Gente cuidando de gente: O carinho de Rosinha na UBS faz a diferença na saúde dos pacientes
Aos 5 anos de idade, o destino de Rosângela Moreira Martins mudou. A menina que nasceu em Tucuruí foi adotada por uma família do Bairro Francisco Coelho, local onde vive, desde então. Com o tempo, Rosângela virou Rosinha e faz parte do destino de muitas outras pessoas do bairro.
A aposentada Elvira Araújo da Silva, 88 anos, explica que Rosinha cuida de sua saúde com todo carinho, mesmo que ela busque a UBS quase toda semana.
“A Rosinha é minha salvadora. Estou aperreada, às vezes, cheia de dores e ela manda fazerem inalação, cuidarem de mim. Não tenho nada para falar de ruim delas; Acho até que ela já tenha abusado a minha cara porque quase toda semana estou aqui, para fazer alguma consulta ou buscar um remédio”.
Dona Elvira é outra moradora famosa do bairro e conta que lembra de Rosinha na infância, sempre estudiosa.
“Não era de ter intimidade de ir em casa, mas eu a via estudando todo tempo. Sabia que ia dar certo. Veio de uma família pobre, estudou, pelejou e está onde está”, complementa.
Rosinha hoje é gerente da Unidade Básica de Saúde (UBS) Demósthenes Azevedo, que fica no Bairro “Cabelo Seco”, como chamam os moradores. Mas antes de ser gerente Rosangela entrou na UBS como Agente Comunitário de Saúde, os servidores que são o elo entre a comunidade e a Unidade de Saúde.
Ela estudou nas escolas “Deodoro de Mendonça”, “Judith Gomes Leitão” e “Plínio Pinheiro”, onde fez o magistério e chegou a atuar como professora. Mas foi na gravidez do primeiro dos três filhos que Rosinha começou a descobrir seu prazer em cuidar das pessoas que lhe acompanhariam pelo resto da vida.
“Quando virei mãe despertou esse desejo de atuar na Saúde. Depois passei no concurso na ACS e vi que não queria voltar para Educação”, comenta Rosinha. Com o tempo ela fez o curso de Técnico de Enfermagem e há seis anos foi convidada para assumir a gerência da UBS.
“Estou no Sistema Único de Saúde (SUS) há 23 anos. Foram 16 anos como ACS. Aqueles que visitam as casas para ver a necessidade do povo mais de perto, trazem as demandas da população de sua área para o posto. Te digo que o SUS funciona e que é um trabalho que vale à pena “, garante a gerente.
A promoção para a gerência da UBS foi comemorada por outros moradores da região. “Que ela seja feliz, que seja a Rosinha de sempre, que quando eu precisar me atenda e assim seja para sempre enquanto eu estiver viva. Continue sendo boa para todos nós aqui que precisamos dela”, completa Elvira Araújo que emenda com um pedido “Só não pode sair daqui do posto e de perto da gente”.
Vidas que se misturam
Rosinha colaborou no nascimento de muitos bebês do Bairro. A mãe do jovem Thiago Silva e Silva, 19 anos, fez seu pré-natal no posto, quando Rosinha ainda era ACS. Recentemente foi a vez de sua mulher dar à luz a pequena Helena Furtado da Silva, de 1 ano. O pré-natal também foi todo feito na UBS.
“Eu frequento aqui desde que nasci. Minha mãe fez o meu pré-natal aqui. Utilizo todos os serviços daqui. É um lugar maravilhoso que tem para nossa comunidade. É essencial para gente. Conheço a Rosinha desde criança e ela estava sempre aqui, ajudando o pessoal da comunidade. Ela me ajudava. Vinha com muita febre e gripe e ela sempre teve paciência e depois com minha mulher”, conta.
Rosinha conta que a proximidade torna o trabalho mais difícil, mas também aumenta a satisfação. “É bem gratificante e dá mais trabalho porque quando conhecemos nos apegamos mais, as vidas ficam entrelaçadas, tanto profissional quanto pessoal. É gratificante porque hoje posso dizer que conheço o problema de saúde de cada um no meu bairro”.
Ela também garante que não pensa em sair. “Não me imagino trabalhando em outro lugar nem fazendo outra coisa que não seja cuidar do povo do bairro. Moro aqui e pretendo continuar aqui. As raízes ficam fincadas, a gente pode sair, mas volta. Morei na Nova Marabá e Liberdade, mas acabei voltando para cá”, acrescenta.
Gilvana Alves, 40 anos, que utiliza os serviços de ginecologista, psicólogo e enfermagem da UBS também ressalta a importância da profissional em sua vida. “Rosinha é uma pessoa maravilhosa, recebe a gente muito bem. Uma amiga, companheira do postinho, não tenho do que reclamar. Ela sempre dá todo apoio para gente. Agradecer e dar os parabéns”, complementa.
Gratidão que também é compartilhada pela gerente. “Dizer que tenho muita gratidão por estar aqui, quando preciso a comunidade me apoia também. Eles me apoiam e me fortalecem. Sou grata a Deus e a cada um deles que entra pela porta e que posso ajudar. Quando acordo abro os olhos e peço a Deus que possa melhor do que fiz ontem”, conclui.
Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Nathalia Costa