Secult: Marabá celebra o Dia Municipal do Livro e da Leitura em homenagem ao escritor Eduardo Castro
Em Marabá, a Biblioteca Municipal Orlando Lima Lobo é um espaço democrático em que o público pode ter acesso a um acervo com 10 mil livros, além de ações de incentivo à leitura, rodas de leitura, encontro com escritores, desafio literário com participação do público, e programações por meio das redes sociais.
Neste acervo, há muita literatura produzida por nossas pratas da casa, os escritores da nossa cidade. Um deles, in memoriam, Eduardo Castro, que foi presidente da Academia de Letras de Marabá (ALMA). E uma forma de homenagear o poeta Eduardo Castro, falecido em 2017, a Câmara Municipal de Marabá aprovou e o prefeito Sebastião Miranda sancionou a Lei nº 17.945, que instituiu o Dia Municipal do Livro e da Leitura em Marabá, celebrado em 8 de outubro. Uma forma de implementar ações de incentivo à leitura e ao acesso ao livros nas escolas de Marabá, assim como valorizar os autores da terra.
Evilangela Lima, Coordenadora da Biblioteca Municipal, explica que a Lei nº 17.945 é essencial para promover o acesso ao livro e aos espaços de leitura.
“Estamos um passo à frente criando o Dia Municipal do Livro e da Leitura. É importante a gente lembrar essa data e fazer com que as pessoas possam refletir sobre a importância da leitura, do livro, e como Marabá tem uma turma de escritores, um movimento literário muito forte, que faz com que a gente dê mais importância para o livro e para a leitura. Comemorar esse dia, falar desse dia, tornar esse dia conhecido é a nossa missão”, ressalta.
Alana Silva faz mestrado em Antropologia na Universidade Federal do Pará (UFPA) em Belém e aproveita o espaço da biblioteca para estudar, planejar projetos profissionais e realizar leituras.
“A gente precisa de um espaço assim, acessível e gratuito. E a importância da leitura é aquela coisa que eu sempre lembro de uma propaganda antiga do governo federal que dizia assim ‘Leia mais. Ler também é um exercício’. E aí a gente exercita nossa mente, nossa criatividade. A gente consegue trabalhar uma autoconsciência e uma consciência coletiva da sociedade, através da leitura”, pontua.
A poetisa Eliane Soares é coordenadora do projeto Marabá Leitora, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação (Semed), e dentro dos objetivos do projeto estava a criação de uma legislação que desse suporte ao incentivo à leitura na cidade. Diante disso, a lei surgiu a partir das diversas ações do projeto. Eliane escreveu o então projeto de lei, que foi levado ao legislativo municipal e aprovado pelos vereadores, sendo sancionado pelo prefeito Sebastião Miranda, no dia 5 de novembro de 2019.
Para a escritora, que já tem quatro livros publicados, a lei reafirma o forte caráter cultural e literário de Marabá, que tem uma produção artística muito rica.
“A gente tem muita gente boa nessa cidade, muitos talentos, muitos artistas, que produzem o tempo todo. Uma biblioteca fantástica com uma inserção muito grande na cultura local. Eu sou muito apaixonada pelo que nós fazemos aqui. Eu acho que é isso que a gente precisa fortalecer, vitalizar e fazer os jovens irem por esse caminho. A cultura nos dá identidade, vínculos coletivos. A cultura é muito importante. As artes têm um papel muito importante na criação de uma identidade regional, de uma identidade como ser humano também. O que está por trás disso é a gente se tornar mais humano por meio da literatura”, destaca.
Um dos objetivos da lei é a implementação de ações que promovam a leitura e o acesso ao livro nas escolas de Marabá e uma aproximação maior entre autores e obras locais com os estudantes. Nesse sentido, a Biblioteca Orlando Lobo tem levado adiante diversas ações junto às escolas da rede municipal de ensino, como explica a coordenadora do local, Evilangela Lima.
“Sempre que podemos, vamos às escolas e levamos escritores para fazer rodas de conversa, contação de histórias. Estamos sempre dispostos a ir e também a receber. Aqui é um espaço exclusivo dos livros, aí eles vão ter acesso aos livros, manusear, ler, sentir esse gostinho porque o livro é fascinante, possui esse fascínio, esse encantamento. Uma criança, quando pega um livro, já tem uma atitude leitora. É um momento de descoberta do livro, da leitura. Eles vão ter uma experiência que eles vão perceber que é legal esse contato. Trazer os alunos aqui para a biblioteca é uma experiência maravilhosa”, conclui.
Homenagem
A data escolhida, 8 de outubro, faz referência ao nascimento do poeta Eduardo Castro, que faleceu aos 67 anos. Ele foi fundador da Academia de Letras de Marabá (ALMA) e deixou várias obras, entre elas estão: “Olhos nos olhos”; “O palhaço profeta I”; “O palhaço profeta II”; “Tributo à vida”; “O verbo viver”; “Estação Vida”; “Sempre por amor”; Pau-Brasil” e “Tributo a Rio Sono”.
“Ele era um grande poeta aqui da nossa cidade, um grande fomentador da leitura, tinha muito amor pelo trabalho que desenvolvia junto ao município de Marabá, arregimentando novos escritores, promovendo a leitura. Era uma pessoa muito apaixonada pela poesia, pela escrita e por Marabá. Ele teve uma morte extremamente triste, muito violenta e muito injusta. A lei como o Dia Municipal do Livro e da Leitura foi uma homenagem ao trabalho que ele desenvolveu durante muitos anos na cidade”, explica Eliane Soares.
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Paulo Sérgio Santos e arquivo