Dia do fotógrafo: Das Tekpix às grandes lentes, Jordão Nunes e seu estilo único de captar as belezas de Marabá
“Eu uni duas paixões, a cidade que eu nasci Marabá, com a fotografia”
Jordão Nunes
Em época de exaltação da imagem nas redes sociais, tempo recorde entre tirar uma foto e postá-la, tudo instantaneamente. A fotografia deixou de ser um processo demorado e conta atualmente com a tecnologia, como sua maior aliada. É neste cenário que é celebrado o Dia do Fotógrafo, 8 de janeiro, profissional responsável por registrar e editar momentos que não voltam. Em Marabá, diversos fotógrafos, quer amadores ou profissionais se destacam no cenário local e fora dele. Jordão Nunes, de 38 anos é um exemplo de profissional que ganhou fama Marabá afora, em pouco tempo subiu de level (como ele mesmo costuma chamar nível, assim mesmo, no estrangeirismo).
Filho de Marabá, tímido e ao mesmo tempo carismático, sempre proativo e autodidata (pode até ser chamado de Rodrigo Hilbert de Marabá), Jordão conseguiu desenvolver suas próprias técnicas, em um estilo único e totalmente autoral de captar as belezas marabaenses. Ele têm telas espalhadas por quase todos as grandes redes de supermercados, shoppings e outros estabelecimentos do município e até fora do Brasil, além de ter ganhado prêmio no concurso da Rede Globo intitulado “Foto Centenário”. O leitor acompanha a entrevista ping pong com o fotógrafo Jordão Nunes.
P- Qual foi o primeiro contato com a fotografia?
Meu primeiro contato com a fotografia é recente. Há muitas pessoas que pensam que eu fotografo há muitos anos, mas não, foi entre 2010 e 2011, através da natureza o meu primeiro contato. Sempre gostei de fotografar insetos, aranhas, formigas, moscas e uma das primeiras fotografias de insetos que fez eu me apaixonar mais ainda foi de uma abelha em uma flor, no quintal da minha casa, em 2011. Isso que despertou a paixão, eu queria focar o mundo dos insetos. A natureza em si.
P-Como começou essa paixão pela fotografia?
No mundo da fotografia chamamos de fotografia macro, que é o mundo minúsculo. Daí começou minha paixão, por esse tipo de foto. Já entrei na era digital, não cheguei a fotografar na era analógica, com filmes, poses. Já comecei com máquinas digitais que gravava em disquetes, cartões, depois exportava pro computador.
Quando iniciei a fotografia era a época dos flogões, orkut, então peguei as primeiras fotografias de insetos e divulguei, fez muito sucesso, foi aí que nasceu a ideia de fotografar a cidade. O pessoal gostou do mundo macro e fui explorar outras áreas, comecei a fotografar a natureza, flores, árvores, mudas, plantas nascendo, brotos, paisagens da cidade e comecei a divulgar nas redes sociais que no tempo era flogão e orkut, foi na transição do final do flogão para o orkut quando tudo começou. Foi quando eu criei também uma página de Marabá e comecei a divulgar a cidade em si e as paisagens do município com a minha visão, como eu via a cidade naquela época.
P-Quando a fotografia começou a virar segunda renda ?
Eu iniciei justamente na época da febre da câmera tekpix, lembra do comercial que iniciava “Vamos falar de coisa boa, vamos falar de TekPix?”, era tudo junto, tv digital, mp3, mp4, rádio e ainda fotografava. Poucas pessoas souberam que era furada no início e entraram na onda. Mas eu mantive minha câmera digital que era uma Sony, pequena. Começou a virar renda depois do sucesso das redes sociais, depois do orkut quando estava entrando para o Facebook, o pessoal gostava muito das minhas fotografias e eu sempre divulguei, elas pediam as fotografias para imprimir em quadros. Eu fazia doações. A partir daí algumas pessoas começaram a me chamar para fazer registros de eventos, inaugurações e obras e comecei a cobrar. Foi na época que o antigo Pátio Marabá (shopping) fez a inauguração e daí entraram em contato comigo para comprar algumas fotografias e colocar nas paredes do shopping, foi uma média 54 fotografias que eu vendi, para colocar nas paredes do shopping. Nessa época vários estabelecimentos começaram a me procurar, como grandes empresas, Vale, Sinobras, Supermercados Lider, Mateus e Atacadão. Desde então começou a virar minha segunda renda, meus trabalhos de noite, finais de semana e feriados.
Eu subi de level porque eu acho minha cidade, Marabá, linda e resolvi registrá-la de todos os locais possíveis. Eu ia à noite, fotografava de madrugada, onde eu passava pensava nas fotos, e se estivesse sem o equipamento eu voltava para registrar o que eu achei interessante. Podemos dizer que eu uni duas paixões, a cidade que eu nasci Marabá, com a fotografia.
P-Qual fotografia te deixou famoso?
Uma fotografia que ficou bastante famosa em 2013 foi quando eu ganhei concurso de fotografia da TV Liberal, “Foto centenário” http://redeglobo.globo.com/pa/tvliberal/noticia/2013/03/concurso-foto-centenario-conheca-foto-vencedora.html , na época ganhei uma câmera digital como prêmio. Foi uma foto da orla de Marabá em tempo de cheia dos rios, na elevação das águas, e ficou muito marcante.
Depois dessa fotografia vieram várias outras que também ficaram famosas, até ganhei alguns outros concursos, estão espalhadas por bares, lanchonetes em Marabá, no Brasil e fora do país também em estabelecimentos. Isso é muito satisfatório.
P-Fale um pouco sobre sua história. (As raízes de Jordão)
Meu pai é maranhense, minha mãe é paraense, eu sou filho de Marabá, fui criado na Avenida Itacaiúnas, entre Cidade Nova e Bairro Liberdade. Vim de uma família humilde, no tempo não tinha oportunidade de ter ao menos máquina analógica, nem digital. Por volta de 2010 consegui ter uma máquina digital.
Hoje na cidade de Marabá, qualquer lugar que você pare, você consegue fazer várias fotos, antes ficávamos presos a orla e pôr do sol. Eu me esforçava para pegar alguns ângulos inéditos com técnicas que aprendi, por conta própria. Eu sempre gostei muito de tecnologia e quis aprender como funcionava, montava e desmontava. Eu sempre fui autodidata, tudo que sei hoje foi por curiosidade e testando.
Têm muitas pessoas hoje que me perguntam quais locais fiz cursos de fotografias, eu pouco pesquisei, porque não queria desenvolver técnicas de terceiros. Hoje tenho meu jeito de fotografar. Muitas pessoas me procuram perguntando se dou aula de fotografia, mas eu tenho dificuldade de passar, porque sempre fui tímido, no tempo da escola, fui o rapaz que segurava o cartaz, mas não sou didático. Isso dificulta eu dar aula. Mas, amo o que faço e sou muito feliz nessa área.
Confira algumas fotografias de Jordão Nunes:
Texto: Emilly Coelho
Fotos: Jordão Nunes