Dia Nacional do Futebol: Time feminino mostra paixão pelo esporte nas quadras
No Dia Nacional do Futebol, as jogadoras mostram garra e energia com a bola no pé
A paixão pelo futebol reúne não só os homens. Hoje em dia domina boa parte do público feminino também. É o caso das jogadoras do time Virtuosa Futebol Clube que demonstram todo o seu amor pelo esporte nas quadras e nos campos. No Dia Nacional do Futebol, comemorado hoje, 19, vamos conhecer um pouquinho da história de algumas delas.
A idealizadora do time é a própria treinadora, Stifhani Paula Santos, 37 anos, que joga futebol há mais de 20 anos, desde a adolescência, incentivada pelo pai, que também era treinador de futebol.
“Na época em que comecei, o futebol feminino não era tão valorizado, não tinha muita abertura, ainda mais aqui no interior. A gente brincava na rua. Campos, quadras, eram só para meninos, mulheres não brincavam tanto”, argumenta.
Stifhani foi embora por algum tempo para Belém, tornou-se mãe, teve que parar com o esporte, e ao retornar para Marabá, sua irmã Hudslene Pereira a convidou para participar de um projeto de futebol feminino.
“Eu comecei a ir nos treinos e aquela paixão ressurgiu. Eu fiquei super interessada. Quando eu voltei e vi que estava diferente o esporte aqui em Marabá, que o futebol feminino tinha mais abertura, mais meninas participando, meninas que têm muito potencial, eu fiquei muito animada em formar o time”, pontua.
A treinadora ainda relata que a ideia de montar o time veio à medida que o grupo, formado de última hora, ia ganhando força nos campeonatos. “A gente jogava na rua e quando tinha campeonato, chamava uma menina aqui, outra ali, e participava, mas eu comecei a perceber que não daria certo sem os treinos e entrosamento. Aí chamei as meninas para a formar o time, treinar sério”.
Stifhani, então aconselhada pela irmã, levou um ofício à Secretaria Municipal de Esportes e Lazer (Semel) para conseguir material para os treinos. Hoje elas treinam no ginásio da Folha 16, todas as terças e quintas-feiras.
“Conseguimos bolas, uniformes, coletes, e muitas outras coisas. Desde então a gente vem treinando com a ajuda do meu pai e de um professor que é árbitro. Estamos super felizes porque agora a gente tem campeonatos femininos dentro da cidade e a gente percebe que é a mesma premiação para homens e mulheres. Isso anima a gente”, argumenta.
Hoje Stifhani, mesmo com o joelho machucado e não podendo jogar como antes, não larga o futebol por nada. “O futebol, para mim, é uma terapia. Só de estar aqui com as meninas, ajudando, treinando, já me relaxa demais. É aquele momento em que esqueço as preocupações e canso só o corpo e a mente relaxa. Todo mundo precisa disso”, frisa. O time já participou do Campeonato Marabaense de Futsal e dos Jogos de Verão, na modalidade Beach Soccer e agora treinam para participar dos próximos.
Outra história que se mistura à de Stifhani, é a da irmã dela, a supervisora de contratos Hudslene Pereira, 31 anos, que também começou a jogar futebol ainda criança, quando o pai a levava para os campos. A partir dos 7 anos, ela começou a treinar em um time feminino com o qual o pai trabalhava e quando retornou a Marabá, já com 13 anos, começou a jogar em times de escola. “Em época de jogos escolares, a gente participava de futsal, futebol, handebol”, explica.
Ano passado, Hudslene fez parte do time feminino profissional do Águia de Marabá Futebol Clube como goleira. Ela entrou por meio de uma seletiva, na qual várias jogadoras foram selecionadas. “Foi a primeira vez que joguei como goleira no futebol de campo e gostei muito da experiência. Participamos do campeonato paraense”.
Hoje, infelizmente, o time feminino está parado e Hudslene, convidada pela irmã, resolveu entrar para o Virtuosa.
“A gente sempre se reunia para brincar em arenas de society e ela resolveu formar o time e me chamou. Agora estamos aqui, juntas”, informa.
Hudslene reforça seu amor pelo futebol quando fala o que ele significa para ela. “Quando eu jogo com as meninas, recupero todas as minhas energias mentais, e físicas. Trabalho meu psicológico com o futebol, com o esporte”, garante.
A autônoma Roseane Nascimento, 29 anos, também é declaradamente uma apaixonada pelo esporte preferido dos brasileiros. Ela conta que começou desde cedo, sendo a única menina da família.
“Desde os meus 10 anos, eu jogava com meus irmãos e só parei nas duas vezes que engravidei, aos 21 anos e aos 25 anos, durante dois anos em cada uma”.
Ela jogava em times de bairro e das cidades do interior por onde passou. Rose, como é conhecida, mora em Marabá há três anos e há dois, conheceu as meninas do Virtuosa, onde treina hoje. “Antes jogava com elas na arena e agora deu certo de montarmos o time e deu certo, está muito legal. No campeonato tivemos torcida e conseguimos bastante apoio. A gente nem imaginava que conseguiria tanto e estamos aí para entrar em outros campeonatos que tiver”, informa.
Para ela, o futebol também é uma forma de terapia, onde esquece os problemas e os estresses. “Esquecemos tudo de ruim que fica na nossa mente, principalmente quem é mãe, que fica em casa, todo mundo sabe que não é fácil. O meu momento de distração é o futebol, onde encontro as amizades, pessoas bacanas de interagir, amizades verdadeiras”, salienta.
Hoje existem diversas competições pelo mundo, exclusivas para mulheres. No Brasil, os campeonatos femininos não se firmaram ainda, mas em 2007, a seleção brasileira de futebol feminino conquistou o vice-campeonato mundial e amanhã, 20, começa a edição 2023 da Copa Feminina.
Texto: Fabiana Alves
Fotos: Sara Lopes