Educação: Estudante de escola pública de Marabá é aprovada em Universidade Francesa
Sabrina Santana, 23 anos, é o nome da ex-aluna da escola Acy Barros, que em setembro deste ano deve se apresentar a Universidade Bretagne Occidentale (UBO), na França, para cursar psicologia. Um sonho que a jovem alimentou mesmo depois de ingressar no curso de Ciências Sociais, na Universidade Federal do Sudeste do Pará (Unifesspa), que a propósito, já está no sexto período.
“Tem mais ou menos uns dois meses que eu recebi a carta de aceite e ainda estou organizando a mente com tudo que está acontecendo. É tudo muito novo pra mim. Eu não imaginava. Foi um processo bem longo, concorri com os melhores estudantes internacionais do mundo inteiro por essa vaga”, comenta a estudante.
Sabrina é a típica aluna de rede pública que soube aproveitar as oportunidades e conhecimentos compartilhados pelos professores. O ensino fundamental e o médio foram cursados na escola Acy Barros, de onde leva boas lembranças.
“É importante falar sobre isso. O quanto à escola pública também aprova, ajuda e está presente na nossa vida”, observa.
Sobre o questionamento porque alguns se destacam e outros não na escola pública, ela não hesita em responder.
“Eu acho que é muito abrangente. Em muitos casos possa ser pelo social da pessoa, possa ser por interesse, vontade. Eu corri atrás de tudo sozinha, pesquisar, estudar, tudo só. Eu não posso dizer: sou privilegiada. Existem interesses diferentes e todo mundo pode”, pondera a jovem.
Para alcançar os objetivos, ela conta que foi preciso muita dedicação, foco, determinação e sacrifícios. Foram dois anos de preparação entre estudos e pesquisas na internet com youtubers. Pesquisou sobre universidades que atendessem as expectativas dela sobre a psicologia, cidades, cultura e a língua francesa. Sabrina aprendeu sozinha o idioma francês.
“Parti do principio de qual universidade teria a melhor grade de aula para mim. Que caberia dentro do que eu quero, que é psicologia criminal. Me inscrevi em três universidades e essa foi a que me deu uma oportunidade. Está dando tudo certo para trilhar esse caminho. Única prova que eles pedem para a entrada na universidade, é testar o nosso nível de francês. Com isso comecei a estudar o francês sozinha em casa. Busquei professores na internet, busquei sites e me preparei por esses 8 meses”, enfatiza.
A trajetória da jovem estudante é marcada por desafios que, apesar de abalos, não a fez desistir dos objetivos. Cursando Ciências Sociais, o tempo ficou apertado. Depois veio à pandemia que vitimou uma tia, e ainda era bolsista na universidade. Bolsista na universidade, foi com esse dinheiro, no valor de R$ 400 reais, que ela custeou a compra de materiais, provas, e documentações necessárias para colocar seu projeto em prática. A bolsa também serviu para comprar um computador e facilitar os estudos.
“Estou fluente, mas ainda continuo estudando, não parei. Tenho a consciência de que, como aprendi só, eu possa estar em desvantagem de quem estudou em uma instituição ou teve outros meios de estudar. Eu não tive contato direto com um nativo, então, posso encontrar essa dificuldade”, revela sorridente a jovem.
Projetos
Com a aprovação na Universidade Bretagne Occidentale (UBO), a reviravolta na vida de Sabrina só está começando. O planejamento agora foi ampliado com foco na partida para a Europa.
“Eu ainda estou digerindo tudo. Eu quero chegar lá, me estabilizar, encontrar um local pra mim. Preciso conseguir uma moradia antes de chegar. Quero me organizar, conhecer a universidade, fazer novos amigos. Me inteirar sobre tudo. Saber que o que consegui é realmente o que estava pensando. Espero que seja bem suprida a expectativa. É uma cultura nova, pessoas novas. Sei que terei dificuldade com isso também. Já vou trabalhar o psicológico, tudo para chegar bem”, revela.
Para concretizar o sonho, Sabrina está tendo de correr atrás também de outros fins, o financeiro. Sabendo dos caminhos, organizou uma vaquinha on-line que você pode conferir nas redes sociais, ou contribuir diretamente clicando aqui.
“Estou nervosa. Financeiramente bati 50% da minha meta. Continuo correndo atrás. Movimentação na internet. Um amigo daqui, outro dali, não paro nenhum instante” ressalta a estudante.
Família
Quem também está digerindo a informação dessa mudança de país é a dona Eunice Santana, 67 anos, avó da Sabrina. A família já até aceitou, mas não tem o coração aflito, mesmo diante da felicidade pela conquista da neta.
“Estou com muita alegria, prazer, porque era o sonho dela. Tive que aceitar esse sonho. Realizar o sonho de um neto é muito bom. Está sendo muito difícil para ela, mas Deus vai terminar de realizar. Ela sempre foi muito estudiosa. Eu não gosto nem de falar”, disse emocionada a avó materna, que viu Sabrina Crescer dentro de casa, no bairro Amapá.
Enquanto a viagem não acontece a estudante vai organizando as ideias e até projeta o retorno para Marabá.
“Penso em voltar sim, mas meu período de graduação são 3 anos, mais 2 anos de mestrado. Então são 5 anos. Após esses período vou trazer meu conhecimento pra cá, a cidade que me acolheu. Está me ajudando a ir, então, eu me sinto na obrigação disso”, conclui Sabrina.
Texto: Leydiane Silva
Fotos: Aline Nascimento
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