Cultura: No Dia Internacional da Música conheça a GD20, banda de rock formada por Guardas Municipais
Neste dia 1º de outubro se comemora o Dia Internacional da Música, a mais democrática das artes e talvez a que penetre mais fundo nos sentimentos das pessoas. A data foi criada através do International Music Council, a partir de uma iniciativa da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), com o objetivo de promover os valores de paz e amizade entre os povos com auxílio da música.
No serviço público de Marabá, há um grupo que mistura bem esses conceitos. A GD20 é uma banda que começou no refeitório da Guarda Municipal de Marabá (GMM), formada por quatro amigos, todos guardas municipais, que dividem seus dias (e noites) entre garantir a ordem no município e contribuir com a cultura e diversidade, através da mensagem do rock nacional.
“A Banda surgiu no ambiente de trabalho, nessa mesa aonde conversamos. Temos nossos intervalos das refeições e nesses momentos de descontração trazíamos os violões e tocávamos algumas canções para desestressar da rotina do dia a dia”, comenta Henderson Soares, guitarrista da banda.
O começo
“O que ninguém percebe, é o que todo mundo sabe. Não entendo terrorismo, falávamos de amizade”. Esse é um trecho da primeira música que os quatro amigos cantaram junto oficialmente. Em 2019, em um tributo à banda Legião Urbana, realizado na Biblioteca Municipal Orlando Lima Lobo. No mesmo ano, a banda se apresentou no Carajás Centro de Convenções durante as programações da 1º Festa Literária de Marabá e no bloco Gaiola das Loucas, no carnaval.
Hoje eles se apresentam em diversas casas noturnas da cidade e se esforçam para conciliar o trabalho de Guarda com o de artista. “Temos conseguido uma abertura nos plantões e organizamos para que não batam com os dias de show. Quando não dá mesmo, são realizadas trocas. Mas é exceção. Nós trabalhamos com sistema de plantões então dá para conciliar”, explica.
Desde que começaram as apresentações, a banda só parou mesmo durante a pandemia, devido aos protocolos de segurança adotados pelo município. Nessa época realizaram uma live solidária que pode ser assistida no Canal do Youtube do banda.
“Estávamos decolando e deu um quebrada, aterrissamos novamente”, brincam . “Nesse período tivemos que ficar standby, fizemos apenas a live no Youtube. Com a liberação, ficamos felizes que os convites continuaram vindo. Nos apresentamos no Araguaia, Choperia N1, Locomotiva, entre outros”, reforçam.
Repertório
Atualmente o repertório da banda fica entre o rock e o pop rock, totalmente focado para o nacional. “Decidimos valorizar o nacional. Até então as bandas fazem tributos e valorizavam mais bandas internacionais, deixando rock nacional meio de lado. Por isso adotamos a ideia de homenagear somente rock nacional e essa é nossa bandeira, está dando certo”, comenta Charles Sousa, baixista.
O vocalista Frank Sales explica que sua inspiração na hora de cantar vem de Cazuza, ex-vocalista do Barão Vermelho e autor de clássicos como “Exagerado”, “O Tempo Não Para” e “Ideologia”, no entanto, Legião Urbana é sua banda preferida e que o levou ao mundo da música. “Marcou minha adolescência, desde os 13, 14 anos era ouvindo Legião Urbana todo dia. Amo mesmo essa banda”, comenta Frank.
Legião também é a banda preferida de Henderson Soares. “Foi meu primeiro contato com o rock e mantenho esse carinho”.
Para Diego Souza, guitarrista base, é difícil escolher um som preferido. “Curto Raimundos, Ultraje a Rigor, Capital Inicial. São muitas bandas que coloco no mesmo patamar”, explica.
Para Charles Sousa, que também se arrisca no vocal e se define como “mais eclético”, a banda preferida é Titãs. “Eles fazem um som de rock, mas que, às vezes, puxa para o reggae e outros estilos. Algo mais misturado e que acho muito legal”.
“Nossa banda tem uma situação diferente que fazemos, uma brincadeira, o Charles canta também, às vezes ele solta o baixo e pega guitarra. Fazemos essa mesclagem em cima do palco. O pessoal, às vezes não entende, mas o rock, a música é isso”, comenta Frank.
O repertório é composto principalmente por bandas como essas, que vão dos anos 80 até os anos 2000. “A gente gosta do estilo, mas Marabá estava tendo só sertanejo. Nada contra o sertanejo, mas aqui tem bandas boas de outros estilos. Decidimos fazer o negócio e conseguimos ajudar a alavancar. As bandas da cidade de outros estilos têm ganhado um novo ânimo”, comemoram.
O futuro
A banda no momento já trabalha com músicas autorais, mas ainda não chegaram a tocá-las em shows. “Tocamos uma vez em uma Web Rádio. A gente pensou em começar com os tributos, ganhar espaço e depois ir para as autorais, mas a verdade é que talvez estejamos um pouco acomodados com isso, está na hora tocar”, comenta Frank. Ele e Charles são os compositores do grupo. “Incerteza” e Nova flor são duas das músicas compostas por eles, respectivamente.
“Na verdade a minha música não tinha um nome específico, até brincávamos sobre essa incerteza, acabei de cravar o nome. Pronto agora vocês ajudaram a nomear minha música”, brinca Frank.
Também está em negociação a primeira apresentação da banda fora do solo marabaense: no Rock Roça em Parauapebas. A banda também estuda produzir um festival de rock na cidade, chamado FeijoRock. “Tocaríamos e traríamos várias bandas. Estamos correndo atrás de patrocínio. Agora voltamos da pandemia e veremos se esse projeto sai ano que vem. No momento estamos priorizando as agendas que vem uma em cima da outra”, destacam.
Dia Internacional da Música
Para Charles a música vem de berço. “Faz parte da minha natureza, minha família é descendente de cigano, então sempre teve musica. Alguém sempre estava tocando algo. Meu avós e tios eram pandeiristas de bandas do sertão. Desde muito pequeno meu tio, que era canhoto, pegava o violão e batia ritmo. Tocava nas igrejas. Nasci tocando, nem sei quando aprendi, vejo foto minha de 1998 já com violão na mão”.
Para Frank Sales, “a música é uma balança. Quando estou feliz ponho um rock estourado, quando estou triste arrocho um Legião mais nostálgico e vou chorar e curtir a tristeza. Todo mundo ouve musica”.
“A Música é uma terapia. É para viajar no tempo. No futuro, no passado. Tirar o stress do dia. É meu hobby , é uma profissão. Mas é acima de tudo uma companheira. Todos os momentos que preciso a música está lá para mim”, comenta Henderson Soares.
“Você sempre recorre à musica, seja triste, ou alegre com a música você vai reviver momentos. Vai relaxar, viajar, ir para outro mundo. Você fecha o olho e se imagina em outro universo”, Diego Souza.
Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Aline Nascimento