Mab110: 2º Giro Cultural começa com apresentação de grupos de Divino e Santo Reis
Este é o segundo ano da programação organizada pela Fundação Casa da Cultura de Marabá (FCCM), que neste primeiro dia inclui apresentação e arrastão de 20 Grupos de Divino Espírito Santo e 02 grupos de Santo Reis
Na manhã desta sexta-feira, 29, teve início o 2º Giro Cultural no Museu Municipal Francisco Coelho, no núcleo Marabá Pioneira. A programação iniciou com apresentação e arrastão dos Grupos do Divino Espírito Santo e dos Santos Reis. O Giro Cultural é organizado pela Fundação Casa da Cultura de Marabá (FCCM) como parte da programação de aniversário da cidade.
O evento começou às 8h30 e contou com 20 grupos do Divino Espírito Santo de todas as partes da cidade, além de dois grupos de Santos Reis. As manifestações de caráter religioso remetem a cantos e rezas entoados como uma liturgia pelos participantes, contando também com coreografia e bandeiras representando cada grupo.
A Presidente da FCCM, Vanda Américo, pontua a grande participação dos grupos que levam adiante a tradição dos Divinos e Santos Reis e o fortalecimento das manifestações culturais de Marabá.
“É uma valorização da cultura, um resgate, fortalecimento. Um momento bacana da gestão municipal de fomentar a cultura. Um povo sem cultura é um povo sem história. A gente tem que deixar referências da nossa cultura para as gerações futuras. Isso é cultura popular, cultura do povo e a gente deve valorizar, respeitar e aplaudir. Fechar o aniversário de 110 anos com essa participação muito bacana da comunidade, da cultura popular, do povo de vários bairros da cidade, que a gente compreende cultura dessa forma”, ressalta a presidente.
Na última edição do Giro Cultural não houve participação de grupos de Santos Reis. Neste ano, dois grupos se apresentaram. Um deles é coordenado por Ana Luiza Rocha. Ela atua há mais de 50 anos com a tradição dos Santos Reis, que passa de geração em geração na sua família, do bairro Francisco Coelho, ajudando a manter viva na memória as expressões culturais populares da cidade.
“Para nós é uma grande satisfação. A Família Rocha está aqui apresentando os Santos Reis e é uma tradição que minha mãe deixou para gente e nós continuamos com esse lindo trabalho. A gente ficou muito feliz com o convite para participar desse grande evento. Nós vamos cantar músicas de Santos Reis e é a coisa mais linda que existe na nossa comunidade”, declara.
Em meio ao colorido das bandeiras e fitas dos chapéus dos participantes, os integrantes dos grupos se misturam e se reencontram, como relata Mirian Andrade, que faz parte do grupo Divino da Vila Espírito Santo, na zona rural de Marabá. Para ela, é um espaço de valorização.
“Esse momento está sendo maravilhoso onde a gente tem oportunidade de apresentar a nossa cultura, a nossa festividade, de reencontrar os 20 Divinos, as 20 bandeiras. É uma alegria muito grande. Só temos a agradecer por esse momento de nós estarmos valorizando mais a nossa tradição. Lembro bem da minha avó, aí minha avó passou para a minha mãe e agora eu com a minha irmã, a gente dá continuidade. E futuramente quando não der mais e Deus me chamar, é a minha filha”, observa.
Maria Lúcia Gomes Dias está há 34 anos à frente do grupo Divino Espírito Santo da Basilícia, que existe há 150 anos e surgiu em Minas Gerais. O grupo é ligado à Paróquia Nossa Senhora das Graças, no bairro Santa Rosa.
“A satisfação é muito grande, uma alegria imensa por hoje estarmos reunidos todos os grupos. É um encontro maravilhoso. Eu vejo assim, a família está conseguindo levar. Já tem netos, está chegando até bisnetos para ajudar”, afirma.
Na ocasião, todos os grupos receberam pen drives com as músicas entoadas, gravadas, em estúdio, pela Banda da Fundação Casa da Cultura, como forma de garantir o registro dos cantos.
A programação contou ainda com participação da população, que contemplou as apresentações nas arquibancadas montadas próximo ao palco em frente ao Museu Municipal.
A dona de casa Norma Lúcia Oliveira acompanhou o primeiro Giro Cultural e fez questão de participar do segundo. Ela conta que seu filho participa de um projeto da FCCM na escola.
“Desde o ano passado, eu acompanho o trabalho cultural. O Giro Cultural é muito importante para nós que temos nossas crianças. É muito importante participarmos junto com as nossas crianças. Está maravilhoso. Isso é muito importante, a tradição nesse tipo de trabalho, cultura, tem que crescer, que é para as nossas crianças verem a importância do que está acontecendo”, explana.
Quem também acompanhou a programação foi Geovanni Cabral, professor do curso de História da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa). Ele pontua a importância de atividades como o Giro Cultural.
“É uma assertiva tanto da Fundação quanto também da Prefeitura de Marabá, em potencializar as manifestações culturais que a cidade oferece tanto com o Divino, bandas, lendas e festividades relacionadas ao museu. Estão todos de parabéns. É muito bonito perceber o envolvimento da comunidade, o envolvimento das pessoas em manter essas reelaborações culturais por meio da Festa do Divino. O Giro Cultural é algo que deve permanecer, deve ser potencializado cada vez mais e atingir outras localidades aqui de Marabá. É fantástico”, comenta o professor.
Como anfitriã da programação, a diretora do Museu, Wania Gomes, celebra o momento especial com os grupos e a sociedade.
“É uma experiência única, maravilhosa, nessa manhã solar, que nós estamos vivendo. E receber todos os Divinos, os Santos Reis, essa manifestação cultural que enriquece nossa região. É muito importante para o nosso município. É de grande valia, enriquece muito”, frisa a diretora.
A abertura do 2º Giro Cultural terminou com o cortejo com os grupos de Divino, Santos Reis e a Banda da Fundação Casa da Cultura. O arrastão finalizou em frente à Escola José Mendonça Vergolino.
A programação continua no sábado e domingo, 29 e 30.
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Secom