Festejo Junino: Na 4ª noite, apresentações performáticas animam público na arena Z30
Quem foi ao 35º Festejo Junino de Marabá nesta segunda-feira, 27 de junho, quarta noite do evento, presenciou as apresentações das juninas mirins Splendor e Águia de Fogo, do Boi-Bumbá Rei do Campo e três juninas do Grupo A: Amor Perfeito, Balão de Chita e Arrastão do Amor. Na praça de alimentação teve Dj Jr Batidão e show de Rômero Soares. O público vibrou com as histórias contadas e encenadas por meio das apresentações.
Abrindo a noite, a junina Splendor Mirim fez uma homenagem à história do bairro Francisco Coelho e resgatou da memória importantes personagens, como José Conseny Santis falecido em 1983, um dos pioneiros na realização de festas juninas no bairro, que deixou um legado cultural seguido até hoje.
Com o tema “Raízes do Cabelo Seco”, fez uma justa homenagem a outros nomes que marcaram a história do bairro, como benzedeiras, lavadeiras, parteira e pescadores, além de falar sobre os festejos religiosos do bairro, como a Festa do Santo Rei, Santa Ana, São Sebastião, São Lázaro, Divino Espírito Santo, São Jorge e São Raimundo.
O grito dos brincantes era forte e a junina ainda contava com torcida própria, como o eletricista Bento Ribeiro. Ele, que mora em Marabá há 40 anos, está animado com a volta do festejo, ainda mais porque uma filha e uma sobrinha dele estavam se apresentando na junina. “Passamos dois anos sem ter arraial aqui na Marabá Pioneira com essa pandemia, mas a volta foi ótima. A estrutura muito bacana, muito legal mesmo. Uma das melhores que vi até hoje”, ressalta.
A segunda junina mirim a se apresentar foi a Águia de Fogo, que entrou empolgada na arena com tema “São João na Roça”. A agremiação do bairro Liberdade apresentou ao público um resgate da cultura caipira, da época do São João raiz. Ao todo, foram doze pares de brincantes, com direito ao casal de noivos (e o tradicional casamento na roça) e à rainha, representando a nostalgia e empolgação com as quadrilhas de antigamente.
Na sequencia, Boi-Bumbá Rei do Campo, fundado em 1996, no bairro Santa Rosa, se apresentou na arena Z30. Com o tema “Viva a Cultura”, a apresentação do grupo abordou uma perspectiva da cultura em relação com a natureza, destacando a floresta, animais e a questão ambiental.
Com predominância das cores vermelho, azul, verde e amarelo, a apresentação teve direito a todos os personagens principais que permeiam a história do boi, como sinhazinha, índios e índias cunhaporanga, mãe natureza, rainha do folclore, sereia e outros.
Grupo A
A segunda parte da noite foi marcada por três grandes apresentações da elite junina de Marabá, as juninas, do Grupo A, Amor Perfeito, Balão de Chita e Arrastão do Amor.
Quem estava bem perto da arena, acompanhando tudo era Rita Helena Bentes, que já veio três noites. “Eu pretendo vir todos os dias apreciar essa festa maravilhosa. Foram dois anos muito tristes, vamos dizer, mas graças a Deus passamos por essa fase ruim e estamos aqui, retomando nossa festa maravilhosa”, ressalta.
A primeira a se apresentar foi a tetracampeã do festejo, a Amor Perfeito, da Rua Benjamin Constant, na Marabá Pioneira. A agremiação se apresentou com o tema “Baú da memória: Ser criança não é brinquedo, não” e contou a história de Pedrinho, um jovem apaixonado pela festa de São João, mas que por causa da pandemia ficou afastado do festejo. Com o desejo de voltar a ser criança para participar da festa, o personagem convidou o público a embarcar no conto.
O ponto norteador da apresentação foram os brincantes que representaram a boneca Emília, o Visconde de Sabugosa, do Sítio do Pica-pau Amarelo, Soldadinho de Chumbo e a bailarina, personagens que marcaram o imaginário infantil. Os demais representavam os brinquedos do baú de Pedrinho, que estava presente no cenário montado.
Obviamente, não poderiam faltar cantigas e músicas infantis, que levaram o público a voltar a infância, como “Marcha soldado”, “Se essa rua fosse minha”, “Superfantástico” e “Lindo balão azul”, enquanto o marcador dizia para o público não deixar a sua criança interior morrer. A apresentação terminou com os brincantes levantando uma grande pipa, que passeou pela arena.
Com a temática “Reviver”, a Balão de Chita, do núcleo São Félix, contou a história de João e Rosinha, casal apaixonado e devoto de São João, que prometeu se casar durante o festejo, mas que, por causa da pandemia, tem os planos frustrados, decidindo esperar para viver tudo o que o São João oferece e finalmente se unirem em matrimônio.
A apresentação iniciou com os brincantes levantando estandartes, que continham os nomes de cada quadrilha junina do município. Toda a história se passava na cidade de Marabalândia, onde o prefeito se pronunciou, por meio da Rádio Anunciação, para avisar à população que os festejos já estavam liberados. Nesse momento, os brincantes retiraram as máscaras.
A apresentação teve referências a músicas que marcaram a pandemia, como no momento em que os brincantes declararam o verso “Ano passado, eu morri, mas esse ano eu não morro” da canção “Sujeito de Sorte”, de Belchior. Na hora do casamento, o padre fez uma referência bíblica à passagem do livro I Coríntios 13:4 sobre o amor ser paciente.
Para fechar a noite, a Arrastão do Amor fez uma homenagem à cultura paraense, com o enredo “Bem Pai D’égua”, que se passa no mercado do Ver-o-Peso com direito à garça namoradeira e malandro urubu, abrindo a apresentação ao som de “No meio do pitiú”, de Dona Onete. O marcador entrou na arena pilotando uma bikesom, característica do mercado do Ver-o-Peso.
Além do carimbó, o calypso, guitarrada e o tecnobrega, a junina conduziu o passeio pela cultura popular paraense contando com personagens, como a noiva representando Pureza, que cresceu em meio ao movimento do Ver-o-Peso, inspirada na canção de Pinduca. Já o noivo é um turista, que vai no setor das erveiras atrás do atrativo do amor. A rainha é a Dona Feitiço, representando as erveiras e responsável por fazer os noivos se apaixonarem.
A apresentação ainda mostrou referências à gastronomia paraense e à famosa farinha de Bragança, ao som de músicas como “Voando pro Pará”, de Joelma. No casamento, não podia faltar “Ao Pôr do Sol”, de Ted Max. A apresentação terminou com a representação do Círio de Nazaré, com direito à berlinda, corda e a música “Tchau, Tchau, amor”, de Ivan Peter.
Nesta terça, 28, as apresentações seguem com as juninas mirins Sereia da Noite e Arrastão do Amor, as juninas do Grupo B Coração de Estudante e Águia de Fogo, Boi-Bumbá Senador e a junina Fogo no Rabo do Grupo A. Além de Show de Izael Costa, na praça de alimentação.
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Aline Nascimento e Jordão Nunes
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