Dia do Fotógrafo: Arte de fotografar muda a vida de marabaenses
Quantas histórias cabem em uma foto? Quais sentimentos você tem ao ver a foto de uma criança? E ao ver a foto de um homicídio? Dos seus amigos se divertindo? E de um casamento? Imagens despertam emoções e a fotografia é uma arte que nos ajuda a tornar eternos esses sentimentos e revivê-los sempre que quisermos.
Mas ao vermos uma foto, há outras histórias que também estão sendo contadas e que não aparecem nas imagens. Neste 8 de janeiro, Dia do Fotógrafo, contaremos histórias de pessoas que escolheram, ou foram escolhidos, pela fotografia e que fazem dela sua arte e sua profissão.
Estilo de Vida
Há 26 anos Carlos Raphael, 41 anos, ganhou seu primeiro pagamento e correu para comprar uma câmera fotográfica. A paixão pela fotografia começou cedo, brincando com câmeras quebradas, da época que ainda se revelava os filmes, que tinha em casa. “Era lá por 1994/1995 sempre tínhamos muitos álbuns, muitas fotos reveladas em casa e eu sempre tive essa vontade”.
O menino, morador da Rua Barão do Rio Branco, Marabá Pioneira, não sabia, mas foram quase 20 anos para que a fotografia deixasse de ser uma ‘brincadeira’ ou um hobby e começasse a tomar outras formas. “A gente sempre gasta uma grana nos hobbys né. Familiares ficavam me chamando de doido por gastar com isso, mas eu não bebo, não fumo, não tenho vício, então trouxe essa energia para fotografia”, conta.
Antes de Carlos Raphael se tornar o Rapharazzo ele trabalhou no setor administrativo de algumas empresas, entre elas a Vale do Rio Doce. “Ganhava bem para a média nacional. Mas sentia que faltava algo. Eu já estava saturado do mercado de trabalho comum das 8h às 18h. Já tive propostas de retornar, devido à minha experiência. Mas sou mais feliz na fotografia”, afirma.
Hoje ele trabalha com ensaios individuais do público feminino, eventos infantis, casamentos, formaturas e conta que a nova profissão mudou sua perspectiva de mundo. “Fotografia é uma paixão, um estilo de vida. Com os trabalhos passei a ver o mundo com outros olhos. Cresci culturalmente, percebendo coisas que às vezes não percebemos, um enquadramento, um olhar, um sorriso, a diversidade de sentimentos”, descreve.
Mas o Rapharazzo não deixou de ser menino. Ele conta que tem a mãe como rainha e heroína que de tantas que fotos que já bateu, a que mais lhe marcou retrata exatamente este tema.
“Minha fotografia preferida é um casamento que fiz e a mãe do rapaz o abraçou de um jeito muito bonito. Depois conversei com ela e ela disse que a foto refletia tudo que passou na cabeça dela, sobre o filho que ia sair de casa. É uma foto marcante que sempre que pego relembro a história, por conta desta forte relação entre mãe e filho. Uma foto simples, mas que retrata um sentimento enorme”.
Maternidade
Se os filhos fotógrafos se emocionam, as mamães fotógrafas não seriam diferentes. Adotada quando criança, Sara Lopes comprou sua primeira máquina em 2016, quando estava grávida. O objetivo: Registrar os momentos e a infância dos filhos.
“Foi pensando na maternidade e quis muito uma máquina. Comprei aquelas TekPix para fazer umas fotos melhores dos meus filhos”, conta
Fazendo fotos das crianças e de filhos de conhecidos, ela se especializou no tema. A vontade de fotografar as crianças tornou-se profissão e hoje sua especialidade é fazer ensaio de crianças e gestantes. “Hoje a fotografia é minha principal fonte de renda. Ainda sou nova na área. Aprendo muito com meus colegas, mas sempre tem trabalho aparecendo”, comemora.
Recentemente Sara iniciou um novo desafio em sua vida. Produzindo fotos jornalísticas para o site e redes sociais da Prefeitura de Marabá. Ela é a responsável por algumas das fotos que serão vistas nesta matéria.
Ela tem como meta fazer faculdade de odontologia, mas não esconde o carinho pelo que a fotografia tem proporcionado em sua vida. “Fotografia representa eternizar estes momentos tão bonitos na minha vida, como foi à maternidade”.
