Festejo Junino: Tradição há mais de 30 anos, Fogo no Rabo se prepara para retorno às quadras
Após dois anos sem o tradicional festejo junino, organizado pela Secretaria Municipal de Cultura (Secult), as quadrilhas juninas já se preparam para se apresentarem na festa que será realizada entre os dias 17 e 25 de junho.
A Fogo no Rabo é uma das quadrilhas mais tradicionais do município e está em ritmo intenso de ensaios para a apresentação durante os festejos. O grupo iniciou em 1988, com a união de dois grupos de jovens católicos, com o nome Barca Furada, mudando para o nome atual em 1990.
Ademar Dias, conhecido como Ademar da Santa Rosa, é coordenador geral do grupo desde o início e conta que, muito além de ser uma quadrilha que se apresenta no período junino, a Fogo no Rabo é um trabalho social que busca atender em diversos aspectos as crianças e jovens que fazem parte das quadrilhas mirim e adulta.
“O objetivo desde a sua fundação é envolver crianças, adolescentes, jovens e adultos em atividades culturais e de lazer, possibilitando assim afastá-la das drogas, violência e marginalidade. São crianças que precisam tirar nota boa na escola, não podem reprovar, têm que ajudar os pais nos afazeres de casa. A gente tenta preservar um pouco os valores familiares que, infelizmente estão se perdendo. E, claro, manter viva essa tradição tão linda que é o festejo junino”, ressalta o coordenador.
A quadrilha hoje tem coordenadores que atuam em temas de responsabilidade social junto aos dançarinos como direitos da mulher, meio ambiente, sexualidade. Além disso, disciplina e espiritualidade também são trabalhados com eles.
Ademar conta que com as mudanças que as apresentações sofreram ao longo das décadas, as quadrilhas precisam de mais tempo para os ensaios que começam em janeiro. Quando os festejos se aproximam, os ensaios acontecem todos os dias.
Em Marabá, as quadrilhas sempre apresentam temas que são elaborados e executados em consonância com as coreografias e figurinos, um trabalho intenso de pesquisa e experimentações.
No último sábado, a Fogo no Rabo realizou uma festa de lançamento dos temas. A temática escolhida para a quadrilha mirim foi a novela Carinha de Anjo, do SBT, por ser uma trama que aborda questões religiosas, educacionais e de valores familiares. Para isso, foi realizada uma pesquisa por uma equipe da coordenação responsável pela escolha das temáticas.
Já a quadrilha adulta terá como tema “A viagem: da raiz à evolução sem faltar a tradição” uma homenagem a todas as pessoas e quadrilhas que contribuíram para que o festejo junino de Marabá fosse uma referência estadual.
Em relação às coreografias e figurinos, Ademar da Santa Rosa ressalta que sempre busca pessoas da comunidade local para executarem essas atribuições por compreender que há talentos que precisam ser mostrados.
“Eu sempre falo para os meus amigos quando eu visito alguns grupos juninos de Marabá que o melhor coreógrafo está na sua comunidade, o melhor figurinista está na sua comunidade, o melhor marcador está na sua comunidade, aquela pessoa que vai criar a estrutura, a temática está na sua comunidade. Ela só precisa de um olharzinho especial, que você dê espaço para ela”, pontua Ademar Dias.
Aryele Pereira tem 28 anos e há 14 faz parte da quadrilha Fogo no Rabo. Ela conta que é grande a expectativa para a volta do grupo às quadras e que, para ela, o grupo é uma grande família. “A quadrilha é uma família. Quando eu cheguei aqui fui bem acolhida, uma recepção maravilhosa e estou até hoje. É um amor imenso. É como se fosse minha segunda pele. Então é uma expectativa tanto do público como nós que somos dançarinos é imensa. Somos uma família não só no período junino, mas o ano todo”, observa.
Ao longo dos anos, a quadrilha colecionou dez títulos municipais, 24 títulos intermunicipais e dois estaduais.
Atualmente, as duas quadrilhas, mirim e adulta, contam com 26 pares cada uma. Somando com a coordenação e pessoas de apoio, a Fogo no Rabo é composta por cerca de 200 pessoas.
Tiago Serrano tem 25 anos e há sete anos faz parte da quadrilha junina. Ele compartilha sua expectativa com a apresentação e promete que o público vai gostar.
“A expectativa é muito boa devido um tema muito forte que a gente vem trazendo e com a quantidade de brincante que a gente tem hoje. É um número muito grande dos outros anos que a gente vinha e é uma expectativa muito legal, a gente tem muito o que mostrar. Tenho certeza que o público que está para ver no mês de junho a Fogo no Rabo vai sentir muito orgulhoso, muito feliz com o que a gente tem para apresentar para eles”, avalia.
Sobre a expectativa de voltar à quadra junina depois de dois anos, o coordenador fala da emoção que sente em um momento em que pensou que o movimento fosse arrefecer.
“Só nós quadrilheiros sabemos o tanto que foi difícil a gente ficar dois anos sem apresentação. É até de arrepiar, a gente se emociona quando a gente sabe que vai voltar o festejo junino. É uma paixão nossa desde criança. De muita felicidade, de muita honra porque está voltando algo que a gente ama. Eu costumo falar que cultura é o ar que eu respiro, é o meu DNA. Um município sem cultura é um município sem identidade. Um estado sem cultura é um estado sem identidade. Um país sem cultura é um país sem identidade”, finaliza.
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Aline Nascimento