FCCM: Coletivo Tucum leva a realidade dos indígenas à exposição no Museu Francisco Coelho
Cores vibrantes realçando detalhes da vida cotidiana ou manifestações pedindo demarcação de terras são algumas das imagens que fazem parte da exposição fotográfica do Coletivo Tucum, que teve início nesta quinta-feira, 21, no Museu Municipal Francisco Coelho. A exposição é parte da 17ª Primavera dos Museus.
O Coletivo Tucum existe há dois anos e reúne fotógrafos indígenas e não-indígenas. Para a exposição, três fotógrafos do coletivo – Aiteti Gavião, Rayda Lima e Kaiti Topramre – apresentaram suas fotografias. O objetivo principal é apresentar a cultura indígena sob uma perspectiva de ação, de papel ativo dentro da sociedade, fortalecendo a produção audiovisual realizada pelos próprios indígenas.
“Eu acredito que a visibilidade abre portas para novos fotógrafos, passa uma mensagem, desmistifica essa desinformação que a sociedade tem sobre os povos indígenas. É uma oportunidade de vir aqui, de conhecer como funciona, como é a beleza, a riqueza e as lutas. Essa é uma oportunidade para todo mundo aqui”, ressalta a fotógrafa Rayda Lima.
Kaiti Topramre faz parte do coletivo e é estudante de Artes Visuais. Suas fotografias mostram mais os povos indígenas em espaço de manifestações, em mobilizações em prol de seus direitos. Para ele, a arte é uma forma de resistência.
“Meu olhar vem da luta indígena. A forma de lutar que eu uso é a câmera, tirando foto, mostrando a situação que estamos passando. Felicidade em expor um trabalho. Visibilidade é importante para nossa carreira. A mensagem é mostrar os povos indígenas, sobre lutar, querer um objetivo, se juntar em um só. Estou mostrando a força que o meu Povo Gavião tem”, destaca.
A estudante de Biologia Sara Pedrosa é de Altamira, mas estuda em Marabá. Ela acompanhou a abertura da exposição e compartilha sua percepção sobre a exposição ter um espaço no Museu Francisco Coelho.
“Eu achei incrível as cores, as pessoas, os sorrisos. A exposição mostra bem como é a cultura indígena. É importante para a preservação da cultura, da nossa cultura indígena, da nossa região principalmente. Essas imagens expressam literalmente como é a cultura. A dança, as cores, as pinturas, a arte indígena. Então, é essencial para nossa sociedade ter um contato com essas imagens”, comenta.
A exposição vai ao encontro do tema da Primavera dos Museus deste ano “Memórias e Democracia: Pessoas LGBT+, Indígenas e Quilombolas. A Presidente da Fundação Casa da Cultura de Marabá (FCCM) Vanda Américo explica que o museu sempre teve a preocupação de incluir a cultura indígena em seus espaços.
“Essa sala de exposição temporária é um espaço que as pessoas têm que usar. A gente tem que estar com as portas abertas e discutir, fazer roda de conversa. Esse é o crescimento do homem, da preservação, do ser. É uma temática da região, uma temática nossa. O nosso espaço tem toda a identidade. Tem vários espaços no museu que são de valorização das etnias e da preservação da cultura”, afirma.
A escritora, gestora cultural e artista Lara Borges também prestigiou a exposição. Ela ficou impressionada com a fotografia “A grande arqueira”, de Rayda Lima.
“Quero parabenizar o Museu Francisco Coelho por trazer esse momento tão especial dentro da programação e trazer uma exposição falando dessa riqueza que são os indígenas e com três fotógrafos, artistas, maravilhosos, que têm essa sensibilidade do olhar. A exposição está linda. Estou encantada com cada fotografia. A da “Grande Arqueira” eu achei sensacional. Uma mulher forte, que mostra tanta energia. Estão todos de parabéns”, relata.
A programação continua nesta sexta-feira, 22, com o Entardecer no Museu, uma programação musical com o cantor Carlos Xavier e convidados. No sábado, acontece a palestra “Quilombo, hoje?”, com a cientista social Majin Bootte. E no domingo, 24, será a exibição do documentário “Transamazônia”.
A Diretora do Museu Francisco Coelho, Wania Gomes, avalia que a programação tem receptividade por parte do público e convida a comunidade a participar.
“Damos continuidade à 17ª Primavera dos Museus e a nossa avaliação é muito positiva. Todos os dias, a gente teve uma receptividade muito grande no evento e hoje é a abertura da exposição dos povos indígenas. A exposição está muito linda e a gente convida toda a população a vir prestigiar. Vai ficar 30 dias aqui no museu, aberto no horário de funcionamento”, declara.
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Sara Lopes