Mab110: 2ª noite do Giro Cultural é marcada por mistura de ritmos com os grupos da Casa da Cultura e Nilson Chaves
No sábado à noite, 29, o público que foi prestigiar a segunda edição do Giro Cultural, prestigiou grupos da Casa da Cultura (FCCM), a organizadora do evento, com apoio da Fundação Cultural do Pará. Além disso, o evento realizado em frente ao Museu Municipal, na Marabá Pioneira, trouxe ao município o cantor Nilson Chaves, nessa segunda noite de programação.
A primeira atração a as apresentar foi o grupo Cabelo Seco, formado por alunos e bolsistas da FCCM. O grupo surgiu há pouco tempo e tem no Chorinho o ritmo principal. O nome é uma homenagem ao tradicional bairro da Marabá Pioneira.
Formado por seis integrantes que tocam violão, pandeiro, clarinete, cavaquinho e violino, o grupo trouxe um repertório clássico da Música Popular Brasileira, como Aeroporto do Galeão, Doce de Coco, Brasileirinho e Carinhoso.
“Foi ideia do professor Bruno, que viu que tem essa necessidade aqui na cidade. Trazer essa coisa de fora, que é o Chorinho, que é muito difícil de ver por aqui. A gente tem muitas bandas que cantam brega, mas o chorinho é uma coisa que a gente trouxe para cá. Nosso repertório foi escolhido, músicas que a gente gosta. A música tem que ser sentida. Aeroporto do galeão, por exemplo, é uma música que eu escolhi, que eu interpretei, é uma música que fala muito comigo. A interpretação dela, eu sinto, eu me arrepio quando eu toco. Brasileirinho, uma música que todo mundo já conhece, que todo mundo dança, que todo mundo gosta”, pontua Amanda Vieira, que toca clarinete.
A segunda atração foi a banda Kukrádja, composta por professores da FCCM. A escolha do termo indígena refere-se a cultura. A banda tem como objetivo fomentar uma produção musical que busque a manutenção da cultura popular da região. Entre as músicas interpretadas pela banda estiveram O Tempo Não Para, de Cazuza, Lindo Lago do Amor, de Gonzaguinha, e Samurai, de Djavan.
A última música foi Gó, de Nilson Chaves, com direito a uma rápida palinha do intérprete da música, que se apresentou após a banda e já estava no palco, ajustando os últimos detalhes para o show.
“Nós somos aficcionados pela Amazônia. Como bons amazônidas, decidimos juntar o que há de melhor nessa Amazônia musical e fazer um flerte com a nossa jornada, tradicional de música, só que sem perder o que é genuíno nosso. E nós temos etnias, rostos, sabores que são só nossos, da região Carajás. Baseado nisso, nós conversamos com uma historiadora e chegamos a esse conceito, que pertence à língua indígena, que é Më Kukrádja. É algo que abrange não só a cultura, mas nosso modo de viver, o que nós temos, o que nós somos, como fazemos. Abrindo o show do Nilson Chaves para esse público caloroso. Foi lindo, inexplicável. Muito bom”, comenta Bruno Fernandes, o guitarrista da banda.
A grande atração da noite foi o cantor paraense Nilson Chaves. Com quase 50 anos de carreira, o artista apresentou ao público marabaense algumas das canções que fazem parte de seu vasto repertório, como “Sabor Açaí”, “Poesia, Poesiazinha” e “Olhando Belém”. A apresentação contou ainda com a participação do percussionista Alcides Alexandre.
“É uma honra poder estar aqui hoje depois de tanto tempo sem vir aqui até porque a pandemia não nos permitiu. Estou super feliz de estar aqui de novo, receber esse carinho das pessoas. Vamos tentar fazer uma noite especial. Marabá é uma cidade muito especial. Ela abraça o Brasil e isso é muito legal. Poucas cidades no Brasil têm esse privilégio de abraçar o Brasil. Aqui a gente tem do paraense, ao amazônico, ao brasileiro”, destacou Nilson Chaves.
A Presidente da FCCM, Vanda Américo, avalia que o 2º Giro Cultural recebeu um retorno positivo da sociedade por meio da participação nas programações, que servem também para apresentar os artistas da casa, ou seja, que fazem parte da Fundação.
