Gente que cuida da gente: Cuidado e atenção de Nelinho modificam vidas de crianças da Escola Mário Antônio
Há 28 anos, Nelinho Carvalho de Souza começou a sua história como educador em Marabá. Nascido em Itupiranga ele migrou ainda bebê para o local que hoje conhecemos como Nova Ipixuna, na época sua família foi removida do local onde moravam, pois seria alagado pela barragem de Tucuruí.
Sua mãe trabalhava em escolas como faxineira e merendeira e seu pai era agricultor. Os dois se esforçaram muito para garantir que o menino Nelinho conseguisse concluir os estudos e para lhe dar condições de vir para Marabá fazer faculdade de Pedagogia, após ser aprovado no vestibular para Universidade Federal do Pará (UFPA), nome da Unifesspa na época.
“Família de trabalhadores rurais. Imagina a luta que é dois trabalhadores manterem alguém na universidade em outra cidade, isso na década de 90. Um grande desafio e uma das razões que sempre agradeço e enalteço o papel que tiveram na minha vida. Fizeram todos os sacrifícios para que eu estudasse e hoje enxergo nos meus alunos essas condições e me esforço para fazer o melhor por eles”, conta o professor.
Hoje, Nelinho dá aulas na Escola Mário Antônio Alves, na Folha 25. Mas já passou pelas escolas Jarbas Passarinho, CMRIO (antigo CAIC), Augusto Morbach, Anastácio de Queiroz e São Francisco. Por onde passa é querido pelos alunos e profissionais, devido à sua dedicação e talento como professor alfabetizador.
“Como profissional, ele está com a gente há uns 4 anos, sempre pegou turma de alunos pequenos porque tem muita desenvoltura com esse público. É um professor alfabetizador nato. A gente percebe a qualidade do trabalho, desenvolvimento com os alunos, como as crianças recebem ele como professor”, comenta Maria Couto, coordenadora pedagógica que trabalha com Nelinho.
As crianças fazem couro na opinião dela. “As aulas são muito interessantes, muito legal. Minha matéria favorita é matemática e ele ajuda minhas dúvidas, é muito bom. A gente faz desenhos da nossa família. Ele incentiva a gente. Ensina a escrever. Professor muito bom e muito legal. Agradeço muito que ele ajuda a gente bastante”, comenta a pequena Esther Nascimento, 7 anos, aluna do 1º ano.
Isabelly Pinto Souza, 6 anos e José Kaleb, 7 anos, complementam: “Acho boa às aulas porque tem várias brincadeiras. Ele tem paciência e cuida da gente”, diz a menina. “As aulas são legais, interessantes, bonitas. Gosto de tudo nas aulas e gosto muito dele”, complementa o garoto.
Nelinho explica que nem sempre quis ser professor. Quando menino, seu sonho era ser jogador de futebol ou piloto de avião.
“Essas profissões soam como brincadeira na cabeça da criança. Mas quando entrei em Pedagogia foi por ser a opção mais interessante que me era ofertado na época, era Pedagogia ou Contabilidade. Mas me descobri um professor depois que fiz o curso. Pintou uma vocação porque é uma área fantástica. A mais fantástica entre todas. Eu me descobri”, ressalta.
Hoje o menino se esforça para ajudar que as crianças de Marabá possam realizar seus sonhos, descobrirem suas vocações e maximizar as opções. “Me vejo como um elo entre as crianças e os sonhos dela. Às vezes, o professor é a única oportunidade que elas tem de conquistar esses sonhos. Aqui na Folha 25 é área carente e nós temos esse papel de formação. Para que consigam ter uma profissão que lhes sustenta e lhes permita sonhar”,
Ele conta que esse é um dos motivos de ter escolhido dar aula para os primeiros anos. “Essa é uma das razões que vim para o primeiro ano. Onde o mais importante é ensinar a ler e escrever. Quem não aprende logo tem sua carreira escolar muito comprometida. Escrever e ler são as ferramentas para que possam sonhar na vida deles. Fui alfabetizado em casa pela minha mãe, já cheguei na escola lendo. Mas nem todos têm essa sorte. Por isso estou aqui”, conclui.
Texto e Fotos: Osvaldo Henriques