Mês da mulher: “Vamos vencendo com o tempo e amor à profissão”, diz arquiteta da Sevop
A belenense Ana Betânia Silva Moreira, filha adotada de Marabá, aos 43 anos, é o atual destaque feminino na Sevop (Secretaria de Viação e Obras Públicas). Arquiteta por formação, ela tem um currículo de qualidade, pós-graduada em Engenharia de Segurança, Perícia da Engenharia e mestrado em Engenharia dos Materiais e ainda com mais de 15 anos de experiência na área de obras, engenharia, construção civil e pavimentação. Na Sevop, atualmente, Betânia atua na parte de gestão de contratos, onde o ambiente é predominante masculino.
A arquiteta Betânia é a responsável pelo controle dos contratos na Sevop, desde o início, meio e fim, confecção de contrato, análise técnica dos serviços de contratos, andamento até a entrega de obras. Centrada, discreta e mui dedicada nos seus afazeres, Betânia não fica tranquila enquanto não consegue resolver alguma coisa, perfeccionista (um traço da formação básica), ela conta que as mulheres ainda possuem dificuldades para se fixar no mercado da construção civil e, por conseguinte, ter credibilidade dentro dessa área.
“A gente encontra muitos obstáculos na liderança, muito preconceito, então para nós nos firmarmos nessa área é um pouco complicado, porque sempre tem a dúvida: será que ela vai conseguir? Será que ela vai dá conta de lidar com 30 ou 40 serventes, pedreiros e carpinteiros, e todos nesse ramo são predominantemente do sexo masculino”, lembrou ela, acrescentando que o tempo é o melhor remédio para mostrar o trabalho, agregando valor à equipe e concretizando o objetivo final que se trata da entrega definitiva da obra com qualidade, funcionalidade, de maneira que atenda melhor a cidade de Marabá.
Ainda em relação à inserção da mulher no mercado da construção civil, Betânia observou que nos últimos seis anos, Marabá tem adotado mais a mão de obra feminina nas questões do acabamento: pintura, assentamento de lajotas, pequenos detalhes de arremate no gesso, além de cuidado com as esquadrias [janelas, portas ou portões, venezianas e aberturas similares]. “Adota-se mais a mão de obra feminina para esses detalhes, o serviço mais bruto ainda é predominante masculino por questões de força física. Assim como a mulher tem a característica de ser mais detalhista e pode ser mais aproveitada nesse serviço, o homem com suas características pode ser melhor aproveitado em outros”, assegurou ela.
Dupla jornada
Quanto aos afazeres da dupla jornada que praticamente toda mulher se depara em seu cotidiano, a arquiteta afirma que quando o esposo é da mesma área se torna melhor, por entender a dinâmica de quem trabalha na construção civil.
“É uma área muito complicada, pois tanto o engenheiro como arquiteto precisam viajar muito, seja para valor de conhecimento, porque fora do Pará é mais fácil, a nossa região ainda é carente em pós e conhecimento de maneira geral. Quer seja também pelo fato das obras não serem fixas, as vezes é preciso viajar, é, portanto, uma profissão itinerante. Essas coisas vamos vencendo com o tempo e amor à profissão, só fica quem gosta”, opinou ela.
Mãe de Fábio Augusto, de 14 anos, Betânia é uma boa referência para o filho. Não diferente dos pais, ele pretende seguir carreira no ramo da construção civil.
Texto: Emily Coelho
Foto: Paulo Sérgio