Educação: Com setores clínico e pedagógico, Naetea atende mais de 100 crianças autistas da rede municipal de ensino
Ami Rodrigues é mãe da pequena Valentina, de 6 anos, que está no espectro autista. Na creche onde Valentina estudava, a mãe foi orientada pelos professores a procurar o Núcleo de Atendimento Especializado para Alunos do Espectro Autista (Naetea), que atende atualmente 100 crianças e adolescentes entre 3 e 14 anos.
O Naetea fica localizado na Marabá Pioneira, próximo à Unidade Básica de Saúde João Batista Bezerra. Criado em 2022, o núcleo tem como objetivo auxiliar no desenvolvimento de crianças autistas atendidas pela rede de ensino municipal, por meio do atendimento educacional especializado de suporte.
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Atualmente, Valentina estuda na Escola Mirian Moreira dos Reis, na Folha 7, e vai ao Naetea três vezes por semana. Para Ami, é perceptível os bons resultados que o acompanhamento pelo núcleo tem proporcionado a filha.
“A gente começou com a parte só pedagógica e esse ano ela começou com a parte médica. Trabalhamos todo mundo junto e temos visto uma melhoria significativa gigantesca. Ela está fazendo uma avaliação neuropsicológica. Quando mais cedo a gente começa, mais a gente vê esse desenvolvimento, que a gente tanto espera. Para mim, é muito gratificante ter esse núcleo, esse acolhimento, trabalhar em conjunto. Para mim, como mãe, é motivo de comemorar ter ela sendo bem assistida”, afirma.
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A coordenadora de Educação Especial da Secretaria Municipal de Educação de Marabá (Semed), Thais Martins, explica que o Naetea funciona com o atendimento educacional especializado “que faz intervenções apropriadas para que o aluno, lá no ensino comum, consiga potencializar o ensino e aprendizagem. Os professores e profissionais de dentro da escola recebem as orientações e intervenções que os profissionais do Naetea fazem de acordo com a especificidade que esse aluno apresenta”.
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Essas orientações acontecem uma vez por semana, sempre atendendo as escolas que possuem alunos assistidos pelo núcleo. Já a formação do corpo de funcionários do próprio núcleo acontece a cada dois meses.
Os níveis do autismo são avaliados a partir do nível de suporte necessário para cada caso. Sendo assim: o nível 1 é o leve; nível 2, moderado; e nível 3, severo. Os alunos atendidos pelo Naetea são dos níveis de suporte 2 e 3. Cerca de 200 alunos do nível 1 são atendidos pelas salas de recursos das escolas da rede municipal e acompanhados por professor especializado.
O núcleo é dividido em espaços pedagógicos e espaços clínicos. Na parte pedagógica, há a sala de estimulação precoce, sala de psicomotricidade, sala de robótica e informática e as salas TEA I (crianças de 3 a 6 anos) e II (de 6 a 14 anos).
“Por exemplo, na sala de psicomotricidade, nós temos o profissional especialista que trabalha a área motora com as crianças. Ele tem o trabalho de estimular essa parte. Na sala de estimulação precoce, há um trabalho diferenciado. Trabalhamos com as atividades de vida diária para ensinar a criança o básico: se vestir, tirar o sapato, trocar uma roupa e outras coisas”, explana Daianne Melo, coordenadora pedagógica do Naetea.
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Nas salas do TEA I e II, trabalha-se a aprendizagem das crianças, compreendendo o nível de alfabetização. Na sala de robótica e informática são desenvolvidas atividades para explorar essas habilidades com as crianças atendidas. Além disso, há os espaços de arteterapia e musicoterapia.
Já o setor clínico conta com terapeuta ocupacional, fonoaudiologia, psicólogo e enfermeiro.
Quando a criança é encaminhada para o Naetea, é elaborado o Plano Educacional Individualizado do aluno com todas as atividades pensadas, levando em consideração as características, especificidades e nível de suporte.
“O Naetea oferece hoje um serviço essencial para a vida dessas crianças e adolescentes. Uma forma de garantir os princípios fundamentais da constituição, que é a dignidade da pessoa humana”, pontua Lúcia Rodrigues, coordenadora administrativa do Naetea.
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Para ser atendido pelo núcleo, a criança passa inicialmente por uma triagem junto à escola. A partir daí, caso constatada a necessidade de atendimento, é necessário que o responsável tenha um laudo emitido por neuropediatra. A criança passa, então, por avaliação junto ao núcleo. Se preencher os requisitos e houver vagas, a assistente social entra em contato.
O professor Iran Warllen Carvalho é pedagogo com especialização em educação especial e alfabetização. O profissional é responsável pela musicoterapia e explica que a atividade é importante para o desenvolvimento das habilidades cognitivas das crianças, assim como do vocabulário, por exemplo.
“Com alguns, eu trabalho essa parte de aceitar o som, conviver com o barulho. Outros não. Temos alunos aqui que tocam, que já trilham pelo caminho de aprender mais sobre a música. Trago atividades com canções, ciranda, roda, canto infantil, trazendo para a educação”, informa.
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As crianças e adolescentes participam das atividades do Naetea sempre no contraturno da escola, das 8h às 12h e das 14h às 18h, de segunda a sexta-feira, sempre com um lanche servido no intervalo.
Para a coordenadora pedagógica Daianne Melo, o Naetea é imprescindível pela função social junto ao município.
“Esse espaço aqui é de extrema importância para as famílias e para as crianças porque a gente sabe que a criança com autismo, quanto mais cedo ela receber os estímulos, quanto mais cedo ela começar as intervenções, essa criança pode ter uma vida melhor lá na frente. É um espaço muito necessário. Garantir qualidade de vida”, reitera.
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Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Karoline Bezerra