EDUCAÇÃO: COM UMA MÃOZINHA DO TÁTICO DA PM, ESCOLA CRISTO REI MELHORA DISCIPLINA DOS ALUNOS
Quando os portões da Escola Cristo Rei se abrem, às 7h30 da manhã ou às 13h30, à tarde, a entrada para as salas de aula tem o mesmo padrão: os alunos acompanham seus professores em fila e não há alvoroço, corre-corre e nem barulho ensurdecedor, como acontece na maioria dos estabelecimentos de ensino público. Eles entram com educação – calmamente – e assim permanecem na sala, onde alguns professores leem uma passagem bíblica, fazem oração e iniciam as aulas.
Mas não é apenas isso que tem mudado a qualidade das aulas na escola. Depois que foi inaugurada, no início de abril deste ano, boa parte dos professores reclamava de dificuldades para ministrar aulas porque grande parte dos alunos era muito indisciplinada e os educadores gastavam muito tempo tentando alcançar o silêncio e concentração necessários para realizar um bom trabalho de ensino.
A diretora Gleide Borges Hartuique relembra que quando assumiu a gestão da Cristo Rei, foi analisar o Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola e percebeu que havia uma enxurrada de problemas internos e externos ao ambiente escolar. “Soubemos que o CAIC (Escola Rio Tocantins) seria transformado em Colégio Militar e surgiu a ideia de criar um projeto de ordem unida em nossa escola com ajuda do Exército”, conta a diretora.
Em seguida, ela entrou em contato com a SEMED (Secretaria Municipal de Educação), que por sua vez apresentou o projeto para o comandante da 23ª Brigada de Infantaria de Selva, general Eugênio Pacelli, e aguarda uma contraproposta para formalização da parceria. “Se tudo der certo, como estamos esperando, o Exército vai nos auxiliar realizando o momento cívico, contribuindo com a disciplina na escola”, explica.
Enquanto essa proposta não chega, a direção da Escola Cristo Rei recebeu uma ajuda que considera valiosa, por meio do GTO (Grupamento Tático Operacional) e em menos de dois meses, o comportamento e disciplina dos alunos melhorou significativamente. “Tudo está mudando para melhor. A disciplina dos alunos foi modificada desde o momento em que eles entram no portão da escola. Antes era aquela bagunça, entravam e saiam correndo. Agora eles já estão incorporando o projeto em si, e no principal ambiente que temos, que é a sala de aula, os professores relatam progresso, assim como os pais, que testemunham o quanto seus filhos melhoraram o comportamento em casa”, celebra a diretora.
Ainda segundo Gleide Hartuique, os professores estão entusiasmados com o início do projeto, contam que está mais fácil de dar aula, há mais organização dos espaços e os alunos passaram a fazer com mais empenho as tarefas escolares.
O trabalho de ordem unida envolve todos os professores e alunos sempre às terças-feiras, na quadra coberta da escola, mas coordenado pelo professor de Educação Física Leonardo Barbosa de Jesus, que já foi militar do Exército. Uma equipe do Grupamento Tático auxilia na ordem unida, considerado o momento mais aguardado pelos alunos. Todos ficam em silêncio, participam das atividades com prazer e há espaço até mesmo para aquele estilo “marrento” dos militares, com braços cruzados e cara de mau – no bom sentido.
Um grito de guerra novo ecoa pela vizinhança, que também aprova a contribuição do Grupamento Tático no ambiente escolar: “Braço de ferro, punho de aço, é a Cristo Rei quem manda no pedaço. Cristo é nosso Mestre, é nosso Capitão, vai à frente da batalha comandando o batalhão. Estudar é nosso lema, ganhar é opção, o Colégio Cristo Rei está em nosso coração”.
Como forma de preparação para o desfile de 7 de Setembro, o cabo Torres, do GTO, está indo à escola três vezes por semana com sua equipe para ensaiar ordem unida com um pelotão especial formado por alunos de todas as turmas. “A nossa maior preocupação é apresentar, na prática, o que está acontecendo dentro da escola”, conta a diretora.
O professor Leonardo Barbosa de Jesus se diz orgulhoso do projeto e dos resultados alcançados até aqui. Ele explica que selecionou alguns alunos para auxiliarem no comando da “tropa” e escolheu inicialmente aqueles que tinham o perfil de liderança. Foi assim com Marcos Frank Sousa Fraga, 12 anos; Leandro Santos Silva, 11 anos; Adriele de Alcântara Fernandes, 11 anos; Danilo Cristian Soares Moura, 11 anos; Rodrigo Pinto Estumano, 13 anos; e Leandro Santos Silva, 11 anos.
E este último, Leandro, revela que participa do Clube de Desbravadores, onde aprendeu ordem unida. “Deu tudo certo. Eu me ofereci para ajudar e ele (professor Leonardo) me escolheu para ser auxiliar. Estou gostando muito de ajudar com ordem unidade na minha escola”, comemora.
Com invejável formação artística, a diretora Gleide motivou um grupo de seis alunos a praticarem, com ela, um “haka” (dança de guerra do povo maori, geralmente usada para dar boas vindas a visitantes).
Com 650 alunos, a Escola Cristo Rei está localizada no Jardim União e recebe crianças e adolescentes em dois turnos, de todos os bairros da região do núcleo Liberdade.
Texto e fotos: Ulisses Pompeu