Meio Ambiente: Defesa da fauna protege toda forma de vida
Hoje, 22 de setembro, é comemorado o Dia Nacional da Defesa da Fauna. A data foi criada para reflexão quanto à importância da conservação da vida animal, mas também de toda a flora brasileira. O Brasil é o maior país da América Latina e também o lugar com a maior biodiversidade do mundo. Nesse ambiente de natureza abundante vivem mais de 116.000 espécies animais. Eles estão espalhados pelos seis biomas terrestres e nos três grandes ecossistemas marinhos. Mais de 1.170 espécies estão no mapa vermelho, em extinção. A luta pela conservação e preservação da fauna é uma constante no Brasil.
Em Marabá, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) é um dos órgãos que atua em defesa dos animais tanto de forma preventiva, a exemplo de palestras, quanto no combate a crimes ambientais relacionados à fauna, em atendimento a denúncias.
“As pessoas que criam animais silvestres em cativeiro sem permissão, sem autorização, são alvos das fiscalizações. Passíveis de serem denunciadas e a gente atua justamente nessa área. Dentro da possibilidade, fazemos o resgate. Aplicamos as sanções administrativas às pessoas flagradas mantendo animais fora do seu habitat natural. Após recolhermos o animal, sempre que possível, encaminhamos para a Fundação Zoobotânica que faz manutenção desse animal”, explica Dr. Leopoldo Moraes, médico veterinário com doutorado em Biologia dos Agentes Infecciosos Parasitários, da Universidade Federal do Pará.
De acordo com a Semma, dentre as principais denúncias estão os maus-tratos, alimentação inadequada e a manutenção do animal em local inadequado, como gaiolas. As espécies mais encontradas pelas equipes são as aves, mas também, primatas, quelônios, ofídios e diversos outros animais, a exemplo dos mamíferos. “A gente já conseguiu fazer o resgate de duas onças em parceria com a Fundação”, observa o médico veterinário. Assim, estão no roll de resgates, os macacos, cobras, jabutis, onças, dentre outros.
“As aves ocupam o topo, muito provavelmente pela beleza do canto e da penugem. É um animal, teoricamente, de fácil criação, manutenção e agrega pelo seu valor e pela beleza. Então as pessoas optam muito pelas aves” enfatiza Dr. Leopoldo.
Apenas este ano, a Prefeitura por meio da Semma, já resgatou 57 animais que estavam fora do seu habitat natural. Tanto animais capturados na natureza quanto aqueles encontrados em quintais ou à beira das pistas.
“Quando vamos atender a uma denúncia não é identificada qual é a espécie do animal e então quando chegamos ao local nos deparamos com uma espécie ameaçada de extinção, isso quebra toda uma cadeia, é prejudicial. Sem falar no próprio dano para o animal. Muitas vezes as pessoas criam sem experiência alguma, provocando danos à saúde daquele animal. Além do dano ambiental, existe ainda, o dano à saúde”, observa Dr. Leopoldo.
Criar animais silvestres sem autorização do Ibama é passível a penalização
O único órgão legal para legalizar a tutela de animais silvestres é o Ibama. Além disso, existem alguns criatórios que têm autorização prévia para reprodução e comercialização de animais silvestres. As pessoas flagradas fora da lei, estão passíveis a pagamento de multa, destaca Paulo Chaves, coordenador da Fiscalização na Semma.
“A multa inicia em quinhentos reais e vai até cinquenta milhões de reais. Isso vai desde maus-tratos ao abandono e até mesmo mutilação do animal ou simplesmente o fato de ter um animal silvestre criado em uma zona, perímetro urbano, lugar que não seja o natural dele. Isso também são maus-tratos porque ele não está num local adequado”, pontua.
Parceria entre Semma e Parque Zoobotânico
A Fundação Zoobotânica de Marabá (FZM), é uma organização não governamental (ONG), localizada às margens da BR-155, sentido parque industrial. O parque zoobotânico possui uma área de 20 alqueires, que atualmente abriga uma média de 230 animais, de 47 espécies, recebidos de órgãos ambientais para os cuidados necessários até retornarem à natureza. Vale ressaltar que alguns já não conseguem retornar para o seu habitat.
“O Parque Zoobotânico é o espaço mais apropriado para receber o animal silvestre. Então quando nós recebemos esses animais, encaminhamos para lá. A Fundação recebe recursos do Fundo do Meio Ambiente, o que possibilita este amparo. Lá é o local mais adequado em relação à alimentação, água, espaço que o animal precisa ter, árvores. Por exemplo, os macacos, que são recolhidos, ficam livres nas árvores, podem pular, ter um bem-estar. Se sentem verdadeiramente em casa”, argumenta Paulo Chaves, coordenador de fiscalização da Semma.
