Cidade: Trajetórias de feirantes da Folha 28 mostram lutas e conquistas do dia a dia
Nesta sexta-feira, 25, é celebrado o Dia do Feirante, profissional autônomo com grande importância na rotina das pessoas, garantindo o comércio de frutas, verduras, hortaliças e outros produtos, oferecendo, de brinde, simpatia e criatividade no atendimento.
O dia de um feirante começa muito cedo, ainda de madrugada, quando organiza as coisas para levar para a barraca. Na famosa feira da Folha 28 ou simplesmente Feira da 28, como é conhecida, que foi reinaugurada em janeiro deste ano, os feirantes chegam para atender os ‘fregueses’ às 7 horas da manhã e, muitas vezes, só vão embora de tardezinha, quando o sol já está se pondo.
Essa rotina se repete de domingo a domingo, sem folga, como é o caso do senhor Raimundo Mota, conhecido como Liberdade, feirante há 25 anos. Ele conta que antigamente trabalhava no garimpo e quando cessou a extração de ouro, ele migrou para o mercado informal Marabá. “Daqui tirei o sustento da minha família, daqui formei filho. Me sinto muito feliz sendo feirante”, relata.
Raimundo acorda às 5 horas da manhã e depois de fazer atividade física, desloca-se para a feira. No domingo, precisa estar uma hora mais cedo, já que o dia é de maior movimento, quando chega a vender cerca de 500 quilos de hortifruti por semana, comprado de caminhões vindos de outros estados do país.
Do lado do seu Raimundo, fica a barraca do Willyston José Ferreira, feirante há 8 anos. Seguindo uma tradição de família, com apenas 13 anos, ele já ajudava a mãe e um tio na Feira da 28 aos finais de semana, onde aprendeu a negociar, passar troco e chamar o freguês. “Queria ter meu próprio dinheiro e para isso comecei a vender banana. Montei minha barraca e trabalhei com isso até 2020, depois comecei a mexer com melancia, uva, farinha, que compro em caminhões que vêm de fora e fornecem para a cidade toda”, enumera.
Outra feirante há menos tempo, mas com muita história para contar é Vandir Nascimento, feirante há cerca de um ano e oito meses.
“O que faz eu amar isso aqui é a questão de ter acesso a diversos tipos de pessoas. Acho que é isso. Conheço muita gente e acabo tendo contato, principalmente com pessoas de fora, porque aqui acaba sendo um ponto turístico. Então sempre que as pessoas querem levar algo pra fora, pra outra cidade, tipo Castanha do Pará, azeite de coco, Tucupi. Então sempre vai vir na feira. E isso eu gosto, ter acesso a pessoas de fora”, conta.
Desde janeiro, a Feira da 28 está em um novo espaço com cobertura, iluminação e boxes divididos em setores de secos, como farinha e milho, frutas e verduras, variedades, e nas tendas e barracas, agricultura familiar, além de pescado e carnes.
“Eu gostei pela acessibilidade das pessoas a nós e também para a gente poder se organizar, para poder oferecer mais produtos, mais itens, uma diversidade maior de itens. Eu acho que o acesso ficou mais fácil. Isso, com certeza. O público também mudou, principalmente dia de domingo, porque acaba sendo uma curiosidade para as pessoas. Muitos vêm dia de domingo para poder ver o que tem a mais. São 40 boxes na semana, mas domingo chega a ter mais de 300 pessoas trabalhando aqui”, exemplifica Vandir.
O que é ser feirante para você?
“É um orgulho ser feirante. Eu gosto de estar em contato com os clientes, conversar sobre frutas, pois gosto de trabalhar com frutas”, Willyston José Ferreira.
“Ser feirante pra mim é uma troca de conhecimento. Porque todos os dias chega alguém aqui que, por exemplo, ele vai ver o azeite de coco, então ele vai querer saber como é feito aquilo ali. Eu gosto de explicar como que é retirado, o trabalho que dá pra trazer até aqui, o acesso, toda essa logística. Aí eles já citam sobre outros itens que tem na cidade deles, então eu gosto disso. Eu gosto dessa troca de informação. E é um aprendizado frequente aqui. Eu gosto da feira por isso”, Vandir Nascimento.
Texto: Fabiana Alves
Fotos: Secom