Marabá 109 anos: Antônio Brito, 80 anos, participou da construção da cidade
Um mestre de obras que construiu uma parte de Marabá foi o senhor Antônio de Souza Brito, 80 anos, marabaense de nascimento, filho de pai e mãe migrantes do estado da Paraíba. Antônio nasceu em 24 de março de 1942 e aos 15 anos começou a trabalhar como ajudante de pedreiro.
“Me orgulho de ter participado da realização de várias obras pela cidade, e o estádio foi uma delas, era um sonho do prefeito Nagib Mutran”
Antônio Brito
Há 56 anos Antônio Brito casou-se com Raimunda Irene Carneiro Brito, que também o acompanhou em algumas obras pela cidade. Ao lado de sua esposa contou algumas de tantas histórias que viveu nos mais de 60 anos de profissão.
De tantas obras pelas quais foi responsável, ele fala com muito orgulho sobre a construção do estádio Municipal Zinho Oliveira. Ele conta que a construção de um estádio na cidade era um antigo sonho do então prefeito Nagib Mutran, avô do também ex-prefeito Nagib Mutran Neto.
“Nagib me chamou e falou que tinha esse sonho de ver um estádio em Marabá e me apresentou o projeto e começamos a colocá-lo em prática. Veio um engenheiro de Belém, porém eu e minha equipe fizemos toda a dimensão e também os cálculos. Na área do estádio, antes de começar a construção, havia famílias que estavam lá desabrigadas da enchente e a prefeitura removeu eles para a Cidade Nova, onde hoje é o SESI”, explica.
Seu Antônio lembra que no local do estádio alguém ergueu um muro, a equipe da prefeitura teve que demolir e demarcar os locais das fundações dos pilares. Também foi feita uma cava de um metro para retirar amostras de terra que foram encaminhadas para Belém para análises.
“Fizeram o teste e constou que era um material resistente e demos continuidade à montagem dos pilares, ligamentos das ferragens, as bancadas do estádio, cobertura com os parafusos bem grandes, treliças e todo o material tinha que vir de Belém”, lembra.
Antônio Brito lembra do engenheiro Flávio Marinho de Queirós. Emocionado disse que o engenheiro o ensinou praticamente tudo que sabia de construção. “O engenheiro era Flávio Marinho de Queirós, que passou tudo pra mim, era um homem muito bom e um ótimo engenheiro”. Os olhos se enchem de lágrimas ao falar do velho amigo e fica em silêncio por um instante.
Já recomposto da emoção, seu Antônio fala da grande festa que foi a inauguração do estádio no dia 15 de janeiro de 1974, na gestão do prefeito Pedro Marinho de Oliveira.
“No dia de inaugurar veio um time de Rondon do Pará, com um público de 1.500 pessoas e já estava batizado de Zinho Oliveira que era pai de dois jogadores. Inicialmente surgiu o nome de Raimundo Barata e eu mesmo fui contra, mas era muito amigo do Barata. Eu jogava também no time dele que era o Bangu e depois fui para o Clube Atlético Marabá”, lembra Antônio Brito.
Outras importantes obras foram realizadas por Antônio Brito como o cais da Avenida Deodoro de Mendonça, iniciada também na gestão de Nagib Mutran, quando cedeu uma parte do terreno.
“O cais também foi eu que fiz, o antigo cais onde hoje foi estendido com construção da Orla. E lá, era muito movimento de embarcações chegando e saindo cheios de castanha e um dia o barco me prendeu entre outro barco e perdi um pedaço da minha orelha”, lembra soltando um sorriso e mostrando a orelha.
Entre tantas outras obras importantes pelo município, das quais fez parte da construção, ele lembra da igreja de São Félix de Valois, praça de São Félix, ginásio de esportes Osorinho, Escola Jarbas Passarinho no bairro de São Félix, drenagem de muitas ruas da Marabá Pioneira, inclusive a Avenida Antônio Maia, onde havia muitas valas em sua extensão.
Antônio Brito foi chamado também para construir uma sede para a prefeitura de Marabá, que até então funcionava no Palacete Augusto Dias, juntamente com a Câmara de Vereadores. Seu Antônio construiu um prédio na Avenida Antônio Maia, onde hoje funciona a Casa do Professor, porém a prefeitura funcionou apenas alguns meses no local retornando para o Palacete novamente.
“Fiz a laje da antiga prefeitura onde funcionou também a Câmara, mas a prefeitura era para funcionar em um prédio que construí na Antônio Maia, onde hoje funciona a Casa do Professor. No local foi também o depósito de merenda e funcionou apenas seis meses como prefeitura, depois foi de novo para o Palacete Augusto Dias”, conta.
Durante a entrevista, muitas vezes interrompida devido a emoção recorrente quando seu Antônio lembrava dos amigos que fizeram parte de sua vida. A lembrança de muitos que já se foram, entre eles prefeitos com quem fez amizades duradouras, lembra de Samuel Monção, Nagib Mutran, Pedro Carneiro e Antônio Vilhena.
Seu Antônio Brito, literalmente ajudou a construir a cidade onde nasceu, casou e teve seus filhos. Hoje acompanha o crescimento de seus netos e também se emociona ao falar de cada um deles. São 80 anos de amor à Marabá.
Eu acompanhei o crescimento dessa cidade e hoje ela está muito grande. No meu tempo vivíamos apenas a Marabá Pioneira, São Félix e Amapá. Me sinto um homem realizado por ter contribuído para que esse crescimento acontecesse”, finaliza.
Texto: Victor Haôr
Fotos: Paulo Sérgio
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