Dia dos Namorados: Festejo Junino esquenta corações e dá início a várias histórias de amor
Todos os anos, milhares de brincantes festejam o São João na Praça da Z-30, Velha Marabá. Mas bem antes das apresentações que encantam o coração dos marabaenses, muito trabalho, ensaios e histórias acontecem nos bastidores desta grande festa junina do Estado.
Nesse Dia dos Namorados, contamos para vocês três histórias de amor que começaram no Festejo Junino de Marabá e que se fortalece com o passar dos anos, assim como a a cultura.
Plano infalível
No dia 19 de junho de 1996, aos 14 anos, Manoel Dias traçou um plano e decidiu que iria criar coragem para conquistar a que considerava ser a menina mais séria da Junina Fogo no Rabo, Gisele Soares, na época com 15 anos. Os dois faziam par nos ensaios da quadrilha.
“Naquela época, eu era um pouco tímido em relação a chegar nela. Ela era muito séria e essa seriedade foi me conquistando. Nesse dia, eu decidi que ia tomar a iniciativa, planejei todo um texto, mas na hora acabei só abraçando ela e na hora da despedida falei…”, começa a contar Manoel Dias que é interrompido por Gisele, que completa: “Não está esquecendo de nada, não”.
Ali aconteceu o primeiro beijo que ainda está na memória do casal. “Foi exatamente as 11h45min”, relembra Manoel. “Eu registro porque é o que minha filha fala, que ela acha lindo nossa história e ela sempre cita essa frase. A frase antes do beijo que me conquistou para vida toda”.
Emanuelly Vitória foi planejada, decididos a ter um fruto do seu amor, o casal fez tratamento para Gisele engravidar. A decisão veio após cerca de 8 anos de namoro e depois mais 8 anos, morando juntos. O pedido de casamento seguiu o ritual clássico. “Decidi seguir para o casamento, o plano que tentei fazer antes, ensaiei o discurso e dessa vez consegui falar, ajoelhei, beijei a mão e fiz o pedido oficial, se ela queria casar comigo”, conta.
Os dois atuam até hoje na Fogo no Rabo e não escondem a importância do Festejo Junino em suas vidas. “É difícil, hoje, olhar a Fogo no Rabo e não passar esse filme. Me sinto orgulhoso de deixar esse registro para posteridade. Para verem que a quadrilha não é só diversão, mas um anseio de companheirismo, paz, amor e relacionamento de família”, completa Manoel.
Amor de infância
Amigos desde os 5 anos de idade, Daniel Silva e Ana Gabriella Dias iniciaram a sua história romântica em 2009, quando tinham 14 anos. Os dois dançavam em grupos de dança da equipe mirim da Fogo no Rabo e fizeram da parceria de dança um relacionamento que promete durar pra vida toda.
“Sempre dançamos juntos desde o grupo, não era só quadrilha, fomos criando aquele amor, aquela vontade de estar perto o tempo todo e a quadrilha ajudou nesse processo”, conta Daniel.
O casal que já mora junto há sete anos, oficializou a relação com casamento há sete meses atrás. Hoje os dois já não dançam mais, mas atuam na diretoria da Junina. A tradição da dança, no entanto, é mantida pela pequena Lívia Dias, de 1 ano e 4 meses, que já participa da festa também.
Há 13 anos juntos, o casal conta que ainda pensa em ter mais dois filhos para dar continuidade ao legado da Fogo no Rabo e relembram do início da relação e dos apoios que tiveram. “Traz várias lembranças boas para nós, da avó dela que influenciou muito para ela dançar, era bastante amiga da minha mãe, vivia dentro da diretoria da quadrilha e hoje já se foi. A Junina toda funciona com uma família e o São João é sempre especial para gente”, completa.
Companheirismo
Em 2008, a Junina Fogo no Rabo começou o trabalho com o Bloco Fogo no Rabo. “Era um sonho ter os dois e a Junina já tinha sua história”, conta Ademar Dias, coordenador geral da Junina. A iniciativa que prometia expandir mais, acabou expandindo também o coração de Ademar.
Com a criação do Bloco, Ariele Cristina foi levada por uma amiga a participar de disputa interna para ver quem concorreria como a musa do carnaval pela Fogo no Rabo. Ariele, que não era do Bairro Santa Rosa sofreu resistência, mas acabou sendo escolhida. Representou a Junina e ganhou não só como Musa do Carnaval 2008, como também ganhou o coração de Ademar.
Os dois tiveram alguns affairs, mas o relacionamento mesmo só começou em 2012. Passando por dificuldades, Ademar abriu seu coração. “Eu desabafei sobre as dificuldades, problemas financeiros, problemas psicológicos, a dificuldade de manter a junina naquele ano. Acabei desabafando com ela e nunca imaginei que seria o princípio de um namoro” relata.
A iniciativa do namoro, no entanto, partiu de Ariele. “Primeiro veio a paixão pelo carnaval, como representante de bloco para mim foi muito desafiante. Eu entrei para a família Fogo no Rabo, me senti muito bem, fui bem acolhida. E veio aquele interesse, ele era uma pessoa muito séria e eu mais solta, mas nosso santo bateu desde a primeira vez que o vi”, conta ela.
A paixão pelo festejo junino é o que move os companheiros. “Ariele é meu braço direito, uma pessoa que me completa muito, gosta do que eu gosto. É difícil um relacionamento que se complete. Às vezes as pessoas têm que ceder muito e isso vira um problema, que nós não temos. A gente se entende, se ajuda e se apoia. Agradeço muito por ter conhecido uma pessoa assim, que é companheira de luta e faz por amor”, se emociona Ademar.
“A vida foi generosa de me entregar uma pessoa assim, exemplo como pai, amigo, marido e irmão. Admiro muito ele como pessoa e tudo que ele entra, faz bem, seja na igreja, no futebol, na quadrilha, na catequese. É um exemplo para mim e todos quadrilheiros da cidade”, conclui Ariele.
Que essas histórias sirvam para inspirar a todos e lembrar que o festejo junino é tempo de alegria, diversão e por que não de viver um grande amor? Que todos dancem bastante, comam milho, pamonha, cuscuz e prestigiem a cultura da nossa cidade, sempre lembrando que dentro de cada fantasia ou em cada metro quadrado das arquibancadas, há um coração que é importante para alguém. Viva o São João, Viva a festa junina e Feliz Dia dos Namorados!
Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Aline Nascimento
Mais fotos do festejo junino que esquenta corações: