FCCM: Praça da Juventude tem 12 modalidades de cursos que atendem mil crianças e adolescentes
A Praça da Juventude, no bairro Km-7, núcleo Nova Marabá, é um importante espaço de prática e incentivo de atividades culturais, esportivas e artísticas voltadas para cerca de mil crianças e adolescentes de 5 a 17 anos e que tem como objetivo a inclusão social. O projeto é gerenciado pela Fundação Casa da Cultura de Marabá (FCCM).
Atualmente, o projeto atende em 12 modalidades: karatê, capoeira, violão, teatro, futsal, fanfarra, musicalização, skate, informática, balé, flauta doce e aulas de zumba, do projeto “Tô dançando”, que funciona na Praça da Juventude e no núcleo São Félix, voltado para as mães das crianças e adolescentes atendidos.
A Praça da Juventude foi criada em 2019. Os cursos funcionam de segunda a sexta-feira nos períodos matutino e vespertino e buscam atender principalmente o público dos bairros Km-7, Araguaia e Nossa Senhora Aparecida.
“A ideia é que no intervalo da escola regular, a gente esteja com eles na Praça da Juventude para manter essas crianças longe das ruas. Tirando elas da rua, estão sendo educadas para outro tipo de modalidade, não só aquelas regulares que vão para ensino médio, faculdade. Eles também podem ser artistas, podem usar isso para o futuro deles. A gente tem 100% de influência na educação deles. Eles estando aqui com a gente, a gente sabe que eles não estão nas ruas. Essa é a gratificação da gente, de educar eles em outros tipos de educação sem ser só da escola regular”, ressalta Gilberto Silva, Coordenador do projeto.
Rebeca Souza tem 17 anos e é aluna do curso de violão pelo segundo ano. Ela compartilha sua experiência na Praça da Juventude e a importância da prática do instrumento para sua vida.
“Eu já tocava, mas eu aprendi bastante aqui sobre letra, fazer outros acordes, saber os nomes. O violão, para mim, é uma terapia porque relaxa, deixa mais de boa. É importante para o desenvolvimento de si mesmo. Aqui a gente aprende tudo, perde a vergonha, aprende a cantar”, relata.
O professor da Rebeca é o Jorginho Ropha, que está no projeto desde 2019, mas que ministra aulas de violão há mais de 30 anos. Para ele, dar aula é revigorante. Além disso, a arte tem mostrado outros caminhos para ele e sua turma como, por exemplo, a composição de músicas.
“A gente passando a musicalidade, a paixão pela música que a gente tem, que a gente faz por amor, é muito gratificante para a gente. A transformação que eu vejo são crianças e adolescentes mais humanos através da música. Eles vivem em uma comunidade com muita violência e a gente fala muito de amor na nossa sala. Até nossas composições falam da alegria, do amor, da paixão pela vida. Nós começamos a compor e ainda estamos engatinhando na parte de composição, mas já tem alguns poetas e poetisas que estão se saindo muito bem”, destaca o professor.
Todas as modalidades contam com espaços adequados e com os equipamentos necessários para sua execução. Nas aulas de teatro, os alunos contam com coxia, iluminação e demais aparatos para o ensino.
Luana Rodrigues tem 11 anos e foi matriculada no curso de teatro pela mãe. Ela conta que passou a gostar do curso e que pretende seguir carreira, além de já ter uma atriz como referência profissional.
“No começo eu não gostava tanto, mas o professor me ajudou e eu comecei a gostar. Eu não fazia muitos amigos na escola, aí depois que eu vim para cá eu comecei a fazer mais. Eu quero ser atriz e minha referência é Bella Campos”, comenta.
Em agosto, a turma apresentará um espetáculo teatral tendo como foco a arte circense e Luana já demonstra intimidade com o palco. “Eu não estou tão nervosa porque eu já sei como é, já tive várias experiências no palco. Das atividades que o professor passa eu gosto quando o professor passa um filme e depois conversamos sobre ele”, reitera.
Quem está à frente das aulas de teatro é o professor Rafael Varão, que trabalha há seis anos ministrando o ofício. Ele conta que gosta de utilizar as produções cinematográficas como instrumento de formação pedagógica e objeto de debate, o que auxilia na formação dos alunos do projeto.
“Por meio do teatro, nós transformamos ideias, descolonizamos pensamentos. Os pais sempre vêm relatar o desenvolvimento deles na escola, em casa, o quanto se tornaram mais conscientes, sobretudo críticas. O quanto elas estão se tornando artistas dentro de casa e levando o que eles aprendem aqui para fora, para a escola, dentro de casa, vizinho, amigo”, observa.
As atividades do primeiro semestre da Praça da Juventude já encerraram. Na última semana de julho, as matrículas e rematrículas serão abertas novamente. Para se inscrever, é necessário apresentar os documentos pessoais da criança ou adolescente.
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Paulo Sérgio Santos