“Como funciona a saúde?”: Em 2022, o Centro de Especialidades Integradas realizou mais de 25 mil atendimentos
“Além das especialidades médicas presenciais, há a Telemedicina, onde o paciente é atendido por videoconferência com médicos de várias especialidades, a Regulação, exames específicos e o Tratamento Fora do Domicílio”.
Desde 2018, a população de Marabá conta com atendimentos específicos de média e alta complexidades com o Centro de Especialidades Integradas (CEI), que em 2019 ganhou novas e modernas instalações. O CEI, localizado às margens da Rodovia BR-230 (Transamazônica), bairro Amapá, recebe em média cerca 1800 pacientes por mês, só no ano passado foram realizados 25.344 atendimentos.
O CEI conta com 12 consultórios e 17 médicos que atendem 14 especialidades, como Pediatria, Psicologia, Nutrição, Urologista, Dermatologia, Ginecologia Obstetrícia de alto risco, Medicinas de cabeça e pescoço, Cirurgia Vascular, Ortopedia, Otorrinolaringologista, Terapia Ocupacional, Neurologia e Fonoaudiologia. Além das especialidades médicas presenciais, dispõe de outras sete por meio do recurso de Telemedicina, bem como de exames radiológicos de mamografia e raio-X, Tratamento Fora do Domicílio (TFD) e Regulação.
“Além de atender a comunidade com excelência, nosso maior objetivo é evitar que o paciente seja tratado fora do município, e dessa forma, amenizar as filas no Tratamento Fora de Domicílio (TFD). Então, ele tem esse conforto de ser atendido e fazer todos os exames requisitados pelos especialistas, dentro da rede de saúde de Marabá”, destaca Fábio Lima, gerente do Centro de Especialidades Integradas em Marabá (CEI).
Para ter acesso a qualquer atendimento do CEI, é necessário começar pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS’s), a partir da solicitação e encaminhamento do médico clínico geral por meio do Sistema de Regulação do SUS (SISREG). “A porta de entrada para o CEI sempre são as Unidades Básicas. O clínico vê a necessidade do encaminhamento do paciente para cá, e assim esse paciente é agendado. Por isso, nós obedecemos uma fila de espera e fazemos o possível para que essa fila ande rápido e o paciente não espere tanto”, explica o gerente Fábio.
Assim como o Centro de Referência em Saúde da Mulher (CRISMU), há uma pactuação do CEI com outros sete municípios para exames de Mamografia (Abel Figueiredo, Bom Jesus do Tocantins, Eldorado dos Carajás, Goianésia do Pará, Jacundá, Nova Ipixuna e Novo Repartimento).
Pediatria
Atualmente, a especialidade mais procurada no CEI é a Pediatria. Para a médica Cláudia Dizioli, uma das 3 pediatras do Centro, é fundamental a presença desses especialistas para acompanhar tanto as crianças de 0 a 14 anos, que vêm das Unidade Básicas de Saúde, quanto os bebês prematuros do Hospital Materno Infantil (HMI). “Nós fazemos as avaliações, ou seja, qualquer tipo de problema que realmente na UBS não consiga resolver. As mães procuram as unidades básicas, onde o médico clínico vê essa necessidade de avaliação com o pediatra e encaminha pra gente. Aqui, a gente consulta e depois dá um destino, seja para a UBS, onde ela pode manter esse acompanhamento com o clínico por lá, ou mantém o acompanhamento aqui e faz uma solicitação de exame se precisar. Os casos mais comuns são crianças que têm problemas neurológicos, cardíacos ou problemas crônicos”, explica.
A doméstica Salete Souza, 42 anos, é mãe da pequena Maria Helena, 5 anos, e veio encaminhada pela UBS Amadeu Vivácqua, no São Félix II. “A gente veio ver um probleminha que ela estava sentido na barriga, e a gente desconfiou que seria uma hérnia, daí a gente consultou com a doutora pra ver se é mesmo isso. Já tem 6 meses que eu trago ela pra fazer tratamento aqui e não tenho o que reclamar, é rápido e a gente é bem atendida sempre”, expressa.
Raio-X e Mamografia
O exame mais encaminhado ao CEI é o Raio-X convencional, seguido da mamografia. Em média, 900 exames são realizados e encaminhados às UBS’s, por meio do SISREG e de forma física também. Na escala diagnóstica, Raio-X é um dos primeiros exames a serem solicitados pelos médicos, pois ajudam em diagnósticos diferenciados para análise de outras especialidades, contribuindo com diagnósticos e tratamentos precoces.
“A partir do momento em que os exames são encaminhados para nossa médica radiologista, o laudo é gerado e levado para o médico solicitante, que toma a devida conduta a respeito do tratamento daquele paciente, da melhor forma possível nas UBS’s. Eles têm acesso digital às imagens, e os atendimentos se tornam mais ágeis, são realizados com maior segurança e qualidade diagnóstica. Isso faz com que o departamento se torne uma unidade diferenciada e aumenta até a rapidez dos exames”, pontua Thomas Corto, tecnólogo em Radiologia e coordenador do Centro de Radiologia do CEI há 3 anos.
