Cultura: Tradição, história e conhecimento marcam I Giro Cultural no museu
Durante três dias (22 a 24/04) Marabá vivenciou uma festa de cultura, no Museu Municipal Francisco Coelho com a realização do I Giro Cultural no Museu, organizado pela Fundação Casa da Cultura de Marabá. O trecho da Avenida Getúlio Vargas, que fica em frente ao Museu, foi interditado para que o palco e duas tendas fossem montadas acolhendo crianças, jovens e adultos no primeiro dia do evento.
Primeiro dia: Homenagem a festa do Divino
Com o objetivo de resgatar um elemento importante da cultura popular e mostrar às crianças e jovens a importância de fortalecer a história da cidade, Vanda Américo, presidente da FCCM, explica que percebeu a necessidade de mostrar aos jovens que fazer cultura é fundamental para alcançar esse objetivo.
“Um povo sem cultura é um povo sem história. Nós estamos fazendo história nesse momento. Temos a oportunidade, na FCCM, de lançar vários livros e revistas homenageando personalidades que fizeram e fazem parte da história de Marabá. E precisamos homenagear essas pessoas em vida, reconhecendo a contribuição que deram para o desenvolvimento de um povo”, disse Vanda, emocionada.
Com uma extensa programação cultural, o evento iniciou as homenagens pelo Divino Espírito Santo. Durante a manhã foi feito o lançamento do Livro “Festa do Divino Espírito Santo”, que contou com a presença e a participação dos 17 Divinos do município.
A tradição do festejo está entrelaçada com a história de Marabá. Segundo os foliões mais antigos, as primeiras coroas – símbolo maior da divindade – desembarcaram no município no início do século passado, vindo de regiões do Nordeste e Centro-Oeste do Brasil.
De acordo com os relatos, era comum ver nas ruas de Marabá as pessoas acompanhando as peregrinações do Divino, que visitavam casa por casa. Essa, inclusive, é uma das tradições que praticamente desapareceu.
“É um momento de muita emoção. A gente convive com essa tradição a vida toda. E na fala da Vanda, me emocionei demais. Ela conhece a história do nosso município e, quando lembrou da minha avó, não me contive. Foram tantos ensinamentos bons que tive da minha avó, e em sua fala, Vanda retratou um pouco da nossa história, da nossa vida e da nossa cultura, que é uma cultura religiosa, que une as famílias”, falou emocionado, Ademar Gomes Dias, presidente de honra da Associação do Divino Espírito Santo de Marabá.
Feliz pelo sucesso e participação das pessoas no evento, Vanda Américo afirmou que durante sua infância e juventude frequentou as festas do Divino. E ver a tradição passando de geração em geração, enche seu coração de alegria. “Fico muito feliz em ver filhos, netos e bisnetos levando adiante essa devoção. Sou do Bairro Santa Rosa e sempre frequentei o Divino da Maria Pretinha”, relembrou a presidente da FCCM, agradecendo a presença de cada um dos representantes dos Divinos que estiveram presentes ao evento.
Durante a ocasião, foi feito o lançamento do Livro do Divino, idealizado por Vanda Américo e executado pela Fundação Casa da Cultura de Marabá.
Segundo dia: Boi Bumbá Marabazim se apresenta para a comunidade
O segundo dia do Giro Cultural no Museu começou em uma manhã de sábado ensolarada. As ruas da Marabá Pioneira ficaram mais coloridas com crianças, jovens e adultos vestidos de azul e vermelho (fazendo alusão às cores dos bois Garantido e Caprichoso).
Com chapéus de palha enfeitados com fitas de várias cores, músicos da Banda Waldemar Henrique, crianças da Fundação Casa da Cultura de Marabá, Praça da Juventude, Instituto SERVI e EMEF Mendonça Vergolino fizeram a festa dançando e cantando com o Boi Marabazim e as lendas amazônicas.
Boiuna, Porca de Bobes, Nego D´água, Saci, Matinta Pereira e o mais recente chegado, Tucunaré, encantaram os brincantes que acompanharam o evento em frente ao Museu Municipal Francisco Coelho.
“É muito bonito ver todas essas pessoas aqui. Precisamos valorizar a cultura. O Giro Cultural veio para ficar. E a gente espera melhorar e transformar o evento em algo muito maior. Mostramos as nossas lendas e que as próximas gerações conheçam, como a Porca de Bobes brincando com as crianças. Foi lindo demais! Me emocionei”, disse Vanda Américo, presidente da FCCM.
Além dos músicos da Casa da Cultura, Zé do Boi, do Flor do Campo entoou músicas animando os brincantes.
Banda da FCCM prestigiou o evento Mirtes Emília, editora científica, conta que Meio ambiente é destaque entre artigos
Terceiro dia: Lançamento da revista Sumaúma
Indexada para 19 países, a revista científica “Sumaúma”, da Fundação Casa da Cultura de Marabá, traz pesquisas importantes feitas na região, por estudantes e pesquisadores do sul e sudeste do Pará.
Com o objetivo de incentivar a pesquisa, o desenvolvimento científico e a facilidade do acesso à informação, a Revista Sumaúma é destaque no cenário internacional. A décima segunda edição, lançada no último domingo, 24, conta com treze artigos absolutamente orgânicos e permeados pela marca da autoctonia.
A presidente da FCCM, Vanda Américo, afirma que a instituição valoriza os temas relacionados à Amazônia. “Isso é muito importante para qualquer cidade, ter um boletim científico. Aqui em Marabá, a Fundação também tem. Isso é fantástico”, diz.
Divulgar as pesquisas que estão sendo feitas na região é de suma importância, e Vanda Américo ressalta que o prefeito Tião Miranda sabe disso, por isso apoia os projetos científicos. “Ele está preocupado com a pesquisa. Nosso boletim tem essa pegada, de fortalecimento desses artigos e estudos”, finaliza Vanda.
Durante a apresentação da Revista Sumaúma, Vanda Américo contou com a presença de Mirtes Emília, editora científica da Revista, Isaque Souza, educador patrimonial, e dos professores e parceiros no projeto, Bernardo Tomchinsky, Felipe Siqueira e Geovanni Cabral.
“Noventa e nove por cento dos nossos artigos são sobre o Meio Ambiente, esse ano. Não que nós tivéssemos fechado a temática, nossa revista é livre, tudo que você produz sobre pesquisa no sul e sudeste do Paraense pode enviar pra Fundação Casa da Cultura que o nosso conselho analisa e estando sobre o assunto nós aceitamos”, enfatiza Mirtes Emília.
Foram imprimidos 300 exemplares, mas a revista pode ser acessada no site em formato PDF, no site da Fundação. A revista está sendo distribuída por escolas, professores e bibliotecas públicas.
A Banda Waldemar Henrique deixou o clima mais agradável com seu charme e profissionalismo em músicas e sons.
Texto: Leydiane Silva e Ana Mangas (Ascom FCCM)
Imagens : Aline Nascimento e Ascom FCCM