Covid-19: Após cura, paciente retorna ao HMM para agradecer profissionais
O uso da máscara não esconde o largo sorriso no rosto da professora Francisca Moura Araújo, 52 anos. As lágrimas nos olhos não são de tristeza, é pura gratidão. Há quase um mês Francisca deixou o Hospital Municipal de Marabá (HMM) curada da covid-19 que a deixou internada por 8 dias.
“A covid não é fácil! Mas a partir do momento que eu decidi sair de casa, porque não dava mais para ficar, eu recebi uma nova família no PS [pronto socorro] da covid. Quando a gente interna deixa uma família, mas eu ganhei uma família na tenda do HMM”, destaca a professora.
E foi o sentimento pela família do hospital que a levou a procurar os profissionais de saúde, que cuidaram dela enquanto esteve internada na enfermaria da ala covid. Voltou vinte dias depois de curada, no dia do seu aniversário, em 23 de junho.
“Eu até me emociono. Eles foram anjos na minha vida. Assim como sei que estão sendo na vida de outras pessoas que estão passando por lá e quem em breve irão sair. Eu não queria nenhum outro presente, só ver eles. Não vi todos, mas fui. Foi o meu maior presente. Passou um filme na minha cabeça. Fui rever os meus amigos” garante.
Francisca lembra que os primeiros sintomas da covid foram dor de cabeça e febre, os quais a motivou a fazer o exame do nariz, com resultado positivo. Mas ela só deu entrada no Hospital Municipal oito dias depois, após não ter êxito ao tentar cuidar da doença em casa. Ela já estava com os sintomas moderados, mas a doença foi controlada ainda na enfermaria. A professora afirma que chegou a consumir até 10 litros de oxigênio por dia. Foram seis dias precisando de gás hospitalar para vencer a covid.
“Lá você tem um acolhimento de solidariedade, de amor, de coração, de doação. Fazem de tudo para te ver feliz. Às vezes a gente nem tem condição de levantar sem colocar o oxigênio. Mas a gente se esforça e vê o esforço deles por nós. Nunca vi um médico não ter medo de te abraçar, até a família tem medo para não pegar. Eles me abraçavam e davam o carinho que eu estava precisando. O carinho deles é um fortalecimento. Hoje a minha palavra é gratidão, por tudo que fizeram por mim e que ainda estão fazendo por quem está lá”, comenta emocionada.
Para quem ainda tem dúvidas sobre os cuidados profissionais do HMM diante da covid, Francisca completa.
“Foi lá que encontrei a minha cura. Foi lá onde encontrei pessoas que cuidaram de mim. Hoje estou aqui para agradecer tudo que fizeram por mim.”, conclui a vice-diretora da Escola Municipal Elinda Simplício Costa.
Técnica em enfermagem retribui o carinho
Evania Barros Silva, 50 anos, faz parte da equipe que atua na estabilização da área covid, no HMM. Ela é uma das profissionais que Francisca denomina de anjo. A técnica em enfermagem trabalha há 14 anos no HMM. Há quase 2 tem se dedicado à ala covid. Ela é só alegria por cada paciente recuperado.
“Dona Francisca, a gente cuidou dela, estava no leito 04. Quando Deus coloca a gente em um lugar, a gente tem de abraçar com unhas e dentes. Eu confesso que fiquei balançada no começo, de vir para cá cuidar do meu povo. Mas fiquei aqui e estamos para o que der e vier. É cuidar com amor, porque isso aqui é coisa de Deus. Estou muito agradecida por lembrar de nós. O serviço vem da alma, com amor ao próximo”, finaliza a técnica em enfermagem.
Texto: Leydiane Silva
Fotos: Paulo Sérgio