Salvação
Há 12 anos Josseli Carvalho, trabalhando de mototáxi clandestino buscava uma forma de se erguer. Oportunidade que conseguiu graças à fotografia. Bastante emocionado, ele conta que gostava de ir à Praça Duque de Caxias ler os jornais, na parte de matérias policiais, tema que sempre lhe despertou curiosidade.
“Andando de mototáxi pela cidade eu via as cenas e sempre curioso, comecei a bater fotos. Comprei uma máquina pequena e perguntei no Jornal Correio como que dava para fazer para obter matéria de rua e dar para eles. Me falaram que era só levar”.
Foi exatamente o que ele fez. Começou a fotografar, produzir suas próprias matérias e levar ao jornal Correio de Carajás. “Quando via homicídio, briga de rua, briga em festa, eu levava para eles. Chegou um dia que perguntaram se eu queria ficar na empresa e a partir dali me tornei repórter policial de rua do jornal”, orgulha-se.
Hoje Josseli é famoso. Se você anda pelas noites marabaenses há uma boa chance de já ter cruzado com ele alguma vez. “Mototáxi, taxista, polícia, as pessoas da rua, até mesmo alguns bandidos passaram a me conhecer. Procuro sempre fazer amizade e ser gentil com todo mundo”, destaca.
Além do sustento, a fotografia também lhe rendeu boas histórias. “Sempre tem história dos casais. Digo que eu já juntei muitos casais que estavam brigando e fizeram as pazes por causa da foto. Mas já causei algumas brigas também. Tem um rapaz aí, namorador, que já brigou com várias namoradas por causa de fotos que bati”, brinca.
Ela conta que sua foto preferida foi tirada em um Círio de Nazaré, quando fotografou um idoso. Ao oferecer a foto para família houve muita briga pelo valor e os que queriam e os que não queriam comprar a foto. “Muitos defenderam porque eles não tiveram o cuidado de registrar o momento. Essa foto acabou me marcando. Passamos por muitas situações emocionantes, de pais chorando nos casos de crimes, adolescentes que a gente pensa como foi parar naquela vida. Acidentes. A alegria das festas Para cada situação é uma emoção”, conclui.
Sempre ligado ao Jornalismo
Paulo Sérgio atua na equipe de jornalismo em Marabá há mais de 15 anos. Sempre em busca do melhor ângulo e da melhor imagem.
“Tenho a honra de fazer parte do jornalismo de Marabá há muito tempo. Na Secom estou há 7 anos e é gratificante principalmente registrar o sorriso das pessoas ao ver um benefício da gestão chegando para elas”, ressalta Paulo Sérgio.
De pai para filho
Também há quem trouxe a fotografia do berço. Breno Pompeu, filho do famoso fotojornalista marabaense, Ulisses Pompeu, iniciou na fotografia desce cedo por influência do pai.
“Sempre me interessei, mas começei mesmo a fotografar com 13 anos, quando conseguia acompanhá-lo. Sobrava uma câmera por um tempo, eu ia e tentava. Ia acompanhando e aprendendo”, comenta.
Ele começou fazendo fotos da natureza, por influência do amigo Jordão Nunes, (clique aqui e leia matéria com ele) autor da foto que abre a matéria, por sinal uma de suas preferidas.
Jordão gosta de fotografar a natureza, mas produz outras imagens também.
“Por causa do Jordão comecei a me interessar por fotografia da natureza”, conta. Hoje Breno trabalha com fotografias de eventos, mas mantém um perfil para sua paixão. “Tenho um perfil brpompeufotos e lá eu coloco um pouco das fotografias que amo fazer. Mantenho a mais como um hobby também, para não ficar tudo só pelo dinheiro, tem que ter a paixão”, explica.
Ele conta que fotografar para ele é “um alívio, desestressa”. Sua fotografia preferida é de uma das artistas drag queens mais famosas do Brasil, Glória Groove. “É uma artista nacional e é uma fotografia que me chama atenção, pois me mostra que sempre dá para chegarmos a algum lugar. A fotografia é um bom caminho”.
A filha de Breno tem 7 meses e é bastante fotografada por ele. “No futuro pretendo ensinar ela, mas por enquanto ela só é fotografada e parece gostar muito”, brinca.
Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Sara Lopes, Paulo Sérgio, Jordão Nunes, Josseli, Breno Pompeu, Rapharazzo e Natália Costa