Ainda de acordo com o coordenador, antes de ir para a Fundação, os animais resgatados ou devolvidos na secretaria passam por alguns procedimentos.
“O parque Zoobotânico não recebe esses animais diretamente, todos eles passam primeiramente aqui na Semma, onde são atendidos pelo médico veterinário, passam por uma triagem, fazemos o controle, um termo de doação ao parque zoobotânico”, esclarece Paulo Chaves.
Kivia Reis, bióloga da FZM, explica que a ONG mantém-se através de doações provindas de parcerias com empresas privadas e pelo Fundo do Meio Ambiente. A ssim é possível cuidar da fauna existente na área.
“Geralmente são apreendidos ou encontrados na rua machucados. Dentre eles, nós temos onça-pintada, onça-parda, jaguatirica, gato-mourisco, gato maracajá, temos papagaio de diversas espécies, arara azul, arara vermelha, arara piranga, arara-canindé, temos guariba, temos antas, capivara, queixada, Gavião Real. Visto que a maioria veio de cativeiro, aqui esses animais conseguem ficar mais próximos dos seus habitats, anulando o contato com homens. Aqui eles são alimentados todos os dias, e alimentação é bem diversificada”, informa a bióloga.
As denúncias de maus tratos, criação ilegal, uso e manejo de animais silvestres, devem ser feitas por meio do Disque Denúncia pelo telefone (94) 3312-3350. O anonimato é garantido.
Mensagens dos ambientalistas em defesa da fauna
“ Hoje é um dia muito importante! A gente tem que se conscientizar que a natureza é um dos maiores bens que temos. Temos uma biodiversidade fantástica e gigante aqui no Brasil. Então eu acho que a gente tem que proteger não só a natureza, mas principalmente hoje, em especial, a fauna porque ela é muito rica. É muito preciosa, fonte até de muitos bioprodutos. E os tratamentos que a gente consegue retirar disso de forma consciente. Então eu acho que é papel de todo mundo proteger, tanto a fauna como principalmente a natureza. Entender que animal não é brinquedo, não é porque a gente o acha bonito que vai ter que levar pra casa. É preciso ter conhecimento de que é proibido, não é legal! E que ter um animal em casa requer muita responsabilidade, principalmente quando é o animal silvestre, que tem o hábito completamente diferente, quando comparado ao cão e ao gato, que já são animais domésticos. Tenha o entendimento de que não é simples manter e que às vezes o que você está tentando fazer, na verdade está provocando um sofrimento desnecessário naquele animal. As pessoas não entendem e acreditam que se a gente ver um animal na rua pode capturar. Se a pessoa fizer uma caça ilegal, acha que pode abater uma mãe e criar o filhote que não vai ter problema nenhum. As pessoas continuam perpetuando, infelizmente, esse tipo de comportamento”, explica Dr. Leopoldo Moraes, médico veterinário na Semma.
“Nesse dia nacional da defesa da fauna, nós ambientalistas entendemos a importância que os animais silvestres têm para a natureza e os riscos que eles correm sendo retirados da natureza, então a gente aconselha: não retirem os animais silvestres dos seus habitats naturais”, Kivia Reis, bióloga.
“Pedimos uma sensibilidade por parte da sociedade. Para que tenham realmente um trato mais especial com esses animais. Temos que saber diferenciar, ter sensibilidade para diferenciar o que é um animal silvestre, o que é um animal doméstico, ter um bom trato com esse animal e fazer o encaminhamento. Nós sabemos que Marabá está em expansão e vez ou outra nos deparamos com esse tipo de animal que aparece muito no perímetro urbano. Então se aparecer esses animais pelo caminho, entrar em contato com a SEMMA, Corpo de Bombeiro, que também realiza essa operação de resgate do animal, para que no fim das contas, ele possa ser direcionado a seu habitat natural e não estar vulnerável em um perímetro urbano, em uma zona urbana”, ressalta Paulo Chaves, coordenador de operação e fiscalização na Semma.
Visitas ao Parque Zoobotânico.
Para visitar o Parque Zoobotânico e conhecer um pouco da fauna brasileira, basta se dirigir ao local, às margens da BR-155, de quarta-feira a domingo, das 08h às 15 horas. O agendamento somente é necessário em caso de visitas para alunos de escolas ou realização de trilhas. Este agendamento pode ser feito pelo telefone: (94) 99295-0198. Para ajudar na manutenção do parque solicita-se a contribuição de R$ 3,00 para crianças até 10 anos, para as demais pessoas a taxa é de R$ 5,00.
Texto: Leydiane Silva
Fotos: Secom