Gente que cuida da gente: Alegria e irreverência de seu Osmar, contagia quem passa pela Praça da Prefeitura
Quem trabalha ou circula nos arredores da Praça Osório Francisco Martins Pinheiro, na frente da Prefeitura de Marabá, já deve ter se deparado com um senhor grisalho, de sorriso largo, vestido com seu uniforme laranja. Osmar Lopes de Souza ou apenas seu Osmar, como os colegas o chamam, é um dos responsáveis pela limpeza do local e é conhecido pelas brincadeiras e pelo bom humor.
“Ele é uma pessoa muito boa, conheci pela praça, quando chegou, eu já chamo ele para ficar mais a gente. Todos gostam dele. Está sempre brincando com a gente”, esse é o depoimento da Andréia Simone Barbosa, de 45 anos. Ela é moradora do Brejo do Meio e vem sempre para cidade, visitar a amiga dona de um dos quiosques construídos na praça.
“Ele é alegre, às vezes, falo pra ele se aposentar, mas ele diz que gosta de trabalhar, que se parar vai ficar doente. Ele fala que gosta de sair, de estar aqui com a gente. É uma pessoa maravilhosa, está de parabéns”, completa a amiga.
A história do seu Osmar começou em Coroatá, no Maranhão, em 1956, ele já trabalhou com garimpo, morou em várias cidades do interior do Pará e Maranhão, até que conseguiu o emprego na Prefeitura de Marabá e se estabilizou. “Morar em Marabá era um sonho, cheguei aqui em 2006. Dia 27 de dezembro, eu comecei a trabalhar na Prefeitura, como gari. No mesmo mês que eu cheguei, tive muita sorte”, conta Osmar.
Ele se orgulha de já ter trabalhado em diferentes partes da cidade. “Já limpei grota, trabalhei com roço, trabalho nos canteiros, sempre ajudando a manter a cidade limpa e organizada”, destaca.
Ao lado dele, em alguns destes locais, trabalhou com a agente de conservação Alcilene Fernandes de Sousa, 49 anos, que também fez elogios a quem considera como uma pessoa da família. “Tem muito tempo que trabalhamos juntos, já trabalhamos em outros locais como ali perto do Verdurão. Seu Osmar é muito gente boa. Conheço ele há mais de 10 anos, considero ele um amigo, ou até um um pai, já que é mais velho do que eu. É uma pessoa super legal e brincalhona. Tem hora que me tira do sério, mas é gente boa”, brinca Alcilene.
Foi após um derrame que seu Osmar foi trabalhar na Praça da Prefeitura, por ser um local mais tranquilo, para preservar a saúde, já que ele insiste em não se aposentar. “Para mim ajudar a manter a cidade limpa é um prazer. Depois do derrame, a gente não pode se entregar, se não trava. Aqui todo dia estou me mexendo, trabalhando. Fazendo uma coisa e outra. Se a gente parar é pior para gente”, garante Seu Osmar.
No novo local, ele fez novas amizades, como a da agente de Segurança Patrimonial, Christiani Taylor. “Tive a oportunidade de conhecer ele porque trabalhamos aqui na Prefeitura, eu no gabinete, ele na praça. Para mim é uma honra ter essa convivência com ele. Tomar café da manhã juntos, quando estou saindo de manhã cedo, muitas vezes ele está chegando. Traz a alegria contagiante dele para dentro do nosso trabalho”, comenta.
Ela também aproveita para deixar um recado para o colega. “Seu Osmar quero que Deus abençoe muito sua vida, que continue contribuindo com a gente e é um prazer uma honra trabalhar com o senhor. Tens um espírito jovial e está sempre sorrindo e de boa vontade em ajudar e colaborar”, completa Cristhiane.
Ele agradece os carinhos dos colegas. “Aqui na Prefeitura, eu tenho um carinho sem tamanho,. Quando entro ali, vestido de gari todo mundo pergunta como eu estou, se estou bem. Isso me enriquece, me deixa cheio de vida. Sou feliz com tudo que tem se passado hoje, até mesmo com essa entrevista. Estava nervoso no começo, agora estou mais ainda”, revela.
Seu Osmar acorda às 4h30, quando o celular desperta, toma um banho, pega um ônibus lá da Folha 8, onde mora, e vai para a Praça garantir a limpeza, onde costuma ficar até às 17h. No intervalo de almoço, costuma ficar pelo local do trabalho, comendo, contando piadas e conversando com os colegas.
Hoje, ele mora sozinho em sua casa, mas tem parentes que são vizinhos. Seu Osmar tem três filhos e agora começam a chegar os primeiros netos. “Tenho filhos que moram em Altamira. Uns 30 dias atrás vieram nos visitar, filho, neto, genro, a gente passeou. Eu levo eles para conhecer a cidade. Meus filhos são inteligentes, são pessoas legais. Sempre chamo eles para morar aqui, quem sabe um dia”, expõe.
Ele conta que Marabá se tornou a cidade do seu coração e onde pretende passar até o fim dos seus dias. “Marabá é a cidade mais acolhedora que eu conheci. Todo mundo que vem para cá se dá bem. Aqui tem oportunidade demais para trabalhar, só se a pessoa não quiser mesmo. Eu sou louco pela cidade. Espero morrer aqui, para mim será um prazer”, completa.
A gente, da Prefeitura, só tem a agradecer por pessoas que trazem tanta positividade e dedicação como Seu Osmar.
Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Sara Lopes