“É um projeto que tem a preocupação de deixar para as gerações futuras um resgate da cultura. O público abraçou, acolheu. Cultura não se faz só. Cultura precisa de aplauso e de apoio. Temos hoje, a Kukrádja e a Cabelo Seco. Ontem as The Queens fizeram uma apresentação maravilhosa. Os meninos são musicistas, multi-instrumentistas. São jovens de idade, mas fazendo música já tem muitos anos. E é o momento de a gente colocar eles no palco, aos poucos, mostrando para eles que o espaço é para todo mundo. Hoje, eles estão abrindo o show do Nilson Chaves, que é o nosso embaixador da música paraense e vai estar aqui com a gente coroando o nosso 2º Giro Cultural”, comenta.
Repercussão
Jandir Nascimento trabalha em uma prestadora de serviço de internet e chegou cedo com a família e amigos para acompanhar as apresentações.
“Eu soube da programação por meio das redes sociais. Estava em casa e minha esposa falou ‘vamos lá’. Aí, eu vim e estou vendo que é uma coisa bem organizada. Marabá precisa desse momento para poder trazer as famílias de volta aos locais, confraternizar. É importante para a cultura marabaense ter esses momentos”, ressalta.
Gabrielle de Sousa é estudante de psicologia e trabalha como social media. Ela foi para a programação com alguns amigos. Uma parte deles, juntamente com ela, pedalaram do núcleo Cidade Nova até o Museu para apreciar os shows do Giro Cultural.
“Eu soube através do instagram da Prefeitura de Marabá e ocasionalmente convidei todo mundo, fui chamando outra e outra pessoa. A música me agrada muito porque no geral eu amo MPB. Eu faço psicologia, então para mim, resgatar a cultura é muito importante. No geral, estou gostando muito. Eu desejo mais disso para Marabá. Acho que para viver a cultura é muito importante, relembrar o que a gente já foi um dia. Eu quero muito aproveitar e cantar muito, dançar também, e aproveitar com meus amigos”, declara a estudante.
A professora da Faculdade de Educação do Campo, Cristiane Cunha, estava atenta ao show de Nilson Chaves e aproveitando com a família o momento. Ela compartilha que participou do arrastão da programação durante a manhã e que poder assistir os shows à noite foi uma oportunidade especial por um motivo.
“E hoje também é um dia muito especial porque o Nilson está cantando, mas também porque é o aniversário da minha filha e a gente veio comemorar respirando cultura. Nós precisamos valorizar nossa cultura local, valorizar o nosso povo. Essas atividades são muito boas. A prefeitura está de parabéns. A Casa da Cultura está de parabéns pelo trabalho que vem realizando. Então, foi um presente muito bonito para a gente hoje poder vir comemorar, estar em família. Tudo muito organizado, tudo tão bonito”, elogia.
Incentivo à cultura
Na visão da Diretora do Museu Municipal Francisco Coelho, Wânia Gomes, o Giro Cultural mostrou resultados e já abre perspectivas para a próxima edição.
“Nós estamos em êxtase aqui porque na nossa avaliação, a nossa cultura saiu muito fortalecida. A gente já está pronto, já pensando no próximo Giro, de melhorar a nossa infraestrutura, atrações, procurar melhorar no geral ainda mais. Agradecer ao público que está prestigiando. Está uma noite memorável”, celebra Wânia Gomes.
O 2º Giro Cultural contou com apoio e parceria importante da Fundação Cultural do Pará (FCP). Para o presidente da instituição, Thiago Miranda, a parceria entre município e estado fortacelem os espaços e manifestações da cultura local.
“Nós, representando agora o estado do Pará, e a Fundação Cultural do Estado, estamos aqui para fortalecer a cultura do município de Marabá, a cultura da nossa região. Em nome da presidente da Casa da Cultura, Vanda Américo, a gente gostaria de parabenizar os 110 anos de Marabá, a todos aqueles que são marabaenses, nascidos aqui, ou adotados de coração por essa cidade. Um forte abraço e nós gostaríamos de falar, conte conosco, conte com o Estado do Pará, com a Fundação Cultural. Vamos trabalhar cada vez mais juntos, município e estado”, frisa Thiago Miranda.
Confira outras fotos:
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Sara Lopes