Telemedicina
Outras sete especialidades são garantidas no CEI, por meio do projeto de Telemedicina, como Pneumologista, Endocrinologista, Alergista, Gastroenterologista, Neurologista, Psiquiatra e Neuropediatra. Nessa modalidade, os pacientes recebem atenção médica numa sala específica, por videoconferência, de profissionais situados em outros municípios, como Belém, por exemplo.
Após passar pela UBS e SISREG, o paciente faz a triagem no CEI e recebe orientações do enfermeiro sobre o projeto, como se dá o atendimento e se a pessoa aceita ser atendida por vídeo. Em seguida, deve assinar um termo de consentimento para autorizar esse tipo de atendimento e só assim é agendada a consulta online, quando o médico de outra localidade irá acompanhar o paciente, tanto para diagnóstico, como para monitoramento e avaliação contínua.
“Eu fico também aqui na sala para orientação na hora da consulta, caso o paciente não entenda o que o médico está falando. Eu também sou responsável pela questão da orientação depois, caso o paciente tenha alguma dúvida com relação ao receituário, o tratamento. A gente explica sobre a orientação que o médico dá e quando é que ele tem que retornar”, esclarece a enfermeira Maria do Rosário, responsável pelo setor de Telemedicina no CEI.
Segundo ela, as especialidades mais procuradas são Endocrinologista e Neuropediatra. “Os teleatendimentos agilizam porque a gente tem uma fila de espera de pacientes aguardando atendimento do especialista, além de que muitos pacientes iam para Belém, porque a gente não tem certas especialidades aqui, então eles eram encaminhados. Agora essa demanda já não tem, não será necessário viajar para fazer o atendimento com o especialista”, finaliza a enfermeira.
TFD / REGULAÇÃO
Após o atendimento e regulação pelas UBS’s, Hospitais Municipal e Materno Infantil (HMM e HMI) ou pelo próprio CEI, a avaliação médica define a especialidade à qual o paciente deverá ter. Caso não haja o tratamento específico em Marabá, a pessoa é encaminhado à Central de Regulação do TFD para solicitá-lo fora de Marabá.
“O médico faz uma avaliação com todos os exames, e quando é diagnosticado que o tratamento não tem em Marabá. Então, ele vem até a Central de Regulação do TFD com todas as documentações que precisam para dar entrada. Daí, então, é feita a regulação, que é autorizada pelo Estado. Após autorizar esse paciente, ele vai até o setor de TFD para pedir o tipo de transporte adequado para esses pacientes”, pontua a coordenadora da Central de Regulação do TFD, Sinelândia Amorim.
Atualmente, a Regulação recebe, em média, 60 pacientes por dia. E com o sistema integrado por meio do SISREG, tornam-se mais rápidas as autorizações para o TFD. “É de grande importância para o município fazer essa ponte entre os pacientes e os hospitais. É pela Central de Regulação é que a Central do Estado vai conhecer o diagnóstico desses pacientes, através da informação que a gente colocou no sistema. E é muito mais rápido. Hoje, temos procedimentos que são em torno de no máximo 15 dias para ser autorizado e ir à Belém iniciar o tratamento”, reitera Sinelândia.
Em seguida, os médicos do TFD deverão analisar o meio de transporte mais adequado ao paciente, tanto de ida quanto de volta, como avião, ambulância, ônibus etc. Além disso, o usuário será avaliado, caso precise de acompanhantes. Todas as passagens são fornecidas de forma gratuita, com ajuda de custo variável conforme o destino do tratamento, pois caso não haja a especialidade dentro do estado, o paciente é encaminhado para o local mais próximo, seja em qualquer estado ou região brasileira.
“A gente tem pacientes em tratamento em São Paulo, em Brasília e em outros estados. Não é o paciente que escolhe, e sim a Regulação, o destino mais perto”, esclarece Euridice Bezerra, Assistente Social do TFD há 16 anos.
Entre as regulações do TFD mais frequentes estão os de oncologia (tratamento de câncer) e alguns casos de cardiologia. “Eu trabalho aqui há um bom tempo e a gente vê o quanto que é necessário e importante, pois como a gente não pode ter todos os serviços aqui, há como viabilizar um tratamento de forma encaminhada e fazer com que o paciente tenha sucesso no tratamento”, finaliza a assistente.
Farmácia
Quando o Centro de Especialidades Integradas (CEI) foi instituído, a Farmácia de Dispensação também foi criada. Por dia, são mais de 150 pacientes atendidos. Bianca do Parto é a primeira farmacêutica do local. Ela é responsável por cumprir as resoluções pertinentes a uma farmácia, como normas sanitárias, realizar o recebimento e a solicitação de medicamentos, supervisão dos insumos, dos pedidos e validade.
A farmacêutica destaca ainda a importância do profissional em dar orientações aos pacientes em relação a como tomar, horários, efeitos colaterais.
“Essa questão de atender o paciente. Quando o paciente chega, a gente consegue dar uma informação, a gente consegue prestar um conhecimento para o paciente, isso é atenção farmacêutica. A atenção farmacêutica é proporcionar conhecimentos técnicos-científicos para fazer um uso racional do medicamento. É muito importante estarmos com o paciente. É o cuidado do farmacêutico. Isso também é proporcionar promoção de saúde, que a gente preconiza tanto no SUS. Cuidar de pessoas”, finaliza.
Texto: Sávio Calvo
Fotos: Paulo Sérgio