Dia da Mulher: Servidoras vencem preconceito para conquistar seus espaços
Apesar de muitas funções ainda serem majoritariamente exercidas por homens, as mulheres mostram que, seja qual for a profissão, elas são capazes e desempenham qualquer papel com excelência. Em Marabá, as duas motoristas da Secretaria de Assistência Social, Proteção e Assuntos Comunitários (SEASPAC) Cleudes e Elksandra, a Gari Alcileia e a Agente de trânsito Joaneide têm se destacado nos cargos.
Cleudes Guimarães de Farias, de 46 anos, em 2011 deixou de ser apenas dona de casa para se tornar a grande profissional que é. Antes de ser concursada na Prefeitura, ela trabalhou em duas empresas, uma mineradora e um frigorífico no município, locais onde enfrentou um certo preconceito até conseguir mostrar o potencial.
“No início foi um pouco estranho, fui criada sempre cuidando da casa e da filha, mas agora não quero mais ficar nos afazeres de casa, quero ficar sempre na rua trabalhando. Na mudança de dono do frigorifico, todas as motoristas mulheres foram demitidas e na mineradora nenhuma gerência quis me colocar com os maquinistas que viajavam para fora, o rapaz nem quis fazer um teste, falou que não queria mulher, mas um dia o gerente precisou de um motorista reserva, gostaram tanto do meu trabalho que depois pediram para eu ficar naquela gerência”, contou.
A motorista agora se sente completa ao trabalhar no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) de Morada Nova. Se orgulha da mulher que se tornou e também dos rumos que a filha de 24 anos, estudante do curso de engenharia da computação, está tomando. Cheia de satisfação, ela fala que prefere a Cleudes decidida e capaz de hoje, do que aquela “Amélia” que só cuidava de casa.
“Acredito que não existe profissão que a mulher não possa realizar, hoje a mulher domina tudo. Para as mulheres que ainda não conseguiram correr atrás dos sonhos, a mensagem é que pense positivo, que vá à luta, procure algo para se sentir bem feliz”, destacou.
Quem também consolidou seu espaço no mercado de trabalho como motorista e, hoje, trabalha na SEASPAC é a Elksandra Ferreira da Silva, de 38 anos. Ela felizmente nunca sofreu nenhum preconceito nas duas empresas que trabalhou anteriormente. Mas condena aquelas piadas (de mal gosto) de mulher no trânsito.
“É gratificante desempenhar meu trabalho, até mesmo porque é muito difícil ver mulheres motoristas. Surgiu um desejo de seguir essa profissão a partir de 2013 quando tive oportunidade. Nunca tive nenhum problema de preconceito pela profissão, aliás recebo muitos elogios. Já as piadas são puro machismo, porque a mulher tem conquistado seus espaços”, destacou Elksandra que deixou um recado para as mulheres. “Faça a diferença no meio dos homens, porque és capaz”, completa.
Outra mulher que mostra capacidade todos os dias no que faz é a agente de trânsito Joaneide Oliveira, de 41 anos. Ela trabalha no Departamento Municipal de Trânsito Urbano (DMTU) há oito anos. Deixou de ser uma vendedora de autopeças para ser concursada numa profissão composta na maior parte por homens. Vaidosa, sem esquecer o batom, ela conta que é tratada pelos colegas e pelo público com muito respeito. Com uma filha de um ano e meio, a mãe, esposa, dona de casa e profissional, é só orgulho da carreira e estabilidade financeira que conquistou. Em Marabá há 15 mulheres agentes do DMTU mostrando que lugar de mulher é onde ela quiser.
“Eu tenho orgulho de mim e da minha vida, hoje eu ganho bem. Nosso trabalho é bem remunerado, estou satisfeita. Eu me sinto bem trabalhando na segurança, embora algumas pessoas vejam a gente como carrasco por causa das multas, mas não é assim, a gente está para organizar o trânsito. O que mais desejo para minha filha é que seja uma pessoa de bem com a vida, honesta e feliz e a mensagem que eu deixo para as mulheres é não se acomodar, sempre buscar o melhor e o estudo é o canal de acesso pra melhoria de vida e emprego”, declarou.
Cada vez mais as mulheres estão conquistando espaços antes renegados a elas. As conquistas revelam que não existe função ou profissão exclusiva de homem ou de mulher, mas que elas só precisam de oportunidades para que os potenciais sejam mostrados. Aos 46 anos, Alcilene Fernandes tem uma história de garra. Há 13 anos deixou de ser vendedora de espetos de carne, para ser gari, a profissão que ama e que ajuda na criação dos oitos filhos.
“Sempre quis ser gari porque gosto de fazer a limpeza das ruas, a maioria dos garis são homens e algumas pessoas não aguentam o serviço. Eu começo às sete da manhã e paro às cinco da tarde, com duas horas de intervalo para o almoço. É um trabalho que eu gosto de fazer e todo mundo gosta do meu serviço. Eu me orgulho de ter essa profissão até hoje. Para as mulheres que ainda não estão fazendo o que gostam, meu recado é que sigam em frente e não desistam”, disse.
Ela esclarece que, no final do dia, depois de um banho e um creme cheiroso, a Alcilene funcionária dá lugar a uma mãe dedicada, uma esposa cuidadosa e a mulher feliz e lutadora que se tornou.
Texto: Kélia Santos
Fotos: Jéssika Ribeiro e Paulo Sérgio