Dia do Feirante: Trabalhadores da Feira da Folha 28 comemoram novo espaço que será entregue
Neste dia 25 de agosto é comemorado o dia do feirante, em homenagem à primeira feira livre no país, no ano de 1914, em São Paulo. Em Marabá, há algumas feiras tradicionais, como a Feira da Folha 28, na Nova Marabá, que está em novo espaço, e a Feira do bairro Laranjeiras, na Cidade Nova.
Entre os feirantes marabaenses, encontramos o Raimundo Mota. Ele acorda todos os dias, às 4 horas da manhã para uma caminhada e às 6 horas começa a lida diária: trabalhar na Feira da Folha 28. No ofício de feirante lá se foram 27 anos vendendo frutas, verduras e legumes.
O trabalho de Raimundo segue até às 19h e todos os dias recebe mercadorias, que vêm de algumas partes do país como Maranhão, Pernambuco e Bahia. “O trabalho do feirante é uma coisa muito boa, ele é muito pesado, é um trabalho muito cativo, muito duro. A gente acorda muito cedo. Dia de domingo o horário da noite…a gente acorda 3 horas. Mas é um trabalho muito gratificante, graças a Deus. Eu me sinto bem feliz sendo feirante”, ressalta.
Assim como Raimundo, Elizabeth Souza também é uma das 40 feirantes cadastradas na Feira da Folha 28. Ela trabalha no ofício há trinta anos e conta que tem uma horta no fundo do quintal da casa. A horta é cuidada pelo esposo e de lá o casal tira a maior parte dos produtos vendidos na banca, como cheiro-verde e cebola.
A rotina da Elizabeth é um pouco diferente. Acorda às 6 para 7 horas estar na feira, onde trabalha até no máximo duas da tarde. “Aqui nós tiramos o sustento todo dia. Aqui é o principal, nosso serviço aqui para tirar o sustento nosso. É maravilhoso. Criei meus filhos aqui, fiz minha casa daqui e estou vivendo daqui”, afirma.
Ir à feira faz parte da cultura do brasileiro e é um momento importante para quem gosta de escolher criteriosamente os alimentos que entram em casa. Além disso, é um espaço de socialização e de vínculos. O principal dia de vendas, de acordo com os feirantes, é o domingo, momento em que a feira fica cheia com mais vendas, encontros e conversas.
“A gente arruma amizade, os fregueses da gente. A gente conhece quase todo mundo. É muito bom. Eu acho muito bom que os fregueses venham, que tanto nós precisamos deles, como eles precisam da gente… Todo mundo é ajudado tanto de um lado como do outro”, explica Elizabeth Souza. E quando perguntada pelos descontos, ela afirma rindo: “Tem desconto, sim!”.
Weler Vila Verde é de Goiás e sempre trabalhou com vendas e desde o início do ano está atuando na feira da Folha 28. Todos os dias, ele e a esposa ficam até 7 horas da noite vendendo frutas. Uma parte do que é vendido vem da região, como limão, mamão, maracujá, laranja e abacate. Segundo Weler, as pessoas estão mais preocupadas com a alimentação e isso reflete nas vendas.
“Fruta sempre vende. O pessoal está se cuidando mais. Então, isso faz muito bem para a saúde e o pessoal está acordando mais para esse lado. Eles estão buscando qualidade de vida”, ressalta.
Algo interessante que o feirante reitera é que, na feira, muitas vezes, as pessoas vão ao local apenas para conversar ou ter um momento em que sejam ouvidas. “Nós somos ouvintes também das pessoas. Tem pessoas que vêm aqui para conversar. Eles trazem os problemas deles de lá. E lá, às vezes, nas casas deles não tem alguém para ouvir. Então, eles vêm aqui e se abrem com a gente, conversam. Eu acho isso importante até mesmo para a sociedade em si, é um bom relacionamento, crescimento, aprendizado. O mais importante é o tratamento, ter respeito e educação para receber as pessoas”, reflete.
Novo espaço
Nós próximo meses, a Prefeitura de Marabá entregará a nova estrutura da Feira da Folha 28. Segundo a Secretaria Municipal de Viação e Obras Públicas (Sevop), a obra já está em fase de acabamento. O calçamento e a estrutura dos boxes já foram finalizados. Já os portais de concreto estão em conclusão, faltando apenas o paisagismo como uma das últimas etapas. Os feirantes estão animados para a entrega.
“Deus é maravilhoso todos os dias. Então, com aquele galpão ali, com tudo novo, eu acredito que vai ser tudo melhor. E a gente andar de cabeça erguida todos os dias. Isso é muito importante, muito bom. Eu tenho fé que vai melhorar bastante, acredito que até no fornecimento das nossas frutas aqui para as pessoas, preço, em tudo. Eu acredito que vai ser nota dez, show de bola”, pontua Weler Vila Verde.
A espera vai valer a pena para Raimundo Mota. Segundo ele, é a primeira vez, nos 27 anos que atua na feira da 28, que ele trabalhará em um espaço como o que está sendo construído.
“A expectativa para a nova feira, para mim, meus colegas feirantes, receber um patrimônio daquele dali padronizado, bonito, bem feito, higienicamente bem arrumado. Está de parabéns o feirante e está de parabéns o poder público”, finaliza.
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Paulo Sérgio