Dia dos Animais: Semma e Fundação Zoobotânica atuam na preservação e conservação da fauna ameaçada
Entre os animais resgatados estão os felinos Simaria e Simone e o Campeão, que têm histórias de resgate, sobrevivência, cuidados e amor.
Os animais no Brasil têm um dia especial voltado a eles, lembrado nesta terça-feira, 14 de março. Entre os objetivos da data está a conscientização da importância dos animais no meio ambiente, além de incitar os cuidados com esses seres vivos, tanto os domésticos, quanto os silvestres que, frequentemente, estão ameaçados pelo homem.
Em Marabá, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) é um dos órgãos de referência na apuração de denúncias de crimes contra os animais, ao mesmo tempo que a Fundação Zoobotânica de Marabá (FZM) atua em parceria com o município na preservação e conservação da fauna ameaçada.




Em 2022, a Semma realizou 15 processos administrativos por maus-tratos. Este ano, um processo por esse crime ambiental já foi efetivado. “Nós temos um veterinário aqui. Ele acompanha a equipe da fiscalização na verificação dessas denúncias. Através da análise dele com o animal, é emitido um laudo para saber se está acontecendo maus-tratos ou não. Desta feita, a equipe de fiscalização notifica a pessoa em questão para o bem-estar do animal. Uma vez, com esse laudo, sendo positivo, a pessoa responde a um processo administrativo. Pode ser uma advertência, uma multa”, explica Paulo Chaves, coordenador de fiscalização da Semma.



de fiscalização da Semma
No caso da comprovação de maus-tratos, em nível mais grave, a Semma ainda pode encaminhar o caso à Polícia Civil. Outros parceiros no trabalho, segundo a Semma, são a Guarda Municipal por meio do Grupamento de Proteção Ambiental, o Corpo de Bombeiros e o Centro de Controle de Zoonoses, estes atuam principalmente quando há necessidade de resgate.
“O nosso serviço é de apuração de denúncia, não é um serviço de recolhimento de animais”, esclarece Paulo Chaves.
Outro dado importante é a doação de animais à Fundação Zoobotânica, oriundos de apreensões durante as ações de fiscalização da Semma. Em 2023, até o momento foram encaminhados 14 animais silvestres ao Parque Zoobotânico, como c jabuti, macaco, anta, curica, curió e outros pássaros.
Para realizar uma denúncia anônima sobre crimes ambientais, a população pode entrar em contato com a central de atendimento por meio do telefone (94) 3312-3350, Whatsapp (94) 98198-3350/ 3312-3350 ou pelo aplicativo do Disque Denúncia Sudeste do Pará.



Parque Zoobotânico é porto seguro para animais resgatados, retirados da natureza
No Parque Zoobotânico de Marabá, às margens da BR-155, próximo ao Parque de Exposições de Marabá, vivem mais de 200 animais, de ao menos 30 espécies diferentes retirados do habitat natural em algum momento, que após o resgate, apreensão ou devolução foram encaminhados pelos órgãos ambientais ao abrigo. O espaço possui 1.560 hectares de reserva, permitindo aos animais o contato com a natureza.
Entre os animais estão aves, mamíferos e répteis, incluindo algumas espécies raras ou ameaçadas de extinção, é o caso do gavião-real, onça pintada, leopardo, macaco cuxiú e um guariba ruivo, os dois últimos estão no grupo dos recém-chegados na fundação.



Alex Dias, médico veterinário da FZM, é o responsável por cuidar da saúde dos bichos e atua, principalmente, na prevenção. Ele destaca que, em diversas situações, os animais chegam com quadros de saúde delicados, isso porque a maioria deles foi vítima de tráfico ou domesticação.
“A gente faz uma avaliação prévia, medicina veterinária preventiva, para evitar justamente problemas futuros. Fazemos uma bateria de exames, pegando um grupo e outro, ou mesmo indivíduos, para realizar exames completos e ter todas as informações de saúde para tratar bem os animais. A gente fica muito chateado porque, muitos deles, correm o risco de ficar o resto da vida em cativeiro e isso não contribui para a manutenção da espécie na vida livre”, afirma o veterinário.

