Saúde: No mês de março, Crismu terá atendimento noturno
No mês de março a saúde da mulher mais uma vez será colocada em evidência. A Campanha Março Lilás, que tem como objetivo chamar atenção para a prevenção contra o câncer do colo do útero, é o foco do Centro de Referência Integrada à Saúde da Mulher (Crismu). Durante os dias 14 a 25 de março, o Crismu terá uma programação especial, com atendimentos noturnos para a coleta do PCCU (Exame Preventivo de Colo de Útero).
O PCCU é uma das melhores formas de monitorar a saúde do útero. A coleta é feita nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) por uma enfermeira e a amostra é analisada no Crismu. Para realizar o exame é preciso alguns cuidados básicos, como explica a enfermeira Keise Helaine Pinto.
“Quando a mulher vier fazer o exame, ela precisa estar a 72 horas, ou seja, 3 dias sem manter relação sexual, mesmo com uso do preservativo, sem fazer higiene com ducha, nenhum uso de medicação anticoncepcional injetável via vaginal, ou ainda, uso de cremes para não contaminar a lâmina e atrapalhar a avaliação”, pontua a enfermeira.
Ainda de acordo com a enfermeira, os dias propícios para a coleta do exame são dez dias antes do próximo ciclo menstrual, assim, o ideal é entre o décimo e o vigésimo dia, para todas as mulheres em atividade sexual ativa. “O Ministério da Saúde pede que o exame seja feito entre 25 e 64 anos, que é onde temos as maiores taxas de câncer nesse órgão. Mas após um ano de atividade sexual, nós já recomendamos que faça, pois já pode ter entrado em contato com o HPV, vírus do câncer”, alerta.
Hilomi Seguchi, ginecologista do centro, todos os dias atende mulheres que apresentam alterações nos exames, algumas já com o diagnóstico de câncer. “Dar esse resultado não é fácil. Dar a notícia de que a pessoa tem câncer. A gente vai com cuidado, mas fala. Não sou de esconder, se eu tenho certeza já falo logo para a pessoa se preocupar. Muitas vezes, elas não são orientadas, às vezes, pegam o resultado do exame e não dão valor e ficam enrolando, enquanto fica cada vez pior e se torna incurável”, enfatiza.
Só nos últimos dias, Hilomi diz que atendeu três pacientes com câncer do colo de útero avançado. A maior parte das mulheres com esse diagnóstico estão acima dos 50 anos, mas ela também já atendeu, por exemplo, jovens de 28 anos. “Paciente começa a vida sexual muito precoce, múltiplos parceiros, não se cuida, não faz o exame de prevenção, não procura ginecologista, não faz uso da vacina, que já tem para crianças e daí acaba evoluindo para o câncer”, pontua.
Prevenção
Além do PCCU, o uso do preservativo e a vacina contra o HPV (Papilomavírus Humano) é uma das maneiras mais seguras para se proteger contra o câncer do colo de útero. Esta vacina é aplicada na forma de injeção e é oferecida gratuitamente pelo SUS para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. O SUS também oferece a vacina do HPV para mulheres de 9 a 45 anos e meninos de 9 a 26 anos que tenham HIV ou AIDS ou ainda que receberam transplante de órgãos, de medula óssea e pessoas em tratamento contra o câncer. No entanto, nesses casos é necessário a apresentação de receita médica.
Tratamento na rede municipal
Na rede municipal de saúde, o atendimento inicia na UBS com a coleta do PCCU. Lembrando que cada UBS tem a sua própria dinâmica. No prazo agendado, a mulher deve buscar o resultado, que sai entre 20 a 30 dias. O exame é lido pela enfermeira da UBS. Se houver alteração no exame, a profissional já encaminha a paciente para o Crismu, onde o atendimento é feito por especialista em ginecologia.
Geralmente, no Crismu, é realizado o exame de colposcopia, para avaliar o trato genital inferior feminino: a vulva, a vagina e o colo de útero. Então é feito uma biópsia, e, dependendo do resultado, a paciente pode ser encaminhada para o tratamento no município, no Hospital Municipal de Marabá.
“Depende muito da extensão da lesão. Tem lesões de baixo grau, que são aquelas iniciais que não necessitam de cirurgia e as de alto grau que necessita de maior atenção, cirurgia de retirada da mancha pra não evoluir para o câncer, nós encaminhamos para o setor de patologia pra saber se a mancha saiu ou é câncer”, esclarece Hilomi Seguchi.
Sintomas
Pacientes com sangramento ou hemorragia durante a relação sexual não é considerado normal. No entanto, na maioria das vezes, não há sintomas e quando a mulher percebe já está com o câncer desenvolvido. “Por isso, o exame chama-se preventivo para que possamos fazer o tratamento e não chegar nesse estágio de câncer”, alerta a médica.
Texto: Leydiane Silva
Fotos: Aline Nascimento