Dia do ciclista: Prática se populariza em Marabá
De acordo com levantamento da Associação Brasileira do Setor de Bicicleta houve aumento de 50% na venda de bicicletas em 2020 em relação ao ano anterior. Com a pandemia, atividades físicas foram ainda mais incentivadas, inclusive pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que vê na atividade uma forma de incentivar um estilo de vida saudável, com a prática podendo ser realizada ao ar livre e sem aglomeração. Dia 19 de agosto é comemorado o dia nacional do ciclista.
Cleidione Lima é contadora e foi apresentada ao ciclismo por colegas da faculdade há 6 anos. Ela começou participando de um grupo de pedal duas vezes por semana e, desde então, não deixou mais a atividade. Ela conta que a atividade chegou quando estava passando por momentos difíceis na vida pessoal.
“Eu pedalo todos os dias e utilizo a prática do ciclismo como um meio para me manter fisicamente bem e saudável. Eu emagreci 21kg há três anos. Para mim é uma forma que eu tenho de me resgatar, de fazer novas amizades, de me divertir, porque o nosso dia a dia é corrido, intenso, e quando eu saio para pedalar, geralmente a noite, é o momento em que eu me sinto livre, me sinto eu, e ao mesmo tempo também estou cuidando da minha saúde que é o mais importante”, ressalta.
O grupo que ela participa teve iniciou em 2014 com o empresário Alexson Freitas juntamente com sua esposa. No início era composto por menos de dez pessoas. Atualmente, são mais de 40 participantes ativos, que participam dos pedais às terças e quintas a noite e das trilhas de até 120km aos finais de semana.
“O grupo começou da nossa necessidade de praticar um esporte que não fosse trancado em quatro paredes. É um esporte que abrange todas as idades. Vemos crianças de 3, 5 anos e até idosos de 80, 90 anos que praticam. No início, eu e minha esposa fomos chamando outras pessoas para participarem, motivando e mostrando os benefícios do esporte”, pontua Alexson Freitas.
Alexson Freitas
O empresário destaca os benefícios que a prática traz para a saúde. “Quando você pedala, se sente bem, dorme bem, ganha vigor físico. É só benefício. Eu desconheço uma pessoa que pratique o esporte e que não tenha benefícios”, reitera.
De acordo com o educador físico Denner Matos, a modalidade, de fato, traz inúmeros benefícios para o praticante. O ciclismo auxilia na redução de peso, melhora a resistência muscular, o sistema cardiorespiratório, auxilia no controle do colesterol e pressão arterial, além de melhorar a circulação sanguínea e ajudar no convívio social.
Ele relata que começou a praticar o ciclismo quando chegou aos três dígitos na balança, há quatro anos. Após uma consulta com endocrinologista e exames laboratoriais descobriu o diabetes. “Como o ciclismo é uma modalidade de baixo impacto, comecei as minhas atividades com o pedal e hoje tive bons resultados, consegui perder 25kg, melhorei o meu condicionamento físico e consegui reverter o quadro de diabetes”.
Atualmente, existem mais de dez grupos de pedal pela cidade e, durante a pandemia do coronavírus, a procura pela atividade aumentou consideravelmente, como observa Denner Matos.
“Vem crescendo o número de adeptos. Devido ao fechamento das academias, muitos tiveram a opção de fazer atividades ao ar livre. Como o ciclismo é um esporte democrático e sem contraindicações para idades, muitos adquiriram bicicletas. Outro fator foi que as políticas públicas começaram a enxergar com bons olhos essa modalidade com a criação de ciclofaixas para garantir a segurança dos praticantes”, destaca.
Denner Matos
Atualmente, o perímetro urbano de Marabá conta com uma ciclofaixa de 550 metros no início do núcleo Marabá Pioneira e 20 km na Rodovia Transamazônica no trecho entre o KM 6 e as imediações do aeroporto. Com a ampliação das ciclofaixas, os praticantes só têm a comemorar.
“Só temos a agradecer à gestão municipal por essa benfeitoria, ao DNIT, que também tem a sua parceria, sem ele não teria ocorrido. Que não fique só nessa quilometragem e que possa expandir para os outros núcleos. Gratidão mesmo, muito obrigada. Nós estávamos precisando, não só nós ciclistas como também as pessoas que usam a bicicleta para ir ao trabalho. É elogiável a forma como a gestão administra nossa cidade, dou parabéns”, observa Cleidione Lima
O Departamento Municipal de Trânsito e Transporte Urbano (DMTU) desenvolve ações voltadas para os ciclistas. Nas palestras ministradas pelo setor de Educação no Trânsito há segmentos, materiais e vídeos direcionados exclusivamente para esse público.
Entre as determinações do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) estão a diminuição da velocidade dos outros condutores quando se aproximam dos ciclistas, distância mínima de 1,5 metros. Com a mudança no CTB em abril deste ano, essas infrações passaram a ser gravíssimas.
Com o arrefecimento da pandemia e a abertura gradual das atividades, o DMTU criou o grupo Pedal Seguro voltado para as lideranças de ciclismo da cidade e, assim, desenvolverem atividades conjuntas.
“Eu penso que vai contribuir muito, vai ser um marco nas atividades voltadas aos ciclistas, com atividades educativas e orientações de trânsito para os ciclistas e os demais condutores sobre seus papéis. Devemos cuidar do ciclista. Entre os atores do trânsito, o ciclista e o pedestre são os mais frágeis”, ressalta o coordenador de Educação no Trânsito do DMTU, Rogério Mathias da Silva.
Rogério Mathias da Silva, coordenador de Educação no Trânsito do DMTU
Para quem quer iniciar a prática do ciclismo é necessário ter acompanhamento médico e com profissional de educação física para avaliação física. Além disso, também é necessário ter os equipamentos de segurança como capacete, pisca-pisca e farol, bem como realizar manutenção frequente na bicicleta.
“A principal dica que eu dou hoje é a pessoa dar o pontapé. Não ficar pensando “não vou conseguir”. A pessoa tem que perder o medo. O convite fica para todo mundo que quer vir pedalar. Porque é bom demais cuidar da saúde, é bom demais usufruir de tudo aquilo que a gente faz, essa é a importância do ciclismo”, aconselha o empresário Alexson Freitas.
Além do sentimento de coletividade que o ciclismo propõe, há também o senso de cuidado e respeito que os praticantes da atividade exigem como agentes que fazem parte do trânsito.
“Nós pedimos mais consciência e que as pessoas entendam que um ciclista é uma vida, não só na ciclofaixa mas no trânsito como um todo. Que as pessoas respeitem um ao outro, tenham mais amor ao próximo, tenham mais paciência. O que falta é paciência. São pessoas que parecem que vivem no corre corre e esquecem de manter a calma, porque dessa vida não levamos nada, então respeito ao próximo. é isso que eu peço”, finaliza Cleidione Lima.
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Paulo Sérgio e Jordão Nunes