A FZM é uma instituição mantida por doações e, atualmente, entre as principais parceiras estão a Sinobras, Ministério Público, Federação das Unimed, Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Estado (Semas), Conselho Municipal de Meio Ambiente e a Prefeitura de Marabá, por meio do Fundo Municipal de Meio Ambiente e da Semma. Mas ainda há espaços para novos colaboradores, visto que a despesa é grande. Só entre alimentação e construção de recintos são investidos, mensalmente, uma média de 20 mil reais, de acordo com a presidência da fundação.
O médico e ambientalista Jorge Bichara é quem está à frente da FZM há cerca de 22 anos. O médico tem um amor incondicional pelos animais. Basta chegar no espaço para haver a troca de carinhos entre ele e os bichos, desde aqueles mais mansos, como macacos e aves, aos mais selvagens, a exemplo das onças, daí a motivação para manter o foco em colaborar com a conservação e preservação dos animais.
“O Parque Zoobotânico é justamente um ponto um porto seguro de apoio para tantos animais que são retirados da floresta e não tem para onde ir. A maior parte é que os caçadores matam as mães e pegam os filhotes e esses filhotes são abandonados, estão em casas, maltratados. Casa não é lugar para criar esses animais. A gente se esmera, nós temos muitas dificuldades. Mas a gente vai tentando fazer o melhor. Tentar, pelo menos, que uma parte desses animais volte à natureza. Essa é a nossa função. Cuidar deles! E os que não podem voltar, paciência. Vamos ficar com eles a vida toda até a hora que que Deus quiser”, declara o ambientalista.

Para Jorge Bichara, é preciso ter consciência de que no mundo onde vivemos todos tem o seu papel no Meio Ambiente.
“Temos que conhecer a alma dos animais, a partir desse dia tudo que acontecer com o animal vai repercutir na gente. Mas é preciso ter consciência de que os animais fazem parte da nossa vida, do nosso dia a dia, do nosso meio ambiente. Nós não podemos nunca nos desvencilhar e achar que só nós aqui somos importantes. Nós vivemos num contexto. Em um ambiente em que tudo conta, desde a floresta aos animais”, acrescenta Jorge Bichara.
Foi nesse porto seguro, que as irmãs Simone e Simaria, onças pintadas vindas da região do pantanal ainda filhotes, encontraram abrigo. As felinas foram entregues por um fazendeiro do município de Cumaru do Norte, e atualmente têm dois anos. No parque, elas recebem cuidados diários com direito a atendimento clínico com veterinário, acompanhamento direto por biólogo e tratadores, bem como, refeições de acordo com a dieta delas, o mesmo acontece com todos os outros animais do parque.



Segundo Kivia Reis, bióloga da FZM, as irmãs felinas estão abrigadas em um recinto adaptado e com enriquecimento ambiental para proporcionar o bem-estar da espécie. O espaço conta com mobília a exemplo de troncos, escadas, árvores, tanque de água, dentre outras técnicas para atender as necessidades das onças que adoram se exibir aos visitantes, com destaque para a Simaria.
“As onças do pantanal são maiores em comparação com as da Amazônia, até mesmo por conta do bioma delas. Então, a gente olha naquela visão de que não é o mais forte que sobrevive, mas aquele que mais se adapta às mudanças. A Simone e Simaria adoram interagir com tudo do recinto. Gostam de se espreguiçar. Brincam com tudo e tudo elas põem dentro da água. A Simone é a mais ativa das duas “, comenta a bióloga, inclusive na hora das refeições.


Outro felino que também tem o carinho dos funcionários e do presidente da FZM é o Campeão. O leopardo recebeu esse nome, após escapar da morte pelo menos sete vezes. O felino já teve uma das patas quebradas, sobreviveu a uma forte infecção e venceu uma obstrução intestinal, que evoluiu para a retirada da metade do intestino.



Quem desejar conhecer o Campeão, a Simaria e Simone e os demais animais, basta visitar o Parque Zoobotânico, que é aberto ao público para visitação de quarta-feira a domingo, das 08h da manhã às 15h. O agendamento somente é necessário em caso de visitas para alunos de escolas ou realização de trilhas. Este agendamento pode ser feito pelo telefone: (94) 99162-3026. Para ajudar na manutenção do parque solicita-se a contribuição de R$ 4,00 para crianças até 10 anos, para as demais pessoas a taxa é de R$ 6,00.
Saiba mais sobre a FZM no instagram da instituição
https://instagram.com/zoobotanicomaraba?igshid=YmMyMTA2M2Y=
Texto: Leydiane Silva
Fotos: Sara Lopes