Seaspac: Idosos do Cipiar desejam reencontrar familiares
Raimundo Dionísio de Sousa, Oséias Alves de Araújo, Luiz Nonato da Silva, Manoel Ferreira de Araújo e Lúcia Vitalina de Souza têm algumas coisas em comum. Eles residem no Centro Integrado da Pessoa Idosa Antônio Rodrigues (Cipiar), em Marabá, e estão à procura dos familiares, pois perderam contato com a família há muito tempo. As vagas lembranças são o que norteiam a pesquisa do centro para tentar encontrar algum familiar e, assim, tentar restaurar os vínculos.
No Cipiar, eles recebem todos os cuidados necessários como atendimento médico e psicológico, além de higiene pessoal e alimentação. A assistente social Ariana Lima conta que os idosos chegaram ao local por diversos meios, um deles é pelo Centro de Referência Especializado da Assistência Social (Creas). “Trabalhamos em cima de uma rede socioassistencial, que inclui o Centro de Referência da Assistência Social (Cras), o Centro de Referência Especializado da Assistência Social (Creas), a polícia, Ministério Público. Trabalhamos juntos para encontrar o documento dessa pessoa, no caso, a certidão de nascimento”, confirma.
Segundo Ariana, a partir de agora o fluxo de acolhimento será modificado. O Cipiar atenderá demandas vindas somente do Creas, que trabalha com violação de direitos. “É através do Creas que nós fazemos esse acolhimento diretamente. O Creas faz um estudo e se o idoso tiver perfil para vir para o acolhimento institucional, nós acolhemos esse idoso. É dessa forma que fazemos”, explica.
A população também pode fazer essa denúncia, por meio do Creas, e a situação será analisada. O contato é 94 98411-2133.
Histórias
Morando no abrigo desde 2019 e mesmo com um problema mental, que provavelmente adquiriu morando na rua, Raimundo Dionísio, 58 anos, lembra que nasceu em Matias Olímpio, no estado do Piauí e que o nome do pai é Eduardo Evaristo Dionísio de Sousa, apelidado de “Dudu”, e a mãe se chama Maria da Conceição Alves de Sousa. Ele ainda lembra que tem uma irmã, Maria de Fátima, e um irmão que morava em uma vila chamada de Brejo de Anapurus, situada no Maranhão. Com essas informações, o Cipiar conseguiu fazer contato com o cartório, onde ele foi registrado e conseguiu confeccionar os documentos dele.
Com lembranças bem vagas e dificuldades para enxergar, outro idoso, que também espera encontrar algum familiar, é o senhor Oséias Alves de Araújo, 80 anos. Ele relata que é natural de Floriano, no Piauí, e diz que a mãe se chama Francisca Alves Araújo e o pai Firmino Fernandes dos Santos. Segundo ele, possui três irmãos, mas a dificuldade na fala não permite identificar os nomes. Oséias não possui documentos, pois as informações desencontradas não possibilitaram que as profissionais do Cipiar encontrassem qualquer registro de sua existência.
O senhor Luiz Nonato, 65 anos, que chegou ao abrigo no início do mês de fevereiro, ainda está em fase de adaptação. Sem documentos e também com uma história triste, não se sabe quase nada sobre a vida dele. O local onde nasceu é bastante incerto, já que divaga sobre as cidades de Teresina ou Água Branca, no Piauí. De acordo com o idoso, o nome da mãe era Joana Maria da Conceição e o pai se chamava Raimundo Nonato da Silva. Luiz ainda conta que morou e trabalhou muitos anos como agricultor na Vila Cupu, a 60 km de Marabá, quando teve um Acidente Vascular Cerebral (AVC), o que o impossibilita de andar e falar normalmente.
Outra trajetória bastante comovente é a de Manoel Ferreira, 68 anos, que está no abrigo há 7 meses. Ele nasceu em São Luiz Gonzaga, no Maranhão, e foi registrado em Bacabal, no mesmo estado. Veio à Marabá para trabalhar na construção civil, inclusive iria participar da duplicação da rodovia Transamazônica e da construção da orla. Quando chegou aqui, não conseguiu se encaixar, ficou desempregado, foi perdendo tudo o que tinha, a família foi embora e ele acabou indo morar na rua.
Hoje, por problemas mentais e até mesmo pela idade, não recorda detalhes importantes que poderiam ajudar a reencontrar os familiares. Segundo ele, o nome da mãe era Maria Francelina Ferreira de Araújo e, supostamente, a esposa e filhos chamariam Ana Araújo e Suelen, Franciele e Françuá, respectivamente.
A última da lista à procura dos parentes é a dona Lúcia Vitalina, que com 91 anos, é vaidosa, ama colares, tiara colorida e unhas feitas. Ela é a mais nova no abrigo. Chegou há quase um mês, vinda de uma vila no Km 21, logo após o falecimento do esposo, com quem vivia há cinco anos. Ela já era acompanhada pelo Creas e ajudada pelos vizinhos e amigos que fez na comunidade, mas devido à idade avançada e necessidades especiais, teve que ir morar no centro de apoio. Ela conta que nasceu em São Miguel do Guamá, aqui no Pará, e os pais se chamam Antônio Vitalina de Souza e Paulina Vieira de Melo. Ela tem três filhos, mas não sabe o paradeiro deles.
A coordenadora do Cipiar, Adriana Ferreira, responsável por todos os idosos que ali vivem, afirma que o objetivo é proporcionar qualidade de vida a eles e isso inclui estarem perto da família. “A gente percebe que por mais que eles sejam bem cuidados, tenham uma vida social ativa, através dos amigos e das atividades do centro, o desejo de cada um é estar próximo de algum parente, seja pelo menos para um mínimo contato”, afirma.
Informações
Se alguém conhecer algum desses idosos e souber alguma informação sobre o paradeiro desses familiares, pode informar ao Cipiar pelo telefone (94) 98421-1479.
Texto: Fabiana Alves
Fotos: Jéssika Ribeiro