Cultura: Gigantes do Norte celebrará 15 anos no 36º Festejo Junino de Marabá
Há 15 anos, na Rua Benjamin Constant, Marabá Pioneira, três garotos decidiram iniciar um sonho e começaram um projeto que envolve, além de cultura e inclusão social, também ‘Amor, Fé e Tradição’. Por isso este é o tema da Quadrilha Junina Gigantes do Norte na edição de 2023 do Festejo Junino de Marabá.
O coordenador e um dos fundadores da junina, Rayr Wanderson, conta que a junina trabalha com jovens, crianças e adolescentes e há 10 anos iniciou sua trajetória no festejo.
“Este ano em comemoração aos 15 anos de fundação e 10 de dança, o tema é ‘Amor, Fé e Tradição, sou Gigante de Coração’. Vamos passear pela nossa tradição do comecinho até o dia de hoje. Enquanto coordenador, fundador e marcador vou trazer um pouco da minha história para dentro das quadras juninas”, conta Rayr.
Ele conta que participava de outras quadrilhas, mas sentia a necessidade de fazer algo que envolvesse as pessoas de sua rua. “Foi quando resolvi formar a Gigantes. Mas hoje o projeto não se limita só a rua Benjamin Constant, vem gente de todos os lugares de Marabá. Temos brincantes da Folha 25, Folha 15, Francisco Coelho, Liberdade, entre outros”, destaca.
Segundo o coordenador, o público pode esperar um espetáculo muito bonito este ano e reitera que a meta é brigar pelo título. “A junina Gigantes do Norte faz parte da minha vida. Quando penso em não dançar, meu coração dói. A Gigantes já mudou tantas vidas. Cada destaque, marcador, brincador, puxador, tem seus sonhos aqui. Nossa expectativa são as melhores possíveis. Estamos trabalhando para chegar em um objetivo que é estar entre as campeãs do festejo”, completa.
Para isso a rotina de ensaio tem sido puxada e acontecem todos os dias da semana. Nos fins de semana a junina participa de arraiais pela cidade. A noiva da junina Jamilly Salles, 10 anos, não esconde o cansaço, mas afirma que não abre mão de participar.
“A rotina é cansativa, mas a gente se sente bem, então fica tudo tranquilo. Me sinto muito acolhida aqui. Faz parte de mim. São João é uma coisa que quando a gente não tem, sente saudade. Sempre penso que ano que vem não vou dançar, mas na primeira reunião já estou lá”, expressa.
E a vida de Jamilly sempre esteve ligada ao São João. Sua avó vendia produtos nas barracas durante o festejo e a menina cresceu vivenciando o clima do Festejo Junino de Marabá. “Ela sempre me levava quando ia vender no festejo, e eu nunca dormia, sempre ficava de olho. Minha vó fazia a sainha para mim. Eu não tinha idade para competir, mas ficava ali dançando, mexendo a sainha”, relata.
Com 8 anos ela estreou na junina mirim da Gigantes, disputou miss caipira e ficou em segundo lugar, desde então nunca parou. “Fui miss caipira contando algumas lendas da Amazônia, fiquei em segundo lugar. Estava começando e deu aquele gás para mim. Depois fui brincante na adulta e desde 2018 me tornei destaque. A gente cansa no momento, mas é uma coisa que é uma terapia pra cada um. Só sabe quem dança. Ali esquecemos de tudo e acalma o coração”, complementa.
O Ronald Diniz, 20 anos, também sempre teve a junina junto de si. Hoje ele é o Rei da Gigantes do Norte, mas já participou da junina Furacão Mirim e teve uma trajetória pela Fogo no Rabo. Vindo de uma família de quadrilheiros, ele faz um convite para que todos acompanhem a Gigantes do Norte.
“Somos amigos, somos uma família. São pessoas com quem podemos contar, pedir ajuda, falar das nossas dificuldades. Primeira vez que sou Rei, já fiz destaque do cangaço. Mas esse ano é algo novo. Pegar a frente. Sempre me divertindo. É algo que eu gosto e me sinto bem. Estou muito feliz. Sensação incrível. Será demais. Gigantes virá com tudo para arrebentar e deixar todos de boca aberta”, conclui.
Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Sara Lopes