Festejo Junino: Protagonistas da limpeza, garis organizam arena para apresentações dos brincantes
O Festejo Junino de Marabá traz muita alegria para a população que assiste às apresentações dos bois e das juninas. Mas uma das mais importantes etapas do trabalho está nos bastidores, ou melhor, no meio da arena, mas não para se apresentar com dança e sim para fazer a limpeza e deixar tudo pronto entre uma apresentação e outra. Trata-se dos garis do Serviço de Saneamento Ambiental de Marabá (SSAM).
Toda noite, uma equipe de quatro garis fica de plantão das 19h até o final de todas as apresentações. Edmilson Sena, 56 anos, é um deles. Ele trabalha na profissão há apenas dois meses e essa é sua primeira vez trabalhando no festejo.
“Eu venho todas as noites e estou achando maravilhoso. Todo mundo é humilde, trata bem, não tem ignorância. Coisa ruim é a ignorância, mas graças a Deus não tem isso. Meu trabalho é apenas na arena, tenho que limpar os papéis picados, tudo que é jogado nas apresentações”, explana.
No decorrer da semana, quando não tem festejo, Edmilson atua desde às 7h na Avenida Antônio Maia, na Velha Marabá, limpa toda a via até às imediações do Estádio Zinho Oliveira. Faz uma parada para almoço e depois retorna em outra rota até 17h. “Estou gostando de ser gari. É um trabalho bom”, salienta.
Outro integrante da equipe é Valdemar Ferreira, 62 anos, gari há oito anos e afirma gostar do trabalho no festejo.
“Acho ótimo. Trabalho com disposição, força de vontade, e assim vou levando a vida. A gente trabalha tomando conta da arena, que tem que estar limpa porque todos os brincantes têm que se sentir seguro. Aqui tem a equipe da limpeza pronta para dar o seu melhor”, expressa.
Ele fala que tem muito orgulho de ser gari.
“O trabalho do gari é assim: uns sujam, ele limpa, mas o importante é que aquele que venha visitar nossa cidade, achando ela limpa, tenha orgulho de ter alguém cuidando dela e esse alguém somos nós”, enaltece.
No dia a dia, Valdemar também cobre a Avenida Antônio Maia pela manhã e à tarde faz a limpeza do bairro Santa Rosa. “Já conheço quase todo mundo”, comenta.
Rosilene Leite era a única mulher do grupo no sétimo dia de festejo, quinta-feira, 29. Ela começou como gari no dia 28 de junho e gosta do serviço que faz.
“Eu acho bom trabalhar como gari porque também é um esporte para a gente. É um trabalho útil e está bom trabalhar no festejo. Saí de um outro emprego para vir para esse”. Quando acabar o festejo, Rosilene deve ser deslocada para uma rota fixa como os demais.
Todos os dias, outra equipe é escalada para fazer a limpeza também fora da arena.
Cunhã-Poranga x Gari
Uma outra representante da profissão é Diana Rocha, que fala com muito orgulho da profissão e do trabalho que tem exercido nas noites de festejo quase todas as noites. “É maravilhoso trabalhar aqui. Só representar nossa cidade limpando, é maravilhoso. Para ter uma cidade mais limpa, tem que colocar a mão na massa. Trabalhamos por escala aqui no festejo”.
Nos dias normais, ela atua na Cidade Nova, Laranjeiras e no Novo Horizonte, das 7h às 17h. Mas ocorrem mudanças, dependendo da escala.
Diana tem uma beleza ímpar, que chama a atenção por onde passa, mesmo quando está nos intervalos limpando a arena. Não é por acaso que é a Cunhã-Poranga do Boi-Bumbá Flor do Campo há mais de 20 anos e representa como ninguém a etimologia indígena da palavra.
“Durante o dia sou gari, com muito orgulho e à noite venho como representante do Boi Flor do Campo. Venho como Cunhã para poder disputar o top 5 dos bois e quando tenho tempo livre, ainda malho para ter preparo físico, até por causa do meu trabalho, que é puxado nesse sol quente”, ressalta.
Diana relata que todos os dias depois do trabalho ainda participava dos ensaios noturnos que duraram cerca de três meses. “Os ensaios começavam por volta de 19h30 e terminavam lá pelas 21h30, 22h. É bem puxado. De manhã cedo ainda tem que estar no trabalho. Haja coração”, frisa.
A gari é casada e tem três filhos, que segundo ela, apoiam seu trabalho e hobby e ainda ajudam muito em casa. “Meus filhos me ajudam demais. Tenho uma filha de 13 anos que toma conta de tudo. Tem que me ajudar, tem que se virar. Meu marido também me apoia demais, é o apoiador da minha vida, me ajuda a me montar, em qualquer evento que chama para fora, ele está junto”, elogia.
Texto: Fabiana Alves
Fotos: Sara Lopes