Festejo Junino: Campanha contra assédio e importunação sexual faz parte do sexto dia de programação
Na noite de quarta-feira, 28, durante o 36º Festejo Junino de Marabá realizado na Arena Junina do complexo esportivo do bairro Santa Rosa, a Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para a Mulher (CEPPM) ligada à Secretaria de Assistência Social Proteção e Assuntos Comunitários (Seaspac) aproveitou o ensejo do evento para lançar a Campanha “Não é Não! Todos contra o assédio e importunação sexual”.
Representantes de secretarias municipais, da rede de proteção à mulher, Polícia Militar e do Poder Judiciário estiveram presentes. Para o juiz Alexandre Arakaki, da Vara da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Marabá, o festejo também é um momento em que se pode juntar todas as pessoas na luta contra a violência à mulher.
“Aqui em Marabá continuamos com um índice muito alto de violência contra a mulher e quando falo de violência não é aquela mulher que apanha apenas, isso é o visível, é o que a gente sabe, mas a violência também implica a mulher que é assediada, a mulher que é humilhada, que não pode sair de casa porque o marido proíbe, a mulher que não pode trabalhar, tudo isso se caracteriza como violência de gênero”.
O juiz ainda reforça o papel da rede de apoio e do juizado especializado nessas causas. “O nosso papel é conscientizar a sociedade desses males e fazer com que a mulher tenha potencial e consiga se defender desse ciclo de violência. Chega de violência contra a mulher, chega de desigualdade, chega de tratar as pessoas sem dignidade, sem respeito. A nossa grande luta é para que tenhamos uma sociedade tão justa para que possamos conviver todos igualmente”, declara.
A secretária de Assistência Social, Nadjalúcia Oliveira, presente no lançamento, explica que essa é uma das ações do plano de políticas públicas municipal e vai durar todo o mês de julho.
“Nós estamos com prevenção nas escolas, estamos na comunidade e essa campanha vai durar todo o verão. Iniciou hoje na quadra junina, vai para a Expoama e depois vai para a Praia do Tucunaré, para a orla. Então nós vamos conscientizar os homens que não é não, que as mulheres podem ser livres, estarem vestidas do jeito que for, que não necessariamente elas têm que ser molestadas, abusadas, pelo fato de estar com a roupa que está ou com a atitude que tiver. Têm que ser respeitadas”, argumenta.
A advogada Eliane Paiva é coordenadora do CEPPM e afirma que nessas épocas de férias, veraneio, temporada de eventos, tem todo um lado sombrio que é o da importunação sexual e que essa é uma pauta importante para alertar a sociedade em como agir.
“O nosso nome não é ‘Ei, psiu, o nosso nome não é ‘Ei, gostosa’, nada disso. Então a gente tem que entender que essa campanha é justamente para isso, conscientizar a sociedade marabaense acerca da importância do respeito às mulheres e contra a importunação. O não é não”, frisa.
A assistente social da CEPPM, Maria Aparecida Duarte, faz parte da rede de apoio e salienta que o assédio existe em todos os lugares e explana o que motivou a campanha.
“Essa campanha surgiu porque algumas colegas que andam no transporte público passaram por algumas situações constrangedoras e isso chegou até a gente e resolvemos focar nessa campanha por causa do período de festas e veraneio, onde se intensifica mais. Não é não e todos contra qualquer forma de violência contra as mulheres”, pontua. A assistente social ainda informa que para fazer denúncias, basta ligar no 190 ou 180 e passe o máximo de informações possíveis.
Uma das espectadoras da palestra foi Arlene Pessoa, que é coordenadora do Setor Psicossocial do Hospital Regional do Sudeste do Pará que faz uma campanha importante também para os homens.
“É bom para eles também conhecerem sobre as políticas públicas voltadas para as mulheres. Marabá tem tido um avanço muito grande. Nós não estamos parados e no hospital regional também atuamos nessa causa de garantir os direitos da mulher e fazer com ela se sinta empoderada e também conhecedora dos seus direitos. Estou achando fantástico. Esse slogan ‘Não é Não’ tem que estar impregnado em nossa mente, pois nós somos importunadas não só sexualmente, socialmente, às vezes financeiramente também. Precisamos dizer não à violência, denunciar e buscar o conhecimento”, justifica.
Rede de Apoio à Mulher
Em Marabá existe uma completa rede de apoio formada pela Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para a Mulher (CEPPM) da Secretaria Municipal de Assistência Social, Proteção e Assuntos Comunitários (Seaspac), Patrulha Maria da Penha, Conselho Municipal do Direito da Mulher (Comdim) e mais recentemente o Centro de Referência de Atendimento à Mulher (CRAM).
No âmbito estadual, existe a Fundação ParáPaz e a Delegacia Especializada no Atendimento da Mulher (DEAM). Além destes, vários órgãos, entidades e movimentos sociais que lutam cotidianamente para dar suporte às mulheres vítimas de violência e feminicídio.
Outras ações Seaspac durante o festejo
Ainda durante o festejo, outras ações são desenvolvidas pela Seaspac, como o combate ao trabalho infantil em conjunto com o Conselho Tutelar, o Centro de Referência da Assistência Social (Cras), Centro de Referência Especializado da Assistência Social (Creas) e Polícia Militar.
A conselheira tutelar Francicléia Santana explica que durante o festejo, todos os menores devem estar acompanhados dos pais ou responsáveis legais.
“O conselho tutelar vem com a finalidade de atuar na intervenção de uma identificação de trabalho infantil, criança ou adolescente em situação de rua. Nossa atuação é evitar que isso aconteça. Tem adultos que ainda hoje contratam criança ou adolescente para trabalho perigoso como mexer com fogo, com coisa quente e fora do horário, pois chega aqui e fica até mais de meia noite prestando serviços para terceiros. Verificamos e atuamos junto com a família para evitar qualquer violação a crianças e adolescentes”, pontua.
Além dessa ação, a Seaspac, por meio do Departamento de Emprego e Renda, levou para o festejo a Feira do Pôr do Sol, que existe desde 2019 e é um espaço importante de divulgação do trabalho de muitos profissionais, tanto na área de culinária quanto de artesanatos.
Este ano, estão presentes 15 artesãos, dentre eles, os índios Warao, da Venezuela, 8 cozinheiros de comida regional, além de um desenhista de caricatura, exposição de artesanatos do Projeto Centro de Atendimento à Criança e Adolescente (Ceaca) e o estande próprio da rede de proteção à mulher.
Texto: Fabiana Alves
Fotos: Sara Lopes e Secom