Dia do Arqueólogo: Dedicação no resgate das civilizações e culturas passadas
Em Marabá, a FCCM guarda um rico acervo no Núcleo de Arqueologia, Etnologia e Educação Patrimonial
No dia 26 de julho, o Brasil comemora o Dia Nacional do Arqueólogo. A data instituída em 2008 reconhece a importância desse profissional que se dedica a estudar as sociedades que viveram em épocas passadas, por meio de vestígios deixados por elas. Em Marabá, por exemplo, o Núcleo de Arqueologia da Fundação Casa da Cultura de Marabá, (FCCM), inaugurado em 2019, guarda um importante acervo, próximo a um milhão de artefatos, que conta sobre o modo de vida dos primeiros povos dessa região.
Foi a interdisciplinaridade e a importância da arqueologia para a sociedade que fez com que Marlon Prado escolhesse a área para atuação. O arqueólogo, atual presidente da FCCM, lembra que os primeiros contatos com os achados históricos aconteceram durante os estágios no curso de agronomia.
“Eles não tinham a escrita propriamente dita, encontramos então outros vestígios mais duradouros às intempéries do tempo, como a cerâmica e o lítico, artefatos feitos de rochas. E o arqueólogo tem que sair cavoucando e pegando informações daquele local, que nós denominamos de sítio arqueológico. Cerâmica, caverna, pintura rupestre, aquilo ali, é um sítio arqueológico, então só tem isso, vários profissionais de outras áreas trabalhando contribui”, observa o arqueólogo, que é graduado em agronomia e mestre em arqueologia.
As pesquisas em campo deixaram Marlon fascinado pela atividade e já são quase 20 anos contribuindo com o resgate da história das populações pré-históricas da região. Trabalhando na FCCM, ele acompanhou e contribuiu com o Núcleo de Arqueologia, tido hoje como referência nacional e internacional.
“O que sei fazer é arqueologia, e é isso que busco, contribuir com o conhecimento para Marabá, sobre os primeiros habitantes, logicamente da expansão desses grupos na região Sul e Sudeste do Pará, onde temos sítios arqueológicos registrados em diversos municípios”, destaca.
Núcleo de arqueologia e suas contribuições
O Núcleo de Arqueologia, Etnologia e Educação Patrimonial da FCCM, inaugurado em dezembro de 2019, funciona em um prédio moderno, com armários deslizantes, que abriga a reserva técnica, material colhido e catalogado por mais de três décadas.
O acervo que resgata a memória da região trabalha com o salvamento arqueológico, a curadoria de artefatos arqueológicos e etnológicos, atividades de campo para identificação e registro de sítios arqueológicos, documentação de manifestações culturais, coletas de materiais e análises laboratoriais das peças coletadas e manutenção de acervo.
O núcleo desenvolve ainda serviços e consultorias especializadas em Educação Patrimonial, principalmente por meio de atividades voltadas para valorização e preservação da cultura e Arqueologia de Contrato.
De acordo com Marlon Prado, uma rica coleção da tradição arqueológica Tupiguarani, por exemplo, atraiu pesquisadores de renome até Marabá, como André Prous, um dos primeiros arqueólogos que veio para estudar o acervo presente na reserva técnica da FCCM, bem como, outros pesquisadores da USP, Rio de Janeiro, e demais locais do país e de fora dele.
“A fundação tem um papel muito importante de salvaguardar e termos aí, chegando a ter quase um milhão, pode se dizer, de artefatos arqueológicos, cerâmicas, líticos, até ossos, inclusive. Então temos essa reserva técnica de uma forma diferenciada, porque na maioria no Brasil é fechada só pra pesquisa, e aqui, ela tem uma exposição dentro da reserva técnica pra visitação, público, estudantes”, ressalta.
Prado informa também que o Núcleo de Arqueologia da FCCM já tem mais de 325 sítios arqueológicos identificados e cadastrados. “Mas sabemos que existem outras dezenas, as pesquisas continuam. Recentemente datamos um sítio arqueológico, no município de Parauapebas, em uma caverna, de 12 mil anos, um dos mais antigos da região. As datações mais antigas, beiravam 8 mil anos, poucos 9 mil anos. A equipe da FCCM coletou um carvão de uma estrutura de fogueira que nós identificamos, mandamos para o Beta Analytic, laboratório da Flórida, nos Estados Unidos, e tivemos retorno, dessa datação”, enfatiza Prado.
Marlon destaca as parcerias do núcleo com instituições de ensino como a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará- Unifesspa, Universidade Estadual-Uepa e Instituto Federal do Pará-IFPA, com estagiários do curso de história, por exemplo. “Em Marabá temos mais um aparato cultural, que é o Museu Municipal, lá nós temos uma sala específica de arqueologia, inclusive o primeiro sítio arqueológico identificado pela Casa da Cultura, na década de 70, que é o sítio Espírito Santo. Quem quiser visitar a Casa da Cultura é só agendar a visita” convida o presidente da FCCM.
Texto: Leydiane Silva
Fotos: Paulo Sérgio