Gestão: Prefeitura de Marabá oferece Central de Interpretação em Libras para surdos
A comunidade surda em Marabá, além do Centro Especializado na Área da Surdez (CAES) tem a seu dispor a Central de Interpretação de Libras (CIL), que funciona nas instalações do CAES, na Folha 26, ao lado da OAB. A CIL tem o objetivo de promover acessibilidade dos surdos aos serviços públicos por meio da intermediação da comunicação em libras. O serviço é gratuito, como explica uma das intérpretes e coordenadora da central, Alzira Pinto.
“Geralmente quando as pessoas falam em inclusão, pensam logo nesta parte arquitetônica, de calçadas, de rampas, mas existe também a inclusão com acessibilidade na comunicação. O nosso objetivo é promover acessibilidade através de tradução e interpretação aos surdos e às pessoas com deficiência auditiva”, informa a coordenadora.
Atualmente, a Central de Interpretação de Libras mantida pela Prefeitura de Marabá está ligada à Secretaria Municipal de Educação (Semed). O serviço é disponibilizado aos surdos com agendamento, mediante solicitação com antecedência de 24 horas ou ainda, emergencial, se imprescindível. A solicitação pode ser feita na própria central ou pelo telefone (91) 98103-6756.
A CIL possui 110 surdos inscritos, porém ainda atende surdos de outros municípios e estados. Os intérpretes acompanham os surdos em diversas situações, em especial na busca por serviços públicos como atendimento em saúde, de cidadania, a exemplo da emissão de documentos, matrícula escolar, dentre outros. Por outro lado, situações como acompanhamento de alunos em universidades, por exemplo, fogem da competência da CIL.
“Temos um documento orientador do MEC, mas a gente acaba fazendo alguns serviços que não estão previstos nesse documento, porque a nossa realidade é diferente, a demanda é grande. Quando há uma formação para professores porque tem professor surdo na rede, então precisa de um intérprete. Já recebemos ofícios do fórum para interpretar em audiência. Eles mandam pra Semed e chegam pra gente com data e hora marcada e nós vamos atender. No presídio, no CIAM, nós auxiliamos também”, esclarece a coordenadora.
De acordo com o Governo Federal, a política de equipagem de Centrais de Interpretação de Libras (CIL) foi lançada em 2013 pela então Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR). Por meio desta política de fomento, a União ofereceu aos estados e municípios um kit composto por mobiliário, equipamentos eletrônicos e veículos.
Em contrapartida, os entes federados se comprometeram a manter a Central de Interpretação de Libras para o atendimento às pessoas surdas ou surdo-cegas, favorecendo, por meio da intermediação na comunicação, o acesso a serviços públicos.
O funcionamento da CIL é de segunda-feira a sexta-feira, nos horários das 07h30 às 11h30 e das 13h30 às 17h30.
Intérprete fala da motivação em trabalhar a língua de sinais
O professor de Educação Especial, Augusto Cezar Bezerra, que trabalha há 10 anos com Libras, é um dos intérpretes da CIL e disse que escolheu a profissão para contribuir com a comunidade surda. Ele disse que se identificou com a área fazendo cursos. Augusto é graduado em História e possui licenciatura em Pedagogia, mas sentiu a necessidade de complementar os conhecimentos e buscou formação em Libras.
“Percebi que não só a demanda, mas a necessidade de profissionais que fizessem a intermediação dessa comunicação com a comunidade surda era bastante gritante. Então vendo essa necessidade, esse nicho de mercado, pensei em colaborar. É muito importante, até porque fazemos essa intermediação do mundo do surdo, que é sem som, com o nosso mundo. É uma comunidade que necessita do nosso carinho, nosso respeito, diante destas leis que já estão aí, garantidas mas ainda falta implementar. Esperamos que se concretize logo”, observa o professor.
Evento contou com a participação de intérpretes nesta quinta-feira
Na quinta-feira, (26), os intérpretes estavam em atendimento na Semed, durante a formação de professores da Educação Especial. São 30 na rede, atuando nos dois centros, o CAP- Centro de Apoio Pedagógico ao Deficiente Visual e o CAES. O encontro ocorre periodicamente. Os intérpretes intermediaram a comunicação com os professores surdos. Ingrid Fernandes, uma das formadoras, falou da importância do serviço.
“É fundamental não só para os centros. Queremos expandir esse tipo de serviço, de profissional de apoio para o ensino comum, para o aluno que não consegue ter esse intérprete direto. A secretaria tem pensado nisso, nessa proposta de incluir , que não fique localizado apenas nos espaços específicos da Educação Especial. Os intérpretes e tradutores são importantíssimos nesse processo”, comenta a formadora.
Texto: Leydiane Silva
Fotos: Aline Nascimento
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