“Músicas transformam vidas”: Alunos da Escola Família Agrícola participam do “Música em todo o canto”
Já vemos transformações, os alunos começam a pensar mais, a ler melhor, conseguiram melhorar também em outros componentes curriculares, como português e matemática. Porque eles precisam ler as partituras, têm de ter essas habilidades adquiridas”, Ederaldo Luz, coordenador pedagógico da EFA.
O violão tem transformado a vida de 93 alunos da Escola Agrícola Familiar de Marabá (EFA) Professor “Jean Hébette”, localizada 23 quilômetros da zona urbana da cidade, por meio da Fundação da Casa da Cultura (FCCM). A extensão foi implantada em novembro passado (2021), em parceria com a Secretaria Municipal de Educação (Semed) que doou os violões. Desde então, todos os estudantes da EFA têm acesso ao ensino da música como componente curricular. Um ganho para os alunos do 6º ao 9º ano que estudam no sistema de internato, onde é desenvolvida a pedagogia da alternância, dividindo o tempo entre escola e comunidade, a cada 15 dias.
Jailton da Silva, 14 anos, é um dos alunos da EFA que se apaixonou pela música, assim que entrou em contato com as aulas. “O projeto significa muito pra mim. A partir do momento que comecei as aulas desenvolvi outras matérias também. Eu não me interessava por música, mas quando comecei as aulas, gostei. Cada dia aprendo mais. Lá em casa eu treino e quero continuar”, revela o adolescente.
Aos 17 anos, Ana Cristina Oliveira, diz que encontrou nas aulas de violão a motivação para a vida. “Aqui eu me descobri, a música representa uma calmaria pra mim. Ao tocar violão, eu fui participando mais das aulas de todas as outras disciplinas. Fui me identificando cada vez mais com a música e quando eu estava triste, sozinha, pegava o violão e começava a cantar, até fiz um poema. Me ajudou em algumas dificuldades que eu tinha, a ter mais liberdade, me expressar e ter um entendimento melhor. Foi transformador, uma nova categoria na minha vida”, pontua a jovem.
As mudanças refletiram na escola e em casa. Jaqueline dos Santos, irmã da Ana, percebeu diferenças positivas no comportamento da adolescente. “Depois que ela começou a tocar, ficou mais disciplinada. Encontrou uma nova motivação. Ela já tem planos. Ouve uma música e já diz que vai aprender. Tá participando das coisas da igreja, são coisas que antes ela não se interessava. Muito importante o projeto é um presente de Deus”, comenta.
Na extensão da EFA, as aulas acontecem às segundas e quartas-feiras. O projeto é conduzido pelo professor Bruno César Nunes, egresso de uma escola agrícola, que conhece bem o ambiente onde leciona aulas de violão. Para ele, o ensino por lá tem um sabor especial.
“Quando saí do conservatório comecei a trilhar o caminho da música e passei no seletivo da fundação. A presidente da fundação é muito proativa, atendeu de imediato a solicitação da escola, a gestão da escola também, os alunos e eu abracei o projeto. Temos colhido bons frutos, pra minha surpresa me deparei com alunos com aptidão fora do normal. Tem sido gratificante”, ressalta.
O coordenador pedagógico da EFA, Ederaldo Luz, explica que a parceria começou a partir da iniciativa da escola em buscar o projeto. A proposta era que alguns dos alunos pudessem frequentar a fundação em Marabá, mas foram presenteados com a disponibilidade de um professor na EFA e ainda beneficiando a todos os alunos.
“Como os alunos praticamente moram aqui na escola, surgiu a necessidade de ter outras atividades práticas e teóricas. É um ganho para a nossa escola essa parceria. Os alunos, no início, ficaram resistentes em participar das aulas, mas, em contato com o professor, perceberam que o profissional sabe conduzir e houve transformações. Já vemos transformações, os alunos começam a pensar mais, a ler melhor, conseguiram melhorar também em outros componentes curriculares, como português e matemática. Porque eles precisam ler as partituras, têm de ter essas habilidades adquiridas”, destaca.
Texto: Leydiane Silva
Fotos: Aline Nascimento