminação pelos vírus do HIV, Sífilis ou Hepatite B e C. As amostras colhidas na própria unidade são encaminhadas para o laboratório, onde são feitos os testes por meio de máquinas, como o CD4, que mensura a carga de defesa da pessoa que está vivendo com o HIV, e outro de carga viral, que é padrão ouro e mede o nível do vírus no organismo. O diagnóstico fica pronto em apenas um dia.
A equipe do laboratório é composta por uma bioquímica, uma biomédica e duas técnicas em laboratório. Poliana Alves, uma das técnicas, explica que elas são responsáveis por receber, centrifugar, preparar e conferir a confiabilidade das amostras.
“Gosto muito de trabalhar aqui, pois além do CTA fazer o tratamento, a gente faz parte disso, porque a partir do momento que se recebe um diagnóstico, isso muda toda a sua vida. A gente está aqui para realizar os exames e conseguir ajudar o paciente quando ele chega aqui conosco”, ressalta.
Aconselhamento
Na hora de receber o diagnóstico do exame realizado, o paciente passa com um aconselhador, que vai transmitir o resultado com todo um preparo psicológico, com sensibilidade. A enfermeira e aconselhadora Antônia Sousa, que já atua nesse setor há 12 anos, explica de que forma isso é feito.
“É uma responsabilidade imensa transmitir para o cliente o resultado do exame dele. Se for um resultado favorável, que é o que ele espera, que seja não reagente, ele sai feliz. Agora, quando é um resultado que não é favorável, que dá reagente, ou seja, positivo, aí tem todo um trabalho, principalmente um trabalho psicológico com esse paciente, todo um cuidado com ele, muita sensibilidade, porque estamos entregando um resultado que vai afetar a vida dele para sempre”, conta.
Para ser uma conselheira, Antônia fez os primeiros cursos em Belém, oferecidos pelo Ministério da Saúde. Depois que começou a trabalhar no CTA, já fez mais três cursos de aconselhamento. “Cada vez que a gente faz, parece que a gente fica mais sensível. A gente vai se sensibilizando com a outra pessoa para quem vai entregar o resultado do exame. Sendo o resultado reagente ou não reagente, temos que ter essa sensibilidade para poder dar essa notícia para a pessoa. As pessoas já chegam aqui nervosas e a gente tem que manter a calma para que essa pessoa saiba que a gente tem empatia por ela, que ela saiba que é um ser humano e que estamos atendendo ela da melhor forma possível”, reforça.
Quando a pessoa vai fazer o exame, a enfermeira já faz uma pré-triagem por meio de uma série de perguntas sobre parceiros sexuais, uso do preservativo, entre outras. Esses questionamentos já funcionam como um pré-aconselhamento e fazem a pessoa pensar, refletir.
Além desse trabalho, a enfermeira faz monitoramento das infecções sexualmente transmissíveis, principalmente hepatites virais dos pacientes cadastrados, e ainda faz o acompanhamento mensal, semestral e anual daqueles que estão em tratamento, bem como de gestantes que estão com qualquer um dos vírus.
Tratamento
Ter HIV não é o mesmo que ter Aids. Há muitos soropositivos que vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença. Conhecer o quanto antes, a sorologia positiva para o HIV aumenta muito a expectativa de vida de uma pessoa que vive com o vírus. Quem se testa com regularidade, busca tratamento no tempo certo e segue as recomendações da equipe de saúde ganha muito em qualidade de vida. HIV é o Vírus da Imunodeficiência Humana, que se não tratado pode evoluir para AIDS/Síndrome da Imunodeficiência Adquirida.
Depois de receber o resultado reagente (positivo), o paciente é encaminhado para tratamento. Para isso, ele passa por uma consulta com o médico da unidade, que vai prescrever os medicamentos necessários para que a pessoa possa conviver com a doença e ter qualidade de vida.
“Nossos carros-chefes são os tratamentos para HIV, Sífilis e Hepatite, que são feitos por meio de medicamentos classificados como antirretrovirais, para combater os vírus, distribuídos de forma gratuita aqui mesmo no CTA, em nossa farmácia especializada”, explica o médico clínico geral, Hamon Moreira.
Serviços
O atendimento no CTA é realizado de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h, sem intervalo, para testes rápidos e exames sorológicos. Já para o PEP, o atendimento é feito a qualquer momento, dentro do período de 72 horas depois da exposição ao risco.
Texto: Fabiana Alves
Fotos: Nathália Costa