FCCM: Geólogo que descobriu a Serra dos Carajás visita Museu Municipal
Breno Augusto dos Santos, o geólogo responsável por descobrir a mina da Serra dos Carajás, em 31 de julho de 1967, quando a região ainda fazia parte de Marabá, visitou o Museu Francisco Coelho, na Marabá Pioneira, na sexta-feira, 29 de setembro.
A recepção foi feita pela Presidente da Fundação Casa da Cultura (FCCM), Vanda Américo, e pela orquestra da fundação que, por coincidência, tocou uma das músicas preferidas dele, “Carinhoso”.
Atualmente, aos 83 anos e morando em Niterói, no estado do Rio de Janeiro, essa é a primeira visita ao Museu de Marabá, que tem parte do acervo dele relacionado à mineração, como fruto de sua descoberta, 56 anos atrás quando, após descer de um sobrevoo de helicóptero sobre a Serra dos Carajás, descobriu o potencial mineral da região.
Ele conta que tempos atrás assistiu na internet o conteúdo de um casal que viaja de kombi, visitando cidades e que se surpreendeu quando viu sua fotografia na parede e quando o casal perguntava se ele estava vivo.
“Não pensei que fosse algo tão adiantado, organizado e com tantas informações como vi hoje. Tenho uma excelente impressão do museu. Cada sala impressiona. O museu está muito bem organizado. A área de mineração eu já conhecia pelo vídeo e as outras áreas que nem imaginava estão muito bem organizadas”, avaliou.
Junto com Vanda Américo, Breno dos Santos e revisitou a memória por meio de personagens e momentos históricos de Marabá. Ele conheceu a sala da mineração onde há a foto dele na época, assim como ver a presença da descoberta da mina na linha do tempo de Marabá.
“A presença dele aqui e ele conhecer e ver que está dentro do museu é muito importante. Valorização com a história do Brasil. Ele descobriu a mina da Serra dos Carajás. Não é pouco. Hoje, a economia do Brasil passa por essa exploração mineral, pela exportação desse minério que é feita aqui na nossa região. Para a gente é motivo de reconhecimento, de fazer honras para essa chegada dele. Eles fez questão de vir aqui”, pontua a presidente da FCCM.
Entre a visita a cada sala do museu e histórias da época contadas por Breno, ele recebeu da FCCM, uma obra em nanquim feita pelo artista Jonas Barros e que retrata um castanheiro.
Acompanhado por quatro filhas, uma delas, Paula Lemos, que descreveu o sentimento ao ver o pai visitando o Museu Francisco Coelho.
“Veio uma sensação assim de… é estranho falar isso, mas de pertencimento porque eu nunca vim aqui, mas eu me sinto em casa. Eu fiquei emocionada porque é tudo tão bem feito, com tanto carinho. Uma coisa é a gente ter noção que o nosso pai tem toda essa importância. Outra coisa é vivenciar com ele. Então, a gente fica emocionada e ver ele emocionado deixa a gente encantada”, destaca.
Quem acompanhou a visita de perto foi o também geólogo Pablo Santos, que trabalha na FCCM. Para ele, a descoberta de Breno dos Santos abriu caminho para a expansão de diversos conhecimentos sobre a região.
“Patrimônio geológico, patrimônio de mineração, patrimônio arqueológico, patrimônio espeleológico, que não se conhecia nada sobre aquilo. A gente não sabia. A gente está vendo aqui durante as conversas, desde o relato dele da descoberta, no momento em que ele era apenas um técnico fazendo um estudo a serviço de uma empresa grande e, hoje, depois de 50 anos, ele revendo frutos da mudança que ele nem saberia que ia causar”, destaca.
Para Breno dos Santos, muito além de conhecer o museu de Marabá, é preciso celebrar a educação e a cultura como fatores importantes de mudança na realidade social.
“A preocupação com a cultura nessas três cidades aqui que já fiz palestra – Canaã, Parauapebas e aqui – é o cuidado que se tem com a educação das crianças. Acho fundamental porque a única maneira de a gente superar a o do brasileiro é através da cultura e da educação. A única chance que a gente pode dar para essa população que, economicamente, é marginalizada, de ter um lugar ao sol”, finaliza.
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Paulo Sérgio Santos