Mês da mulher: “Se baixasse a guarda, não sobreviveria”, conta a Secretária de Educação
Ela já foi comparada à primeira ministra da Inglaterra, Margareth Thatcher, ao ser chamada de “Dama de Ferro”. O termo é, certamente, uma metáfora ao seu estilo firme de atuar e levar a sério as atividades que desempenha. Mas quem trabalha com Marilza Leite torna-se testemunha do seu bom humor que contagia o ambiente de trabalho.
Paranaense do município de Mandaguari, próximo a Maringá, Marilza Leite cursou o Magistério, formou-se em Letras pela UNOPAR e especializou-se em Gestão Escolar.
Numa época em que meninas cursavam magistério e casavam-se muito jovens, ela orgulha-se da sua geração que venceu barreiras, conquistou espaço no mercado de trabalho, “vestiu micro saia, assumiu a minissaia” e conciliou trabalho e afazeres domésticos sem perder a feminilidade. Nesse contexto, iniciou sua vida profissional aos 17 anos em Iporã-PR. Mãe de três filhos, avó de cinco netos, enfrentou todos os desafios que a vida lhe impôs ao longo dos anos, com firmeza, graça e de salto alto.
Mudou-se para Marabá em 1986 e iniciou suas atividades docentes nas escolas Duque de Caxias e Gaspar Viana. Trabalhou ainda como professora na Escola Nazaré Barbosa, foi diretora da Escola Anísio Teixeira, Rio Tocantins (CAIC) e Dr. Geraldo Mendes de Castro Veloso e foi secretária de Educação por um breve período no Governo do saudoso prefeito Geraldo Veloso, no início da década de 2000.
Drible na aposentadoria
Marilza Leite aposentou-se em 2008, tão logo seu primeiro neto nasceu e ficou afastada da educação até 2013, quando assumiu o departamento de Recursos Humanos da SEMED, e ali permaneceu até julho de 2015, afastando-se por uma série de razões pessoais.
Em 2017, a convite do prefeito Tião Miranda, assumiu a DILOG (Diretoria de Logística) da SEMED, desafio que não recusou. Permaneceu nesse cargo até fevereiro deste ano, quando novo convite lhe foi feito, agora para assumir o cargo de secretária de Educação.
2001 x 2019
Questionada sobre a diferença de ser secretária de Educação em seu primeiro desafio, no início da década de 2000 e agora, quase 20 anos depois, Marilza ressalta que, atualmente, a rede municipal de Educação é muito mais complexa. “Temos, pela frente, uma batalha pela excelência na qualidade de ensino. Somos uma cidade polo na região e precisamos ser referência na educação também”.
Ela avalia, ainda, que os desafios atuais da educação são imensos, e que velhas práticas não cabem nas escolas atuais, onde os alunos estão cada vez mais autônomos e conectados com novas tecnologias e mídias sociais. “Isso requer uma escola que tenha um perfil contemporâneo e ajude o aluno a vencer os desafios que a sociedade impõe”, pondera.
Marilza considera que a responsabilidade em administrar uma secretaria composta por 4.500 professores e 56.200 alunos distribuídos em 197 escolas, só é amenizada por ter ao seu lado uma competente equipe, constituída ainda pelo seu antecessor e amigo Dr. Luciano Dias.
Toque feminino
Para Marilza Leite, o fato de a maioria dos educadores serem do sexo feminino é um privilégio. “Precisamos do contraponto feminino, subjetividade e objetividade devem caminhar juntas, elas se complementam. O reconhecimento do valor da mulher é escrito no dia a dia, no enfrentamento das barreiras e adversidades”, diz.
A atual secretária de Educação conta que veio de uma família masculina. “Talvez tenha me tornado essa pessoa com aparência autoritária, porque se baixasse a guarda, não sobreviveria (risos)”.
Marilza reconhece que na sua trajetória como educadora, cada aluno, cada servidor e cada colega de trabalho contribuem para que ela alcançasse êxito nas missões que lhe foram atribuídas.
O espírito atual, mais sereno e centrado, atribuí aos 43 anos de convivência com Gilberto Leite, seu maior incentivador, companheiro e amigo de 1971 a 2014. “O sucesso de um projeto depende do empenho, determinação e compromisso de cada membro da equipe, é assim que me sinto, parte de uma equipe valorosa. Agradeço a oportunidade e espero corresponder à confiança em mim depositada”.
Texto e foto: Ulisses Pompeu