Educação: Exemplo de superação desde o nascimento, Elisa Vitória coleciona medalhas em competições paralímpicas
No dia 28 de junho de 2010, Elisa Lopes Lima nascia no Hospital Materno Infantil (HMI) de Marabá. Com má formação congênita, ela nasceu sem os quatro membros e com poucas chances de vida. A batalha foi longa, mas após seis dias se alimentando na incubadora, a menina conquistou a primeira vitória. Sobreviveu e virou Elisa Vitória Lopes Lima. Hoje, a estudante e atleta tem 38 medalhas conquistadas em competições de natação paralímpica, onde representa Marabá.
“O Lopes foi o nome da barriga. O Vitória eu coloquei depois. Foram muitos dias na incubadora. Muita gente não acreditou que ela iria sobreviver. Foram muitos exames e luta”, comenta a mãe Eliane Lopes.
Aos 7 anos, Elisa Vitória deu os primeiros mergulhos. Na época, ela estudava na Escola Municipal Maria das Graças Ribeiro, no Bairro Bela Vista. “Foram fazer uma triagem lá e me chamaram para fazer parte do Projeto Marabá Paralímpico. Eu nadei um pouco pelo projeto, mas teve a pandemia, né?! Então parou tudo”, conta a garota.
Foram mais alguns anos de esforço e superação para começar a competir, segundo conta a professora de educação física e uma das treinadoras de Elisa, Luiza Crisóstomo. “A Elisa chegou ao Projeto Marabá Paralímpico e a frase que mais ela falava era ‘eu não consigo’. Aprendeu a nadar e o professor Ari passou a treiná-la para começar a competir. Hoje, Elisa é uma pessoa segura de si, focada nos seus objetivos e que nos enche de orgulho a cada nova conquista”, destaca Luiza.
Em 2022, aos 12 anos, Elisa foi convidada pelo seu professor e coordenador do projeto Marabá Paralímpico, Arionaldo Reis, para participar das primeiras competições. O caminho foi árduo e Ari, como é conhecido, garante que a atleta é cobrada para dar o melhor. “Temos objetivo e metas bem claras para ambas as partes, assim os resultados se tornam bem mais fáceis de alcançar. Elisa e toda a nossa equipe de paratletas são bem esclarecidos sobre seus objetivos”, destaca.
Além das medalhas, neste pouco mais de um ano, a estudante já viajou para disputar competições em São Paulo, Belém, Natal e Fortaleza. “Depois que eu aprendi a nadar, o professor me perguntou se eu queria competir. Comecei nas Paralimpíadas Escolares. Que foi o começo para outras competições maiores. Como o prêmio Edivaldo Prado o e o Meeting Paralímpico disputado essa semana em Fortaleza”, conta a atleta.
Somente neste último evento, disputado entre 3 a 5 de novembro, Elisa disputou sete provas. 50 metros peito, 50 metros crawl, 50 metros nado borboleta, 50 metros nado costas, 100 metros livres, 150 metros livres e 200 metros livres. Além disso, a atleta estabeleceu o recorde nos 50 metros peito. “Considero minha competição principal. Mas tenho buscado o tempo mais baixo possível em cada uma dessas provas, para conseguir a vaga para o nacional”, explica Elisa Vitória.
A menina treina três vezes por semana, junto com outras 82 crianças que participam do Projeto Marabá Paralímpico, criado em 2008, e que conta com parceria da Secretaria Municipal de Educação (Semed) desde 2015. A equipe do Marabá Paralímpico realiza triagens nas escolas. Geralmente, os professores do Atendimento Educacional Especializado são o elo entre o projeto e alunos que tenham o perfil para as modalidades.
“Nós buscamos desenvolver autonomia, autoestima e habilidades esportivas em geral. Quanto vemos uma criança com deficiência não nos atentamos ao que ela não pode fazer, mas sim nas infinitas possibilidades existentes para elas”, ressalta Luiza Crisóstomo.
Para Luiza, Elisa é um exemplo de sucesso. “Hoje fico muito feliz quando ela vai fazer alguma coisa e eu pergunto se quer ajuda e ela responde que não, que consegue fazer sozinha. Deixamos bem claro que um dos objetivos do projeto Marabá Paralímpico é tornar nossos alunos o mais independente possível. A Elisa treina pesado e é cobrada como qualquer outro atleta da idade dela. Acompanhá-la nas competições é gratificante e divertido. Ela tem um ótimo senso de humor”, completa a treinadora.
Orgulho
A mãe Eliane Lopes conta que a Elisa sempre foi uma menina dedicada e não consegue esconder o orgulho da filha. “Ela sempre foi uma menina que se dedicou em tudo que ela fez na vida e continua fazendo. Tanto na escola como em casa, no projeto, a Elisa sempre foi assim. Com a Elisa, eu aprendi a valorizar minha vida. A Elisa trouxe mudanças em mim. É um orgulho, é um orgulho muito grande de ver a cada dia ela se superando em tudo que ela faz”, emociona-se.
Na primeira viagem de Elisa, para disputar os jogos estudantis em Belém, a mãe foi junto. Até hoje foi a única vez que viajou para ver a filha competir. “No início foi difícil deixar ela viajar, porque eu não tinha o costume de sair de perto dela. Mas o pessoal do projeto me fez acreditar que a Elisa tinha um grande potencial. Na primeira viagem eu não tive coragem de deixar ela, acompanhei e foi a melhor experiência que eu tive, lá eu vi que na mão dos professores do projeto há responsabilidade e ela é bem cuidada. Não é só a Elisa, mas outras crianças que têm até mais especialidades”, acrescenta a mamãe coruja.
Mas não são só os professores e a família que se orgulham de Elisa. A história da garota que batalhou e venceu desde o nascimento enche de orgulho também o prefeito municipal Sebastião Miranda.
“É muito importante a história dela. Ela é sinônimo de superação. Ela é nossa campeã, com dezenas de medalhas, já está até acostumada. Mostrando que dá para fazer mais. Parabéns. Marabá deseja tudo de bom para com você. Representando Marabá com superação a nível nacional e mundial. Porque esse exemplo atinge qualquer um em qualquer lugar do mundo a Elise é uma campeã”, ressalta o gestor.
Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Jordão Nunes, Iasmim Amorim (estagiária com supervisão do Osvaldo Henriques) e arquivo pessoal