Educação: CAES e CIL atuaram em frentes de atendimento e formação pedagógica durante o ano
Em 2023, o Centro de Atendimento Especializado na Área da Surdez (CAES) e a Central de Interpretação de Libras (CIL) atuaram em diversas frentes com atividades internas e externas, formações e atendimentos à comunidade surda de Marabá, em especial, os alunos da rede municipal de ensino.
O foco do CAES é o ensino da primeira língua – a Língua Brasileira de Sinais – e da segunda língua, a portuguesa, na modalidade escrita, para alunos com surdez e deficiência auditiva por meio de professora alfabetizadora e fonoaudióloga, que trabalha com estimulação auditiva (para os deficientes auditivos) e de linguagem.
Atualmente, são 52 alunos, a maioria da rede municipal de ensino, que recebem atendimentos sempre no contraturno. Entre os atendidos, estão alunos da zona rural como da Vila Sororó, por exemplo. Em Morada Nova, o centro possui um professor na Educação de Jovens e Adultos (EJA), atendendo sete alunos surdos.
“O atendimento é feito de maneira integral, tanto com os profissionais que estão dentro da escola, quanto os professores, os colegas que estão inseridos na mesma sala, para que ele possa se comunicar entre seus pares”, pontua Thais Mendes, coordenadora do Departamento de Educação Especial da Secretaria Municipal de Educação de Marabá (Semed).
Nesse sentido, o CAES realiza acompanhamentos pedagógicos nas escolas onde esses estudantes participam do ensino regular. Em 2023, foram 27 escolas atendidas.
“Nós trazemos esse suporte, com as orientações de como adaptar as atividades, de como trabalhar com os alunos, tanto os surdo quanto os deficientes auditivos. Nós não deixamos o professor sozinho”, afirma a coordenadora geral do CAES, Michelly Matoso.
Já as formações são realizadas com toda a equipe da escola. Neste ano, cinco escolas foram atendidas. “Porque o aluno perpassa por todos: porteiro, cozinheira, pela equipe gestora. Então, a gente ali, leva aquele momento ali para direção, traz essa sensibilização para que ele possa nos permitir porque nós também precisamos que a escola permita e queira que a gente realize essa formação”, explica a coordenadora.
Durante o ano, o CAES realizou ainda duas oficinas pedagógicas de língua portuguesa e matemática para os professores das salas de recursos das escolas da rede municipal.
Quatro escolas receberam cursos de libras voltados para as turmas onde os alunos surdos estudam, professores e equipe gestora. Foram cerca de 160 alunos que aprenderam as noções básicas para comunicação no contexto escolar.
No segundo semestre, o CAES disponibilizou curso de libras online com 60 pessoas matriculadas. O público é composto por professores da rede municipal que têm alunos surdos, familiares e colegas de escola de pessoas surdas. Para o ano que vem, a ideia é ampliar o público.
O CAES realizou ainda ações como teatro de surdo em programações do censo escolar, realizada no Centro de Convenções, e também na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa).
Na realização das provas da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e provas diagnósticas da rede de ensino, o CAES disponibilizou a interpretação em libras.
No Setembro Azul, a equipe do CAES fez panfletagem em 23 escolas, além de passeata e ações em pontos estratégicos como Folha 28, Marabá Pioneira e Praça São Francisco.
Em parceria com a Câmara Municipal, o CAES produziu um glossário com a criação dos sinais dos vereadores e também das localidades da zona rural.
“Nós tivemos também a I Mostra em Libras, em abril, onde o CAES ficou de portas abertas. Toda a população de Marabá teve acesso, vir ao CAES, conhecer o nosso trabalho, como funcionava, materiais adaptados, materiais que a gente usava para ensinar a língua de sinais e alfabetizar esses alunos, tanto surdo como surdo oralizado. Então, a sociedade teve a oportunidade de conhecer”, reitera Michelly Matoso.
Central de Interpretação de Libras
Já a CIL tem como objetivo promover a sensibilidade na comunicação para pessoas surdas e deficientes auditivas em espaços públicos em Marabá e outros municípios ao disponibilizar um profissional para fazer a intermediação em processos que eles precisam de suporte, por exemplo, durante o pré-natal de uma gestante ou em um órgão público. O serviço pode ser realizado presencialmente e online.
“O nosso atendimento é na cidadania, saúde e educação. Na educação, a gente trabalha dentro das escolas onde tem surdos inclusos. Com parceria com o CAES também, através de cursos de libras, formações nas escolas para os professores. Nós somos parceiros do CAES nessa parte de tradução e interpretação. O trabalho da CIL perpassa por todos os lugares públicos. Então, para garantir o direito da pessoa surda a CIL oferta o serviço de tradução e interpretação. Facilitando assim o acesso aos serviços públicos em geral, garantindo o direito de informação da pessoa surda”, explana a coordenadora da CIL, Alzira Pinto.
Em 2023, a CIL realizou cerca de 300 atendimentos, com grande parte acompanhando as pessoas surdas em hospitais e clínicas. Outros atendimentos aconteceram no Departamento de Trânsito do Estado do Pará (Detran), delegacias, bancos, Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Procon, audiências públicas, emissão de documentos, serviços de assistência social, e orientações online. A CIL, em parceria com o CAES, realizou também a interpretação em libras em eventos e programações ao longo do ano.
Para Georgina Pinheiro, coordenadora pedagógica do CAES, um dos objetivos para 2024 é ampliar a alfabetização em libras de adultos e de libras e língua portuguesa entre os estudantes do 6º ao 9º ano.
“A gente pretende unir essas duas áreas, que acontece no decorrer dos anos, mas com foco maior nessas duas áreas, principalmente para esse grupo de 6º ao 9º ano, que está com uma demanda de professores muito grande. Então, a gente vê o quanto isso é importante para o surdo, aprender a sua língua, mas também aprender o português. Esse é o desafio”, comenta.
Serviço
O CAES e a CIL ficam localizados na Folha 26, próximo à Ordem dos Advogados do Brasil, na Nova Marabá.
A solicitação na CIL deve ser feita com antecedência de, pelo menos, 24 horas ou ainda emergencial, caso seja imprescindível, através do telefone (94) 9816-1150.
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Paulo Sérgio Santos e Sara Lopes