Cultura: Para matar a saudade, Splendor Junino realiza ensaios diários para o festejo
Em 1997, quando a Splendor Junino foi fundada, Priscila Matos, 37 anos, estava lá, dançando. Leiziane de Souza tinha 12 anos quando dançou quadrilha pela primeira vez pela Splendor, seguindo uma tradição de 7 irmãos apaixonados pelo festejo junino. Já Ramille Azevedo, estreou na junina com 9 anos e agora encara a responsabilidade de ser a noiva.
Elas e outros 37 brincantes da Splendor estão ensaiando todos os dias para participarem do retorno do São João em 2022, após dois anos parado. Todas são unânimes e estavam morrendo de vontade de retornar às quadras para participarem de uma paixão que faz parte da vida delas desde a infância.
Por elas e pelos outros apaixonados pelo festejo junino de Marabá, a Splendor Junino traz o tema “Chega de Saudade” para as apresentações deste ano. “Nada melhor que contar a história dessa saudade que sentimos. A expectativa é grande porque o arrepio corre na pele, é falar da alma, faz bem para a gente. Só quadrilheiro de verdade sabe do que estou falando. Será um reencontro com as outras juninas e com a gente mesmo”, explica o coordenador Jean Souza.
Esse sentimento é partilhado por Ranylli Azevedo. “Estava junto no dia da escolha do tema. Nada melhor que celebrar e chega de saudades! A emoção toma de conta nos ensaios para que tudo aconteça como planejado. O período pandêmico foi muito difícil. Não tem como falar de São João e não se emocionar. Eu chorava, foi muito triste não ter essa festa e essa emoção”, compartilha a noiva.
Ela iniciou a vida de quadrilheira na Chapéu de Couro aos 7 anos e dois anos depois foi para Splendor e desde o retorno da junina, ocorrido em 2013 após uma breve pausa, permanece por lá, se tornando noiva em 2019. “A responsabilidade é um pouco maior. Todos têm responsabilidade, mas quem é noiva as pessoas mais atrás se espelham em você, no que você faz, se você erra, eles podem errar”, comenta.
Leiziane de Souza também é direta. “O que a gente mais quer é dançar e participar do festejo, competir e ganhar”. Ela conta que sua mãe já participava das juninas, incentivando os filhos a participarem. “Falo para o meu filho que acho que vou dançar até quando estiver bem velhinha. Minha mãe comprava pano, sapato pra fazer roupa, antigamente as roupas vinham da família. Minha mãe sempre gostou e a gente dava um jeito. Hoje damos um jeito”, compartilha.
Priscila Matos recorda da época dos “Três Mosqueteiros”, o primeiro tema a ser trabalhado pela Splendor, lá em 1997. “Tinham brincantes que já faleceram e guardo muitas boas memórias. Não desmerecendo os brincantes de hoje em dia”.
Ela conta que a quadrilha funciona como uma terapia. “Diversão que traz paz, a gente esquece os problemas. Só sabe explicar a quadrilha quem ama. Temos que fazer eventos, correr atrás. Convido quem queira conhecer porque é uma paz que dá. É uma coisa sensacional. Muita gente não dá valor, pergunta se não temos o que fazer. Nós temos o que fazer, mas amamos fazer isso aqui e passamos esse amor para outras pessoas”, conclui.
A Junina Splendor completa 25 anos de história em 2022, história que começou com 3 amigos que amavam o São João e fundaram a Junina em 12 de março de 1997. A junina foi fundada no Bairro Francisco Coelho e ajuda a socializar crianças e adolescentes por meio da arte, cultura e lazer. Eles já participaram de concursos nacionais de juninas em Belém, em 2016 e 2021, e ganharam várias disputas municipais e estaduais.
Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Paulo Sérgio