Covid-19: Pessoas com comorbidades começam a ser imunizadas
De acordo com o Ministério da Saúde mais de 17 milhões de brasileiros com doenças preexistentes começam a ser vacinados no mês de maio. Esse público tem as chamadas comorbidades e é o próximo grupo prioritário a ser atendido pelo Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 (PNO).
Mas, afinal, o que são comorbidades? Quem responde essa pergunta é a enfermeira Cinthia Mendes da Coordenação de Imunização da Diretoria de Vigilância em Saúde de Marabá.
“Comorbidades são as doenças de base, doenças crônicas que podem interferir na qualidade de vida e na imunidade, principalmente. Qualquer pessoa que tenha essas doenças está mais sujeita a apresentar a forma grave da Covid-19. Então por isso que elas são um público-alvo”, destaca Cinthia.
O Ministério da Saúde elencou no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 (PNO) as comorbidades incluídas como prioritárias na vacinação contra à Covid-19. Entre elas:
- Diabetes mellitus caracterizado pela elevação de glicose no sangue;
- Doenças que afetam o pulmão de forma crônica grave incluindo asma grave;
- Hipertensão arterial resistente quando a pressão arterial permanece acima das metas recomendadas; hipertensão arterial estágio 3 quando está acima de 180/110, enquanto as que estão nos estágios 1 e 2 só serão imunizadas quando há comorbidade ou presença de lesão em órgão-alvo.
- Insuficiência cardíaca;
- Cor-pulmonale, quando há o remodelamento cardíaco causado por hipertensão pulmonar;
- Hipertensão pulmonar;
- Cardiopatia hipertensiva, alterações no coração causadas por hipertensão arterial;
- Síndromes coronarianas, quando há bloqueio em uma artéria coronariana reduzindo o fornecimento de sangue a uma área do músculo cardíaco;
- Valvopatias ou valvulopatias que são doenças que afetam as válvulas do coração;
- Miocardiopatias e pericardiopatias, que afetam o miocárdio e o pericárdio que fazem parte do coração;
- Doenças da aorta dos grandes vasos e fístulas arteriovenosas como aneurismas, dissecções, hematomas da aorta e demais grandes vasos;
- Arritmias cardíacas; cardiopatias congênita no adulto;
- Pessoas com próteses valvares e dispositivos cardíacos implantados;
- Doença cerebrovascular como acidente vascular cerebral isquêmico ou hemorrágico, ataque isquêmico transitório e demência vascular; doença renal crônica em estágio 3 ou mais e síndrome nefrótica.
Outra categoria presente no plano são os imunossuprimidos ou imunodeprimidos, pacientes que têm o sistema imunológico afetado por ação de medicamentos ou por doenças, como pessoas com HIV, indivíduos que passaram por transplante, pacientes oncológicos (câncer); além de pessoas com anemia falciforme, obesidade mórbida com índice de massa corpórea superior a 40; síndrome de down e cirrose hepática.
A orientação do Ministério da Saúde é que quem não estiver pré-cadastrado no Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI) ou em alguma Unidade Básica de Saúde do SUS, as pessoas apresentem laudo médico ou outro tipo de documento que comprove o pertencimento a esses grupos de risco.
Durante a última semana, a Secretaria Municipal de Marabá (SMS) realizou na quarta-feira, dia 21, a vacinação de pessoas com diabetes e hipertensão níveis 1, 2 e 3, primeiro para 58 e 59 anos, e 56 e 57 anos. Essa divisão por idade ocorreu porque, de acordo com levantamentos da SMS, só nas unidades básicas de saúde estão cadastradas cerca de 12 mil pessoas que têm essas doenças.
Esse levantamento só foi possível graças aos dados contidos no Hiperdia, um programa específico da atenção básica para o controle da pressão e da glicemia onde essas pessoas com hipertensão e diabetes são acompanhadas e cadastradas pela unidade de saúde.
Para os pacientes com câncer (oncológicos) o mesmo levantamento está sendo feito pelo Tratamento Fora de Domicílio (TFD) e nas clínicas onde essas pessoas fazem tratamento. A SMS iniciou na última quinta-feira, 22, a vacinação desses pacientes.
“Nós temos um setor específico da secretaria de saúde que faz essa busca. A gente busca relatórios nominais, relações de dados de quantidade para podermos fazer a nossa campanha, rastreando as pessoas por aí”, complementa a enfermeira.
Esse rastreamento é importante pois é a partir dele que a SMS define quais serão os próximos grupos de comorbidades a serem atendidos pela imunização, e claro, dependendo da quantidade de doses de vacina disponíveis ao município.
“O Ministério da Saúde não dita essas normas. O Ministério não quer impor para os municípios quem eles devem vacinar primeiro. Os estados e municípios é que devem já ter uma ideia de quem devem vacinar primeiro, quais são as populações que estão mais suscetíveis na sua área. Então, eles só dão uma diretriz para os estados e municípios”, pontua.
A secretaria vai definir os próximos passos a partir das estatísticas e metas definidas tomando como base os levantamentos a respeito dos grupos de comorbidades, acompanhando sempre o número de doses disponíveis.
A enfermeira destaca que quando a imunização contra a covid-19 é realizada de maneira homogênea traz garantias de proteção das formas mais graves da doença, evitando as hospitalizações e diminuindo consideravelmente o número de óbitos. No entanto, ela faz um alerta.
“Mesmo a pessoa tomando a primeira e a segunda doses da vacina só vai realmente se proteger depois de dez dias da última dose e, mesmo assim, essa pessoa ainda pode ser fonte de contaminação para outras pessoas que não estão vacinadas. Portanto, é muito importante que continuem com as medidas de proteção com uso de máscara, distanciamento, uso de álcool em gel e lavar as mãos mesmo com a vacina”, finaliza.
É importante também que as pessoas integrantes desses grupos de comorbidades fiquem atentas ao site e às redes sociais da Prefeitura para saber das informações sobre as próximas fases da imunização.
Para saber mais, veja as orientações do Ministério da Saúde e o PNO.
Texto: Ronaldo Palheta
Foto: Paulo Sérgio