Educação: No Dia do Professor, conheça a história de uma mulher apaixonada pela ciência de ensinar
Ter trinta e cinco anos, tantos meses e dias de serviços prestados à educação não é para qualquer um. É pra quem tem bala na agulha. Estamos falando da paraibana Eva Maria Lacerda Mourão, de 67 anos. Apaixonada pela arte de lecionar, a professora de Ciências aguarda aposentadoria, mas continua sempre estudando e na ativa em sala de aula.
Neste Dia do Professor, 15 de outubro, ela foi a escolhida para representar os mais de 4 mil educadores da Semed (Secretaria Municipal de Educação), em uma produção de vídeo envolvendo ex-alunas com profissões já consolidadas. Veja aqui a homenagem.
“Mais de três décadas de magistério e adoro minha profissão, faço tudo com muito amor. Geralmente os alunos quando me veem na rua param o carro, perguntam para onde eu vou. São médicos, advogados, engenheiros, há também trabalhadores em profissões como mototaxistas e outras também muito dignas”, expressa a professora, lembrando que com os alunos mais trabalhosos o cuidado era maior, “para não se perderem”.
E por falar nisso, quando questionada se prefere que o aluno tire boas notas e lhe dê respeito, ela elencou este último como prioridade na convivência do espaço escolar. “Quem tem respeito têm notas boas, assimila a aula. Os que têm dúvidas são os melhores alunos”, sublinha.
Para a docente, que trabalha na escola O Pequeno Príncipe, ser professora é questão de vocação, e faz questão de estar em todos os eventos escolares, tanto da rede municipal, quanto de instituições de ensino, inclusive, recentemente, participou do Encontro Regional de Ensino de Astronomia (Erea), promovido pela Semed.
BIOGRAFIA
Embora tenha nascido em Piancó, sertão da Paraíba, professora Eva foi criada em Salvador-BA, onde casou-se com um militar. Chegou em Marabá em 1995, e, como já tinha bastante experiência na ciência de lecionar, logo começou a dar aula na antiga Escola A Fazendinha. “Fui matricular meus filhos, no outro dia já me ligaram para dar aula lá. Já me aposentei pela rede particular. Naquela época, eu já trabalhava também na rede pública, na EJA [Educação de Jovens e Adultos] à noite, na Escola Duque de Caxias”, recorda.
Eva possui graduação nos cursos de Licenciatura em Pedagogia e Ciências. Ela chegou a cursar ainda três anos de Matemática. “Não terminei o curso de Matemática porque o marido reclamava que não tinha mais tempo (risos). Eu sempre estudei, até hoje busco me atualizar, porque temos alunos sempre à frente e precisamos correr primeiro que eles”, reconhece.
EX-ALUNAS
A professora de Língua Portuguesa Emilly Valéria, de 30 anos, que também atua no jornalismo, foi aluna da professora Eva nas 5ª e 6ª séries (atuais 6º e 7º anos), entre 1999 e 2000. E atualmente tem o prazer de dividir o mesmo espaço de trabalho com a professora Eva, na Escola “O Pequeno Príncipe”, na Folha 32, Nova Marabá.
“Faz muito tempo que ela foi minha professora, mas eu ainda lembro de muitos detalhes, como o livro didático que utilizava à época, cujo o autor era Carlos Barros. As páginas eram de papel couchê, brilhantes. Ela sempre foi uma professora muito zelosa, dedicada, preocupada com ensino-aprendizagem dos alunos, às vezes ficava irritada, mas isso é natural. A palavra que mais a descreve, para mim, é ‘incansável’”, diz.
A professora Emilly sustenta que foi a dedicação de Eva o que mais a marcou nas aulas de Ciências. “Lembro que a professora gostava de amarrar o cabelo estilo rabo de cavalo alto. A primeira vez que fui a um laboratório foi ela quem me levou. Todo conteúdo que ministrava, ela se debruçava e a matéria saltava das páginas do livro. Eu tenho 30 anos e estou falando de uma história de quando tinha 10 anos de idade. Isso mostra que ela é inesquecível” resume.
Outra professora que também foi aluna de Eva é Thays Batista Portela, de 28 anos, que dá aula de Geografia na mesma escola que Eva. “O primeiro dia específico de aula não tem como lembrar, mas no decorrer do ensino fundamental, ela foi quem mais utilizou a “práxis”, que é a teoria junto com a prática. O que me chamava atenção eram as aulas no laboratório, e isso tornava conteúdo bem mais divertido. Eu a carrego no emocional [meu coração] e isso ajudou também na minha carreira profissional”, revela Thays Portela, acrescentando que como professora, Eva era dinâmica, fazia os alunos participarem durante as aulas, utilizava o microscópio e como pessoa tratava os discentes como filhos.
A farmacêutica Milena Oliveira Ferreira, de 32 anos, atua na área há cinco anos. Antes de se tornar uma profissional gabaritada, também foi aluna da professora Eva. “Tenho uma lembrança boa dessa fase, época muito gostosa. Ela era uma professora muito querida. Cobrava bastante da turma, era exigente, mas as aulas eram agradáveis, dinâmicas”, recorda Milena, deixando uma mensagem:
“Eva, meu amor, quero agradecer pela professora presente que você foi com toda turma, e desejar dias felizes na fase da aposentadoria. Você é uma pessoa iluminada, que ficou marcada em nossa memória”, finalizou a farmacêutica.