Mab 110: Marabaenses que levam a cidade no coração e no nome
Javier e Marquinhos adotaram o nome da cidade na vida profissional e a
tornaram conhecida mundo afora
Um marabaense de 67 anos, cheio de estilo e que transpira cultura e arte, no falar, no agir, no fazer como ativista cultural. O professor de educação física Francisco Xavier Pereira dos Santos, filho de Marabá, nascido e criado na Rua Benjamin Constant, na Marabá Pioneira, é conhecido no mundo artístico como Javier di Mar-y-abá. Com uma grande bagagem, o cantor, compositor, poeta e ator disse que o pseudônimo de origem indígena nasceu de forma mística, por meio de ciganos que prometeram ajeitar o nome artístico a fim de canalizar energias positivas e coincidentemente, Javier de Mar-y-abá, surgiu com força, segundo o artista.
“Sentamos lá, conversamos, e aí mexeu pra cá, mexeu pra lá, pegou um papel, fez um mapa riscado. Parecia coisa de mandala. O significado seria de mar e gente. Depois eu gostei. Assinei um papel, ela assinou, dobrou, acendeu alguns incensos, botou lá no fogo, fez umas rezas. Quando eu saí de Ribeirão eu ganhei três festivais seguidos e ligeiro. Aliás, não sou de acreditar em coincidência, mas foi assim um começo bom. E aí ficou legal”, conta Javier.
Javier confessa que nunca pensou em utilizar o pseudônimo que lembrasse a cidade, e apesar de normalmente as pessoas pronunciarem erroneamente a expressão: Mar-y-abá, essa tem sido sua marca.
“Eu tenho um parceiro, o Dalvan Marabá, que já era Marabá e quando a gente saia pra temporada de festivais se inscrevia nos mesmos festivais. Às vezes cantava junto. Em alguns locais o pessoal dizia: agora o pessoal de Marabá. O pessoal do Norte, do Pará, sempre tinha nos festivais que a gente andou por esse Brasilzão de Deus “, explica.
Filho do canoeiro Domingo Passador, em suas canções, Javier revela que não fez músicas para homenagear a cidade, mas faz referências importantes do contexto da terra de nascimento, como as enchentes, o campinho granito, dentre outras situações. Javier também é professor e já publicou livros de poema e venceu diversos certames musicais pelo país.
“Nesses 110 anos, Marabá tem avanços e desavanços. Na questão organizacional, a cidade tem suas melhorias. Na questão cultural, as políticas têm suas restrições. Mas assim, é sempre bom mais um ano para agradecer, um ano de vida. Seja meu, seja da minha cidade. Marabá é uma cidade acolhedora. É uma cidade onde você ainda brinca com as pessoas, a velha guarda ainda tem seus pontos referência, como a Toca do Manduquinha. A gente só tem que desejar parabéns pra nossa cidade e que as coisas melhorem na vida das pessoas”, enfatiza o artista.
Marabá e o futebol pelo mundo
Concentrado, atento e exigente o professor da academia de futebol Marquinhos Marabá, Marcus Fabiani de Lima Silva, 44 anos, lida com mais de 230 crianças e adolescentes, entre 04 e 14 anos, que têm em comum o sonho de se tornarem jogadores profissionais, assim como ele foi. Em 16 anos de carreira, o ex-jogador fez história no Águia de Marabá e ao menos em outros onze times de futebol dentro e fora do país, a exemplo dos Emirados Árabes, Portugal e Malásia.
Marquinhos Marabá foi batizado com o nome da cidade em que nasceu nos gramados. Ele conta que foi o meio de diferenciá-lo de um dos colegas, ao disputar o campeonato Brasileiro da série B, em 2001.
“Após ter feito uma boa competição na Tuna Luso, eu fui para o Paraíba, para o Treze e lá tinha um outro Marquinhos, que também leva o nome da cidade Mossoró, Rio Grande do Norte. Então eram dois Marquinhos. Marquinhos Mossoró e Marquinhos Marabá e desde então todo o restante da minha carreira, esses dezesseis anos, fui conhecido como Marquinhos Marabá. Eu me sentia muito privilegiado por carregar o nome da nossa cidade. Procurei sempre representar muito bem. É muito profissional levando esse nome Marabá para o Brasil e mundo afora”, disse o jogador.
Mesmo aposentando as chuteiras, Marquinhos continua levando o nome da cidade por meio do futebol, embora seja à beira dos campos. É que a escolinha sempre participa de competições e eventos que atrai olheiros de todo o Brasil. Nos 110 anos de Marabá, ele só tem agradecimentos e felicitações para o município.
“Agora eu quero estar passando pra essas crianças e jovens tudo aquilo que eu tive oportunidade de aprender um dia, claro que também ensinando a disciplina, respeito, porque a nossa primeira missão aqui é transformar o homem pra sociedade. Em segundo, logicamente trabalhar o talento do garoto pra quem sabe surgirem daqui novos jogadores que possam levar o nome da nossa cidade para Brasil a fora e para o mundo. A gente fica feliz por ver a nossa cidade a cada ano evoluindo, crescendo, ficando cada vez mais bonita e aumentando o número de população em todos os sentidos. Eu amo Marabá, eu gosto muito daqui. Eu tive a oportunidade de morar em muitos lugares, mas eu não troco a minha cidade por nada. Então, Marabá mais uma vez tá de parabéns por esses cento e dez anos”, conclui.
Texto: Leydiane Silva
Fotos: Sara Lopes