Cultura: Afroreligiosos celebram tradições de matrizes africanas na Orla Encontro dos Rios
Na noite de terça-feira, 21, adeptos do candomblé, umbanda, espiritismo, catimbó e outras vertentes espirituais de matrizes africanas, assim como curiosos e simpatizantes, encontraram-se na Orla Encontro dos Rios, no Bairro Francisco Coelho, para celebrar o Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé.
O evento foi organizado pela Associação Espírita e Umbandista de Marabá e Região do Carajás do Estado do Pará (AEUMCEP) com apoio da Secretaria Municipal de Cultura (Secult).

“Hoje é a data comemorativa para os povos do terreiro. É um evento nacional e em Marabá não seria diferente. Hoje nós temos um evento para alguns esclarecimentos, palestras. Para mostrar à sociedade que não conhece realmente os fundamentos da umbanda”, explica Pai Sílvio Xavier, presidente da AEUMCEP.
Atualmente Marabá conta com 40 terreiros registrados e pelo menos 500 afro religiosos que estão vinculados a associação. “Mas temos uma grande quantidade de pessoas não registradas. Acabou o tempo de sermos perseguidos, baleados. Hoje temos nossa liberdade, nasci em Marabá , sou raiz, comecei na umbanda aos 7 anos e temos nossos direitos”, destaca.
A data de 21 de março foi escolhida por ser no mesmo dia que foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Dia Internacional Contra a Discriminação Racial. A Lei que institui o Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matriz Africanas e Nações do Candomblé é a 14.519/2023.
E a principal pauta dos participantes era a luta contra o preconceito. A pedagoga Vanda Melo dos Santos realizou uma palestra sobre o racismo religioso.

“Hoje falamos sobre discriminação e racismo religioso, um debate simples abordando as raízes desse processo que vivemos. Temos várias práticas de violência contra essas comunidades”, explica.
Ela destaca a importância da lei sancionada este ano. “Dentro das políticas públicas estávamos em um processo de avanço, mas que foi interrompido a nível federal nos últimos 4 anos. Tínhamos esse debate nas escolas, e agora estamos retomando algumas situações para buscar diminuir um pouco esse processo histórico de discriminação e preconceito. Essa data e essa celebração na orla é um exemplo disso”, complementa.
Francisca de Assis ou Mãe Dedé, como é conhecida, começou seu caminho espiritual nas afro religiões em 1961, na época com 14 anos.

“Hoje tenho 73 anos, para mim é um privilégio ver um momento como esse. É uma força muito grande, eu me sinto uma grande fortaleza, porque sempre fomos muito discriminados. Hoje me sinto bem e espero que isso acabe. Espero em Deus, nos Orixás e nos homens”, emociona-se.






Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Nathalia Costa